A Balada de Bill Thaxton

...E provou ser o melhor de todos.

A lua minguante percorreu seu caminho diário até o céu, deslizando através de uma linha perfeita porém oculta aos olhos, e trazia consigo a escuridão da noite e o brilho das estrelas.

Uma leve brisa acompanhou essa transição entre o sol e a lua, e apesar do sopro fazer com que a areia da estrada subisse até seus olhos, nariz e boca, acabou acostumando-se àquilo, tornara-se uma brisa refrescante. Foi bom para os dois patrulheiros, e também para seus cavalos, que tanto foram castigados pelo sol durante a manhã e tarde daquele dia, resmungando com relinchos e desobediência. Os dois parceiros vinham de uma longa viagem à trabalho, com os cavalos os acompanhando em todas as idas e voltas, era um direito dos pobres animais estarem bravos e cansados.

Jim Thaxton e Marion Forghs eram homens da lei, e ambos carregavam uma estrela dourada espetada no peito. Uniram-se numa missão para caçar um criminoso à mando do xerife texano Charles Michael. O criminoso em questão se chamava Jarrett, mas possuía a alcunha de Tiro-Certo. Após ter colocado balas em cinco homens num saloon em El Paso simplesmente por ter perdido mais dinheiro do que realmente tinha, Jarrett fugiu para o Novo México e começou a andar com alguns bandoleiros que haviam por lá. Estavam todos a sete palmos naquele exato momento, pois Thaxton com a ajuda de Marion havia os mandado para o inferno ao descarregar todo seu tambor, pondo uma bala em cada um dos bandidos, menos em Jarrett, que agora estava amarrado e desmaiado na parte de trás do cavalo de Marion, balançando tal qual um cadáver a cada trote do animal. A cabeça do criminoso estava pingando sangue, pois na viagem de volta ele havia irritado Marion, que o atingiu com uma pedrada na testa, e o homem não acordara desde então.

— Rapaz — Marion sempre o chamava assim por ser mais velho. Fazia sentido, Marion tinha o dobro de sua idade e um pouco mais, mas parecia extremamente capaz e saudável, não fosse por um olho ser mais fechado que o outro por algum tipo de deficiência que sofreu na juventude —, admito que quando Charles me colocou como teu parceiro eu duvidei da sua experiência, mas... foram belos tiros aqueles.

— Obrigado — Jim não gostava de se gabar, mas sabia que era bom com armas. Quase tão bom quanto o pai era.

— Realmente é filho do teu pai, hein? — O velho escarrou e cuspiu no chão — Charles me disse antes de partirmos que eu estaria trabalhando com o filho do Bill Thaxton, que Deus o tenha, mas eu resolvi comentar sobre isso só agora, não queria te deixar apavorado.... não significava porra nenhuma você ser ou não filho do Thaxton, você não era ele. Mas nesses últimos dias você me provou que é digno do mesmo respeito que eu tinha por seu pai, mesmo sendo muitos anos mais novo — não fazia nem um mês que Jim havia completado vinte e dois anos.

— Você conheceu o meu pai?

— Fomos parceiros durante uma época na juventude, e continuamos amigos até a sua morte. Depois que você nasceu, Bill abandonou a vida de patrulheiro e foi ser rancheiro, e ficamos distantes por causa do trabalho... por isso eu e você não nos conhecíamos até então.

— Todo mundo que ouve meu sobrenome menciona o meu pai. Ele era tão bom assim como todos dizem?

— Hum... ele lhe contou sobre o "Pôr-do-Sol"?

— Pôr-do-Sol? — Jim indagou por um momento, mas nada lhe veio à cabeça. — Meu pai não me contava sobre seus dias de glória. Ouvi mais sobre o passado dele através de outras pessoas do que por ele mesmo. Acho que ele me queria longe disto.

— E aqui está você... — Marion tossiu, e desviou seu cavalo para fora da estrada, indo em direção à algumas árvores mortas. — Venha. Vamos montar acampamento. Continuamos pela manhã.

Mais tarde, estavam sentados ao redor da fogueira, um de frente para o outro, entreolhando-se através das chamas. Os galhos secos crepitavam e faziam brasas subir zonzos como mosquitos. Enchiam a barriga com coelhos assados, que haviam caçado na tarde daquele mesmo dia.