Festa na casa da Aline sera que vai da certo?

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Dia de festinha na casa da Aline, para nos despedir das férias. Abri a porta, tinha mais ou menos umas 85 pessoas naquela casa. Uns bebendo, outros se esfregando na pista de dança, alguns se pegando contra a parede, e, minha amiga, fazendo tudo ao mesmo tempo. 

A festa foi muito boa, mas durou só até 4:00 da manhã, por que todos já estavam caídos de bêbedos. Quando vi todos no chão comecei a rir, desliguei o som e fui embora. A pé. Fui andando pela calçada gelada. Meu vestido preto sumia na noite escura e estrelada, estava cantarolando uma música qualquer quando comecei a ouvir um barulho baixinho de alguém suspirando e mexendo em alguma coisa mais à frente. Quando cheguei mais perto, percebi que o barulho vinha de um carro, fui me aproximando mais, com o máximo de cuidado pra não fazer nenhum barulho. Então, dei o próximo passo, e sem querer pisei em um galho que quebrou meu salto. Dei um gritinho abafado e fiquei quieta logo em seguida. 

A noite estava silenciosa e tudo que eu ouvia naquele momento era o cantar dos grilos, dei um passo pra trás decidida em voltar pra casa, -mas percebi que não era isso que ia acontecer aquela noite.- Senti uma luva quente e grossa tapando minha boca, seguida por uma respiração abafada e atormentada na minha nuca. 

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Eu não sabia o que fazer, só pensava se aquele ia ser meu último momento ou não. Só que eu não queria acabar assim. E o teste pra minha próxima apresentação que eu ia fazer semana que vem? E a festa da minha melhor amiga que eu tinha que ajudar a limpar amanhã? E minha mãe e irmão no Brasil que eu teria que ligar pra dizer “estou bem, amo vocês” na manhã seguinte? Não poderia acabar tudo ali. Eu só tenho 19 anos e nem me apaixonei de verdade ainda. 

Foi então, que senti algo gelado nas minhas costas. 

- “If you do games, I’ll shoot you.”- Disse o homem de voz grossa. 

T: Se você fizer alguma gracinha, eu atiro.

E agora, o que eu faço? Milhares de possibilidades vieram na minha cabeça, como rezar um Pai Nosso, entrar no carro e sair dirigindo a mil por hora, negociar pelo preço da arma, dar uma de ninja e tentar dar uma voadora nele, dizer que minha potato estava no forno, pisar no pé dele com meu salto rosa claro, seduzir ele com um strip sensual e fugir na hora certa, esperar até ele decidir o que fazer, apelar pro Batman, começar a chorar feito louca dizendo “Por que comigo, meu Deeeus??”, ou até mesmo fingir que sou uma agente e dizer dramaticamente “FBI, você está preso!”, mas a minha estupida escolha foi começar a correr gritando. 

E então… PAH! (pah, bum, pom, tui, pipoca... tanto faz) Aquele som ensurdecedor foi entrando nos meus tímpanos feito um zunido, e aquela dor foi tomando conta do meu corpo inteiro e fazendo meus pulmões pararem de funcionar subitamente. Minha visão escureceu e eu não conseguia enxergar nada naquela noite escura, tentei gritar por socorro, mas meus pulmões não estavam colaborando, até que na quinta vez que tentei saiu um grito incontrolável, alto e sem sentido algum. Segundos depois, vi as luzes da casa ao lado sendo ligadas, e em pouco tempo aquela grama úmida e gelada foi se tornando cheia de pés em volta de mim. Até que um homem, com cachos acima do ombro e roupas amaçadas se ajoelhou perto e começou a fazer massagem cardíaca no meu peito. Lembro de ter conseguido dar o suspiro mais longo, aliviador e feliz da minha vida.

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