as vozes da minha cabeça

p o i s a t é a s b o r b o l e t a s a n t e s s e n t e m d o r

sou feia 

meu reflexo é amedrontador

não tenho cor

apenas me rastejo

e engulo meu tormento

dias parecem não passar

esperar, esperar, esperar...

até minha hora chegar

encontro uma suntuosa árvore

é lá que isso vai acabar

subo durante um tempo

até o topo 

sentindo o sopro do vento

quase alento

ao meu caminho novamente atento

chego e vou a ponta

tonta sem coragem, estremeço 

até que adormeço

e agora o que há?

algo em volta, a me rodear

sinto minha alma sugar 

ouço o silêncio

dias parecem não passar

esperar, esperar, esperar...

chego a chorar

mas o que há?

reviro-me, contraio-me

até que sinto essa barreira desmanchar

sinto algo grande

minhas costas balançam

em meus pés sinto o gosto de andar

chego na ponta e não tenho como voltar

infelizmente aqui vai acabar

fecho os olhos

sentindo meu corpo despencar

todavia ao chão não chega

com minha visão observo

estava flutuando

mais um pouco e estou voando

rodopiando

então não há tempo

vou e aproveitar o meu novo território

o céu

de lá me vejo

sou graciosa

uma bela e majestosa borboleta