Tiago
- Mãe entende por favor, eu preciso mesmo de encontrar a Alexandra - sabia que a minha mãe, não iria entender as razões da minha ida ao norte, mas também já pouco ou nada me faria mudar de ideias.
- Mas filho ouve-me, achas que vale a pena colocares a tua carreira em risco? não seria mais fácil esperar que ela voltasse? - perguntou a minha mãe, profundamente desapontada com a minha decisão.
- Também te amo muito mãe, assim que chegar lá eu ligo. Beijo - disse-lhe desligando a chamada de imediato. Assim era mais fácil, até porque já sabia que a opinião dela jamais mudaria.
Eu amo aquela rapariga desde o primeiro minuto que a vi naquele concerto, como poderei esquecer o primeiro olhar que trocamos, o seu tímido "posso tirar uma foto contigo?", o sorriso dela, os olhos dela, tudo faz o meu coração bater num compasso descompassado, tudo nela é a música, a dança, a letra e o ritmo que falta na minha vida. Ela entende-me desde o primeiro dia, nunca fez muitas exigências, sempre aceitou as minhas ausências, aturou os meus telefonemas de madrugada a contar sobre este ou aquele concerto e eu, bem eu sou um estúpido que vai meter-se a caminho do Norte e a rezar para não ser tarde de mais.
Abri a porta do carro para entrar, sabia que tinha uma longa viagem pela frente, senti algo estranho a percorrer-me o corpo. Talvez pudesse ser medo, talvez apenas a insegurança de não saber se aquilo daria certo. O meu coração estava a bater tão forte, que receava que fosse parar a qualquer momento ou até mesmo sentir-me mal, precisava arranjar uma maneira de me acalmar.
Decidi ligar para o Gonçalo, se calhar ele ainda estaria a dormir, contudo não custava tentar.
-Maluco como estás? - é, o meu amigo estava definitavemente acordado e de bom humor, sem dúvida um ponto a meu favor, iria-me distrair.
- Estou bem faz nenhum e tu? - respondi-lhe também muito divertido.
- Estou bem rapaz! Então ouvi dizer que raptaste a minha mulher? - este Gonçalo tinha mudado muito desde que conhecera Rita, e isso tinha sido algo que até me deixava feliz pelo meu amigo. Precisava de uma pessoa que o soubesse pôr nos eixos e nisso a namorada dele era Mestra.
- Ouviste bem rapaz! Tens andado a limpar os ouvidinhos mano - já me sentia mais descontraido e pronto para enfrentar toda aquela aventura.
- Sempre vais ter com a Alexandra? - tocou na ferida e claro que a namorada já lhe tinha contado tudo. Era normal e eu entendia.
- Vou mano e liguei-te precisamente para me desejares boa sorte - esta chamada já tinha valido a pena, estava mais disposto a enfrentar tudo o que pudesse surgir daqui para a frente.
- Boa sorte macaco. Abraço
- Obrigada palhaço. Abraço para ti e beijo para a Rita - disse-lhe antes de desligar a chamada.
"Agora sim Tiago é a tua vez" pensei para mim antes de pôr o carro a trabalhar. Ouvi o meu telemóvel tocar, olhei no visor e era uma mensagem da Rita: "Cuida bem dela/Você não vai conhecer alguém melhor que ela/Promete pra mim/O que você jurar pra ela, você vai cumprir" sorri ao ler e reler a mensagem, nem podia a Rita imaginar, o quanto eu queria cuidar da Alexandra, aliás tudo o que eu mais queria e precisava era exatamente disso, por isso mesmo, estava a preparar-me para a encontrar.
Alexandra
Sinto-me bem aqui, afinal a minha mãe tinha razão, estes dias no cruzeiro iriam ser revitalizantes e sem dúvida alguma que estavam a ser, tirando a chamada da Rita que me deixou um pouco preocupada e a pensar nele. mas não iria deixar-me afetar. Certo que penso nele todos os dias, quero saber como está, imagino o que esteja a fazer ou com quem possa estar, contudo prometi para mim mesma aproveitar esta viagem e tudo aquilo que ela tem para oferecer. Daqui a umas horas, iriamos parar na Régua onde teriamos algum tempo para conhecer melhor o local, nunca sítios assim tão remotos me tinham parecido tão atrativos.

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Um do outro
Roman d'amourO orgulho não faz parte do amor. O amor não faz parte do orgulho. All rights reserved @ 2014 Marisa VilaÇa - PLÁGIO É CRIME -