Capítulo 01

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O tão esperado dia havia chegado: o dia de me mudar. É bom abrir as asas para um novo horizonte mas também é assustador. Terminei de empacotar meus pertences ja era a 4 caixa, fora as roupas, ajeitei a saia ao andar até o banheiro pegando a pequena caixa de remédios.
O cheiro de bolo de milho se faz presente e minha barriga ronca. Sentirei saudades desse cheiro saboroso.

- Niña desça logo! - Grita la vieja loca

- Estou indo! - Levei a caixa até a mala e a coloquei com todo cuidado dentro da mesma. Ouvi de novo seu grito e me apressei escada abaixo.

- Não está esquecendo seus remédios e a bombinha, niña? - Me interrogou assim que surgi no portal.

- No me olvido de nada - Resmunguei.- cadê ele? - Perguntei dando uma vasculhada na cozinha e na sala pelo portal.

- Está pondo as caixas no carro. - Bufei sentando na cadeira.- Não seja tão dura com ele - Falou de costas para mim tirando o bolo do forno.

- é a primeira vez que ele deixará você pequeña em um aeroporto. - Senti sua voz embargada tentando disfarçar, ela falhou miseravelmente. A abracei por trás.

- Eu não vou morrer mama, eu vou estar há algumas horas. - sorri dando um beijo em sua face.- Vou voltar também, e com muito dinheiro!

- Certo. - Secou suas mãos no avental e deu dois tapinhas nas minhas mãos. A soltei.

- Vá pegar o resto que falta, ele está velho demais para carregar peso atoa.

Ri dando um beijo em seus cabelos curtos tingidos de preto, embora o grisalho já começasse a aparecer. Subi as escadas pulando duas em duas. Em parte estava feliz por poder sair e estudar em um lugar tão diferente podendo dar uma vida melhor a eles, em parte triste por abandona-los assim. Peguei as duas caixas às arrastando pelo corredor e escada, deixei na entrada e subi pegando minha mala e minha bolsa com documentos.

- Niña? O almoço está pronto! - Gritou meu viejo, desci puxando a mala de rodinhas, soltei-a no portal da cozinha.

A mesa posta com o almoço caseiro era a visão do paraíso.

- Vamos comer! - Declarou minha mama.

Comemos em paz e em silêncio. Eu sabia que eles queriam falar algo, mas escolheram o silêncio e assim preferi. Terminamos o lanche com aquele bolo divino, ajudei meu viejo a colocar a mala e as caixas no carro. Entramos e fomos rumo ao aeroporto da cidade.
Assim que chegamos, o funcionário que despacha as malas pegou as minhas coisas e minha vieja faltou ter uma síncope.

- Wow, quem você pensa que é para pegar as malas da minha niña?! Pois trate de devolver seu pendejo!

Segurei-a.

- Mujer! É o despachador das malas, é só o trabalho dele! - Meu abuelo falou calmo. Ela na hora se acalmou o olhando amorosamente.

Entramos no aeroporto e rapidamente fomos próximo à área de embarque, nos sentamos e esperamos meu vôo ser chamado.

- Ainda pode trabalhar comigo e com sua abuela na lojinha de temperos. - Falou me olhando amorosamente.- Sabe que nunca à condenaríamos por desistir.

- Papa, você me ensinou a não desistir dos meus sonhos. A lutar por eles. Esse é meu sonho e vou lutar por ele! - Falei o olhando nos olhos, os anos apesar de serem duros com seu corpo, jamais tinham apagado o azul Royal de seus olhos. Azul esses amorosos e ternos.

- Yo sé, pequeña, pero te quiero con la família - Seus olhos já estavam marejados, e tive certeza que os meus não estavam diferentes.

- A família sempre vai estar comigo. - Sorri sendo abraçada por eles.

- Minha pequeña tão grande e madura como uma estrela cadente. - Minha mama disse emocionada.

Ouvimos a chamada para meu vôo; na porta de embarque eles me abraçaram o mais apertado possível.

- te quiero pequeña - Falaram juntos.

- Também amo vocês.

- Bom vôo e não esquece de ligar assim que chegar! - Ainda ouvi sua voz amável com a distância conforme eu ia até o avião.

- Sim senhora!

Sorri e olhei o avião. Entrei, sentei na minha poltrona assim que ajeitei minha mala sobre minha cabeça. Um senhor ajeitou sua mala próxima a minha com certa brutalidade e, ao se sentar, faltou se jogar pra cima de mim. Me encolhi no meu canto até o senhor se ajeitar e ficar na sua.

- viejo de mierda- Resmunguei baixo.

Peguei meus fones e os conectei ao celular, sabendo que seria um longo vôo até a Califórnia. Planejei dormir já que tinha dormido mal na noite anterior. Pus uma música qualquer e me deixei ser embalada no mundo dos sonhos.

(...)

Ouvi um som ressonante e alto, abri os olhos procurando a fonte e encontrei no velho roncando ao meu lado. Revirei os olhos e me escorei na janela olhando o pôr do Sol que estava por vir, dormi poucamente e precisava dormir mais,  mas o porco não deixaria isso acontecer tão cedo. Foi assim até pousarmos, e como um alerta ele acordou com resquícios de saliva seca no canto da boca.

Ai Dios mio

Me levantei, puxei minha mala e como todos os que ficaram acordados ja fui rapidamente para a porta, segui a multidão até a área de despache das bagagens, peguei minhas coisas num carrinho de bagagens e um jovem veio me ajudar até o ponto de Táxi. Califórnia não era muito diferente do México, só tinha mais prédios e mais tecnologias. Dei sinal para um táxi e o mesmo parou próximo, o jovem me ajudou a colocar minhas coisas no porta-malas e entrei com minhas coisas de colo.

- Olá, pode me levar nesse local? - Entreguei o papel com o endereço da Universidade.

- A Universidade? Você não tem cara de universitária.

- É eu sei, pareço mais jovem. Fica muito longe?

- Fica na área nobre então, um pouco sim. - Daí começamos a corrida. Ele me deixou na porta do Campus. O agradeci e ele me ajudou a tirar as coisas do táxi.

Entrei indo direto para o meu dormitório, como dizia o bilhete com a numeração dele. Passando pelas portas do prédio pequeno vi minhas caixas empilhadas no lobby. Um garoto moreno batia o pé impaciente, assim que me viu veio em meu encontro.

- Venha! Que demora, eu não tenho o dia todo! - Pegou a pilha de caixas e andou até o elevador.

- Desculpe, tinha um pouco de trânsito sabe.

- A mesma desculpa de todos os bolsistas, parecem que vieram sempre do mesmo buraco. - Falou em deboche.- Ao menos você não é feia.

Ao ouvir suas palavras fiquei boquiaberta, porém meu sangue ferveu.

- É, todos os bolsistas saem do mesmo buraco, buraco esse que se chama vida! E você não é ninguém pra falar se sou feia ou não, devia falar se tenho ética e educação, coisa que, obviamente, você parece não ter! - Rebati a altura o encarando. Seus olhos arregalados e sua boca aberta em espanto comprovou que ele não ouvia isso todo dia. Não ouvia, mas devia! pensei.

Ele ao se recuperar foi explicando para mim como funcionava, exatamente como imaginei: Biblioteca, quartos dividos, sem meninos no bloco das meninas, sem drogas etc etc.

- Bom, qualquer dúvida me procure. Agora tenho que ir! -Saiu em disparada pelas escadas assim que deixou meus pertences em frente à porta.

Olhei meu dormitório e sorri.

Vida nova, aqui vou eu!

Abri minha porta e me deparei com um garoto louro tatuado quase comendo uma morena de, no mínimo, 1,70.

É...não era bem assim que eu queria começar...

Desejo Proibido [PAUSADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora