Carlos dormiu bem naquela noite, sonhou com heróis e acordou com Júlia falando que estavam atrasados. Ao passar pela sala viu Lua junto de Roberta e Luciano, ajudando no café da manhã; ela parecia da família, mais habituada, e tal imagem agradou o garoto. Distraído no corredor, foi puxado por Felipe para o banho.
Lua demonstrava habilidade na culinária, Roberta foi ajudar o marido enquanto isso, colocando a mesa. A rotina seguia a mesma, independente de haver visita na residência; pelo contrário, estranhamente sentiam como se Lua era mais uma parente frequente e muito próxima mesmo com o pouquíssimo tempo ali. Talvez como uma prima que estivesse tirando férias com eles.
Alguns poucos minutos depois, todos encontravam-se à mesa para o café da manhã. A filha do casal foi quem notou que Lua estava um pouco mais corada e com o rosto mais vivo, mas manteve qualquer possível comentário para si. Comeram todos juntos e em silêncio, sem relutância da parte de Carlos, que inclusive saboreou uma maçã e separou uma banana para comer no caminho até a escola. Os irmãos do menor não souberam reagir àquilo.
O dia pacato começou e pacato seguiu, cada qual em suas tarefas, por assim dizer, agora divididas com a presença de Lua, que sempre fazia tudo que lhe era pedido com um rosto sereno e ainda assim disposta. O sol ainda estava queimando forte, Luciano caminhava de um lado a outro com suas ferramentas enquanto Roberta tratava dos animais. O trio disperso mantinha a ordem no terreno, cobertos de suor, poeira e até mesmo feno; principalmente no caso de Lua e Roberta.
Chegando pela porteira principal, uma viatura se aproximou e parou ali perto, próxima à área onde ficava a casa. Roberta foi a primeira a ver.
Largando as luvas em cima de uma mureta e tirando o avental sujo, saiu do curral e caminhou até a porteira fechada. Do outro lado estavam os dois engravatados de dias atrás, mas Roberta não tinha tal conhecimento sobre isso.
- Boa tarde. Seu marido está?
- Está. O que desejam?
- Temos um assunto a tratar com ele.
- Qualquer coisa que desejem tratar com ele pode ser tratado comigo. Prossigam.
- Tudo bem. - Os dois trocaram olhares rapidamente, algo pouco expressivo, e o menor voltou a falar. - Temos um documento que precisamos que vocês assinem. É um termo autorizando pesquisas no terreno de vocês, onde a cratera se formou. Sempre há quem queira estudar essas coisas, ah... você sabe.
Roberta apoiava a mão na cintura e os encarava com desdém.
- Vocês já praticamente invadiram todo o nosso lugar, colocaram faixas para manter distância e nos limitaram em nossas rotinas, agora querem que eu autorize que fiquem perambulando por aqui?
- Não necessariamente por aqui, queremos apenas a autorização para, caso necessário, possamos utilizar esse caminho mais curto para chegar ao local. Não precisarão nem sequer nos ver.
- É bom que eu não os veja mesmo. Vou ver o que pensa meu marido.
A dupla assentiu rapidamente enquanto a mulher dava as costas.
Luciano avistou a esposa de longe, e não precisou de muito para saber que ela estava furiosa. Largou as ferramentas e correu até ela.
- O que houve?
- Uns policiais querem acesso ao nosso terreno para pesquisarem aquele buraco. Alguma merda assim.
- Você fica linda com raiva. Mas o que você disse a eles?
- Que ia conversar com você. Disseram que é apenas para passar aqui quando necessário. Dizem eles que nem os veremos passar. - Roberta foi irônica.
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Conhece a Lua?
FantasyOs Lima vivem tranquilamente em seu terreno, os três filhos são jovens que, apesar de suas personalidades, acatam e respeitam bem a tudo que os pais, Luciano e Roberta dizem e ensinam. A vida pacata e não tão agitada muda um pouco quando em uma noit...