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"(...) live a life you will remember (...)"

Eles realmente deixaram para o dia seguinte. Todos dormiram tarde, mas Roberta acordou os filhos rotineira e obrigatoriamente às 5h30 para que fossem para a escola. Felipe ficou com o pai para limpar o milharal, mas depararam-se com a área fechada com fitas de "MANTENHA DISTÂNCIA" e até mesmo algumas barreiras de madeira cobriam áreas do local.

- Não acredito! É minha propriedade! - Vociferou o mais velho, fincando a pá e o facão no chão.

- É assim mesmo que eles agem, pai. Só espero que não demore e que não apareçam na nossa porta.

Luciano respirou fundo, limpando o suor da testa com o antebraço. Olhou o céu com poucas nuvens, contrariando as previsões para aquele dia. Era para estar quase chovendo, o período era justamente para isso.

- Filho, vá ajudar sua mãe. Não temos o que fazer aqui por agora. Vou olhar os animais. - Disse o homem, dando a volta.

Felipe voltou para a casa e encontrou a mãe na companhia de Lua na cozinha. A mulher mais nova assistia com atenção as instruções de Roberta que, empenhada, preparava o almoço. Olhando de longe, a hóspede parecia uma criança encantada com algum filme infantil ou doce. Roberta mostrava como eram os procedimentos e Lua analisava passo a passo, Felipe tinha certeza de que se ela tivesse uma caderneta, tomaria nota de cada palavra dita pela mãe. O rapaz passou no meio da sala e falou para que elas o ouvissem da cozinha.

- Vocês parecem estar se divertindo.

- Filho! Não te vi entrar!

- Esse é o Felipe? - Lua perguntou. Ele notou que ela usava um vestido da mãe; este serviu muito bem, pensou, já que ambas eram altas, Roberta ganhando por alguns centímetros com seu 1,80 de altura.

- Sim. Esse é o meu mais velho. - Confirmou Roberta. Felipe olhou desconfiado. - Lua estava me contando algumas histórias sobre a vida dela e eu contei um pouco da minha.

- Ah, é? - Felipe riu, sem graça. Ele duvidava que Lua tivesse dito qualquer coisa que beirava o mínimo de normalidade, mas deixou-se levar pelo que diziam. - E o que temos de interessante a ser compartilhado?

- Você não acreditaria, vejo nos seus olhos. - Lua se prontificou a dizer, não demonstrando estar ofendida ou qualquer coisa do gênero, ao contrário, tinha a expressão serena.

Felipe deu de ombros e dirigiu-se até o quarto, deixando as mulheres a sós. Pelo visto, sua mãe não precisava de ajuda, então não havia razão para acatar o que disse seu pai.

Almoço quase pronto, Lua ajeitava a mesa de acordo com as instruções dadas por Roberta.

- Seis pratos, normalmente colher para Carlos, mas o estão acostumando a usar garfo e faca. Copos, mas para depois das refeições. - Dizia a mulher de cabelos brancos, repassando tudo. Roberta a observava, rindo, assentindo a cada frase dita pela outra. - Luciano é canhoto, então o garfo fica desse lado. - Concluía, observando as coisas que, para Roberta, eram simples, mas Lua encarava com seriedade e parecia ter tido dificuldade de memorizar.

Júlia entrou de repente, o irmão caçula, Carlos, logo atrás. O menor olhou Lua e correu para o quarto sem dizer uma palavras, Júlia olhou a mãe e a hóspede com a breve expressão que dizia "não sei de nada" enquanto deixava a mochila sobre o sofá e se aproximava.

- Oi, mamãe. Oi, Lua. O que vamos almoçar hoje?

- Carne de panela com legumes e verduras. E o de sempre, arroz, feijão, salada...

- Ah! Eu amo carne de panela! Se Carlos e Felipe não vierem logo vou comer tudo sozinha! - Dizia a garota.

- Tem pra todo mundo, Ju. - Roberta disse. - Vá chamar seus irmãos. Está quase pronto.

Conhece a Lua?Where stories live. Discover now