Prólogo

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COMO THOMAS HAMILTON se envolveu em um acidente de barco, ao lado de sua adversária finalista do concurso do ano passado, é justamente o que todos, principalmente nós do jornal, estamos tentando explicar.

— Eles estavam ficando? Quer dizer, bem debaixo do nosso nariz?! — Oliver não conseguiu fechar os lábios.

Mesmo que fosse o mais óbvio a se pensar, eu me recusava a acreditar em qualquer boato.

— Tô te falando, ninguém resiste aquela bunda perfeita! — e lá está Abraham, ao lado da janela, sendo babaca como sempre.

— Não que você tenha experimentado, Abbie. — respondo automaticamente — Você nunca passou perto de ser uma opção para Aretha.

— Você é uma piada, Loren Jefferson. — seu sorriso sarcástico precede a pior expressão que já vi em seu rosto — Como se você soubesse o que é beijar.

— Não está perdendo absolutamente nada. — meu amigo sai em minha defesa — Todos os garotos com quem fiquei só me decepcionaram. E eles pareciam um pouco com você, Abraham.

Ele alcança sua jaqueta de couro que cobria os braços de uma das cadeiras por detrás da escrivaninha, agitando alguns papéis e folhas de manchetes antigas.

— Prefiro gastar gasolina do que minha cabeça com vocês! — Abraham dá de ombros, me ignorando completamente, passando pela porta.

— Precisa parar de fazer isso. — eu o alerto, colocando uma caixa de papelão sobre a mesa retangular — Não estou na defensiva. É sério, não me importo em ser bv. Agora perdemos a chance de arrancar alguma informação dele.

— Pois então dá próxima vez você me avisa que eu nem tento te defender, viu ingrata? — Oliver se lança a frente de um dos computadores da sala, mau-humorado.

Não consigo evitar uma sútil risada que não demora a aparecer ao canto direito de meus lábios. Ele sempre faz isso. Mas quando uma nova informação ameaça sua curiosidade acima do normal, é a mim pra quem Oliver corre, procurando discutir os melhores boatos.

No fundo somos iguais, dois curiosos de plantão.

— Ei! Quer me contar por que você acha que Abbie pode saber de algo? — o silêncio durou menos que três minutos.

Caminhei lentamente até ele, prolongando o momento da resposta.

— Porque ele, o meu irmão e Thomas eram inseparáveis. — reviro os olhos ao encostar-me na parede — E considerando que meu irmão está morto e Thomas em coma, Abraham é a única opção que nos sobra.

Deixo as papeladas que mal comecei a organizar e pego minha mochila ao lado do computador de Oliver, irritada com toda a situação, mas tendo uma ideia brilhante o suficiente para justificar meus atos.

— O que pensa que está fazendo, surtada? — meu amigo me encara com uma expressão nada boa.

— Vou no hospital visitar Thomas. — dou um exaustivo suspiro ao respondê-lo.

— Mas você nem é amiga dele. — Oliver rebate, tentando me convencer a ficar — E nós combinamos de assistir O Rei Leão.

— Sério? — murmurro sorrindo — Depois do mundo todo já ter assistido?

— Eu e você não somos o mundo todo, Lou. — ele afasta a cadeira, se virando para mim — Não vai ter graça sem você. Vou parecer um idiota cantando sozinho.

— Aposto que vai. — pisquei para ele, agarrando a maçaneta — Mas eu chego a tempo, prometo.

...

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