único: não foi apenas um romance de verão.

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As luzes da cidade que iluminavam os arranha-céus naquela noite refletiam pontos dourados sobre minha pele, mesclados aos círculos em neon do globo de discoteca que giravam e giravam, contornando as paredes e colorindo minhas meias 7/8

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As luzes da cidade que iluminavam os arranha-céus naquela noite refletiam pontos dourados sobre minha pele, mesclados aos círculos em neon do globo de discoteca que giravam e giravam, contornando as paredes e colorindo minhas meias 7/8. Minha atenção estava na tela do celular, relendo algumas mensagens antigas enquanto a cerveja intacta esquentava na minha outra mão. Eu não conhecia a maioria das músicas que tocavam, nem estava disposta a dançar ainda que calçasse um par velho de all-stars. A noite estava bonita, e a enorme janela ao lado do sofá que encontrava-me desajeitadamente sentada contribuía para que todas aquelas cores urbanas se misturassem com a formosura da lua crescente que sorria ao lado de algumas milhões estrelas.

Ao meu lado, duas amigas da faculdade se divertiam conversando alto e bebendo algum tipo de drink alcoólico cor de rosa. E, por um momento, aquelas mensagens de semanas atrás pareceram mais interessantes do que estar em sintonia com o humor de uma festa barulhenta de república. Eu tentava deixar o caos que os meses anteriores deixaram em minha mente, mas não conseguia simplesmente ignorar o que havia acontecido no último verão. Não quando tudo ainda estava tão fresco na memória, não quando ele estava tão nítido em todos os flashes daquela viagem que rebobinavam como uma fita antiga toda vez que me deixava levar pelos pensamentos.

E era impossível sustentar a ideia de tentar ignorar sua presença naquela sala, a apenas alguns passos de mim. Os mesmos olhos amendoados e os mesmos sorrisos largos, uma jaqueta jeans maneira e um cabelo ligeiramente maior desde a última vez que nos vimos. A tatuagem no dorso da mão direita e os mesmos anéis prateados nos dedos. Era ele, o mesmo Jeon Jeongguk que encontrara a meses atrás no caminho para a Califórnia em uma viagem de férias de verão com alguns amigos que, por coincidência ou sina, também o conheciam.

Imaginar que um encontro casual se transformaria em um romance praiano não estava nos meus planos e, menos ainda, que aquele sentimento se nutriria por tanto tempo nas cavidades do meu coração. Pelo espelho manchado que havia colocado entre mim e todas as lembranças, previa enxergar somente as lacunas livres, mas o que refletia ainda era aquele sentimento nu e cru. E a verdade era que eu tinha medo, medo de senti-lo, medo de passar a crer em algo que poderia não ser recíproco.

Agora, nos olhando como se não nos conhecêssemos, parecia que nada daquilo tudo havia acontecido. Mas eu sabia que era real, e sabia que ele lembrava. Dos momentos em Santa Mônica, da maçã do amor que dividimos pela noite que passamos no píer, dos beijos trocados, dos amassos intensos no banco de trás de um carro alugado para um breve passeio, dos sorrisos que devolvíamos um ao outro antes de nos entregarmos ao sono.

Foi intenso, foi real, e ele sabia disso.

E eu sabia que a ideia inicial não era se envolver demais, mas ainda há quem diga que não mandamos nos sentimentos. Eu passei da linha, pulei o limite, e me apaixonei por ele. Era aterrorizante escutar aquela afirmação até mesmo em pensamento. Ainda era covardia para meu coração reviver todos os nossos momentos juntos, todas aquelas coisas bonitas que dissemos um para o outro ainda estavam frescas na minha memória. Me lembrava do calor de seu corpo, do gosto do beijo, da maciez de seu toque. Das vezes em que passei observando nossas mãos juntas, andando pela areia da praia com os pés sobre os seus, ou de quando minha paisagem favorita era vê-lo sair do mar com o crepúsculo despontando no horizonte.

completos estranhos ♥︎ JKOnde histórias criam vida. Descubra agora