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"Eu realmente não quero você se torne apenas uma lembrança"

— Que dor de cabeça dos infernos! — resmungou batendo a cabeça contra a mesa algumas vezes após o fim da aula de Arte contemporânea; não era como se odiasse a matéria, não era isso. E sim, as sete doses de tequila que Hailey a incentivou a virar na noite anterior.

A certeza que iria acertar o livro de 800 páginas sobre a história da arte na cabeça do próximo ser humano que a incomodar nas próximas 24 horas estava mais sólida a cada segundo.

Talvez ir para a calourada de filosofia na freternidade Zeta não tenha sido a melhor opção escolhida para um domingo a noite. Aspen resmungou um palavrão inaudível e tentou se recordar de algo coeso da noite anterior, havia se divertido muito tinha certeza, beijado duas meninas e dançou com Thad alguns passos esquisitos que ele a ensinou. A parte ruim de beber até não se lembrar de nada é exatamente o fato que você realmente se lembra do ocorrido e um grande vazio em um espaço de tempo se forma na sua mente, e você percebe que não queria ficar sem se lembrar de nada. Uma leve amnésia é o bastante.

Segundo um site que leu, a maneira que o álcool afeta o sistema nervoso se assemelha a um furacão de mudanças, chegando a prejudicar o sistema urinário; por isso bebemos mais de três litros de água durante a temida ressaca. São nesses momentos que Aspen se amaldiçoa por gostar de beber. Ou melhor, se iludir em gostar de beber. Porque definitivamente ela odiava ficar de ressaca. E parece que a pessoa esquece desse pequeno detalhe enquanto está virando doses e mais doses de tequila com limão.

— Nossa, Kratzer. Parece que a ressaca tá das fortes em! — o rangido de alguém se sentando em cima da mesa de madeira fez Aspen levantar a cabeça com pouco entusiasmo, reconhecendo a garota loira de cabelos longos e boné preto virado para trás. — Aqui o remédio que pediu.

E colocou uma cartela vermelha com alguns comprimidos e uma garrafa de água diante dela, enquanto com a mão livre girava uma bola de basquete no dedo anelar.

Ekatherina era atacante no time de basquete feminino, ocupando lugar nos melhores das últimas duas temporadas; uma garota divertida e popular, que no final não passava de um moleque rebelde. Ela era a melhor amiga de Aspen, desde os 13 anos.

— Obrigada. — agradeceu antes de engolir um dos comprimidos e tomar um longo gole de água. — Me lembre de nunca mais beber na minha vida.

— Ah pode deixar, farei isso com certeza. — o tom irônico de Ekat não passou despercebido por Aspen, que estreitou os olhos em resposta. — Não faz essa cara, amanhã tenho uma partida com os Braxtones e nós vamos acabar com elas. Você vai né?

— E perder você atirando a bola na cara da Lauren Conrad? Nunca perderia isso.

Ekatherina soltou uma gargalhada que por sorte não fez a cabeça da mais nova latejar, talvez porque ela também tivesse achado graça. A loira tinha uma rixa pessoal com Lauren Conrad, a qual Aspen ainda não entendia direito, mas como uma boa amiga compartilhava do ranço.

Faziam exatos dois anos desde que decidira começar a faculdade, ainda mais escolheu o curso de Artes plásticas, uma escolha bastante incomum diante de uma família inteira de médicos, empresários e advogados. A lembrança vivida da noite que contara ao seu pai sua escolha ainda lhe doia, ainda mais com as palavras proferidas pelo mais velho. Digamos que não foi uma conversa muito agradável. Desde então o seu relacionamento com seu pai ficara cada vez pior, o que por sorte era facilmente deixado de lado pela garota.

Era filha única, o que significava que todos os olhos estavam sempre de olho nela. Mas ali, a dois países de distância da família, finalmente podia respirar aliviada e trilhar seu próprio caminho. Aspen aparentemente era uma garota divertida e risonha, seu corpo um pouco rechonchudo que o padrão americano, concendendo-lhe mais curvas e alguns pneuzinhos que ela não fazia questão de cobrir.

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