Nevoeiro

55 7 7
                                    

Liza Haugen

Estávamos enfrente a lareira que queimava em brasas, ainda digerindo tudo o que havíamos passado. Minha maior vontade agora era sair daqui e correr para o mais longe possível.

Correr para o consolo de minha mãe.

Tudo teria sido fácil se eu não tivesse entrado naquele maldito trem. Queria poder voltar no tempo e me impedir de fazer essa burrice.

Balanço a cabeça e jogo os pensamentos depressivos para o fundo da mente, para focar no que realmente importa. A demora de Oliver.

Já fazia longos minutos que estávamos sentados no chão empoeirado, a espera do mesmo. Mas até agora, nada. Minha maior preocupação no momento é com sua segurança, pois sei que tudo é imprevisível em SeteAlém.

Eu esfregava as mãos nos joelhos de forma nervosa, mas suspiro de alívio assim que vejo um ofegante Oliver cruzar pela grande porta. Ele se apoia nos joelhos e puxa o ar com força, a procura de oxigênio.

— O que aconteceu? Por que demorou tanto?! — Milly o atropela com as perguntas.

— T-Temos que sair daqui!

— Por quê? — Patrick se aproxima do amigo e lhe oferece uma garrafa d'água, que aceita de prontidão.

— James irá nos encontrar na cidade vizinha, não podemos perder tempo! — Oliver estranhamente de tremia enquanto pegava as coisas. Eu nunca o vi assim.

— Tenha calma Oliver! — Milly irritou-se — O que ele te disse?

Oliver ficou estático, ainda de costas para nós, balbuciando coisas incompreensível.

— Fala direito, caralho! — era possível ver claramente o fogo da fúria nos olhos de Milly.

— James disse que um dos alvos escapou... e avisou sobre nós ao carniceiro...

E então o silêncio reinou.

Lembro-me de ter ouvido esse nome antes, a minutos atrás...

“... se esconder todos devem, pois o carniceiro está chegando...”

Ele estava tentando me avisar sobre a chegada dele? E afinal, quem é o carniceiro?

— O que isso quer dizer? — franzi as sobrancelhas em dúvida.

— Que agora estamos sendo caçados. Eles não permitem a existência de humanos por aqui, quando nos pegarem... — respondeu Oliver

Nesse momento meus pelos se ergueram e uma péssima sensação fez meu sangue gelar

— Eles são em quantos? O que farão conosco? — não pude segurar meu desespero.

Patrick soltou tudo o que tinha em mãos e se sentou em uma cadeira próxima, massageando as têmporas.

— Liza, eu entendo que você tenha muitas perguntas, mas tudo o que eu posso te dizer agora é que eles são vários, e o líder deles é o carniceiro. A pior coisa que você poderá ter o desprazer de conhecer!

Mesmo com medo aceno positivamente com a cabeça. Ajudo os outros a recolherem as coisas e corremos para a saída da biblioteca.

Assim que chego às rua me deparo com o céu totalmente acinzentado. O vento forte balançava meus cabelos e o tempo começa a esfriar gradativamente. Ao longe, percebemos que uma densa neblina se aproximava, então mais que depressa nós seguimos Oliver rumo a saída da cidade.

Nós sabíamos que aquilo não era um simples nevoeiro. Algo nos dizia que havia algo com ele.

Corríamos incansavelmente. Passamos por diversas construção inacabadas que faziam barulho de máquinas funcionando a todo vapor, as lojas estavam todas escancaradas e as cortinas das residências se mexia para os lados, como se tivesse alguém nos espiando por entre as mesmas. Era como se a cidade inteira estivesse em puro movimento, mas não se via uma alma viva.

SeteAlémOnde histórias criam vida. Descubra agora