[DEGUSTAÇÃO] Segredos de um namoro fajuto

Prólogo

Sabe seu amigo trouxa que leva tapa na cara e não faz nada para mudar? Denuncia, é plágio meu.

Existem pessoas que nasceram para sofrer na vida. E existem aquelas que nasceram com a bunda virada para a lua. Eu, o protagonista desta história, só poderia viver o clichê da vida em que tudo dá errado, mas diferente dos contos de fadas em que há uma mocinha para salvar, sou eu quem precisa ser salvo. Aviso logo que esta não será as flores de um stand up em que você aplaude de pé e joga todos os tipos de rosas para agradecer o humorista, que, por sinal é aquele que passará vergonha em praça pública em prol do seu sorriso.

Eu sou o comediante do palco que se humilha constantemente em nome do humor, mas que tem 90% de chance de não te fazer rir. O que te vai fazer me notar não é o meu humor negro sobre loiras desprovidas de cérebro ou sobre aquelas piadas infames de sacanagem que todo mundo quer ouvir, mas poucos têm coragem de contar. O que irá te fazer me notar são minhas contradições como pessoa e os amigos que juraram estar comigo pelo resto da vida, mas são mais cegos do que eu.

Quem é o vilão dessa história? Eu, meus amigos ou você, que vai rir dos meus erros? Eu mandaria o famoso "leia para saber", mas é bem capaz que você já saiba a resposta... e é broxante.

E por fim, mas não menos importante, pois isso aqui não é uma introdução, mas sim um prólogo, uma abertura sobre como cheguei até aqui, vamos partir do começo de toda a treta... digo... cof-cof... melhor continuarmos logo.

Existe uma regra não dita na amizade: Não deseje a namorada do seu melhor amigo. Sei que essa regra deve valer para as mulheres também, porque cansei de presenciar barracos entre elas quando o assunto é esse. Mas nunca imaginei que, um dia, essa regra seria quebrada na minha frente, com meu melhor amigo.

— Pedro... eu posso...

Geralmente, quem fala isso tem culpa no cartório. Quando alguém querido na sua vida fizer merda e disser que "pode explicar", há uma porcentagem bem considerável de que não, você não vai querer ouvir a explicação. E foi pensando nisso que saí correndo de casa feito um gato assustado por escopeta.

O que não dei tempo de explicar era como Bernardo foi parar na cama dele com Annabeth. Nem parei para saber se ela estava chocada. Na verdade, como o velho covarde que sempre fui, eu só conseguia pensar em sair dali sem nem ao menos gritar, xingar, esmurrar...

Logo passei pela sala e saí da república com Tiago me seguindo completamente confuso.

— Pedro? O que foi? Aconteceu alguma coisa? Pensei que ia chamar o Bernardo para a gente ir ao lançamento.

— Quero que ele vá para a puta que pariu! — gritei. Parei de andar e olhei para Tiago parado na minha frente. — Aquele... Aquele desgraçado... Tiago... Eu... — E, como o mesmo covarde que saiu do casarão sem gritar com ninguém, comecei a chorar. — Como pôde?!

Tiago me puxou pelo cotovelo entendendo rapidamente que Bernardo era a razão de minha explosão. Entramos em seu carro 4x4 e ele dirigiu sem rumo. Não fez mais perguntas, não me recriminou por chorar e nem deixou o clima ficar tenso. Ele ficou assoviando uma música enquanto dirigia tranquilo.

Resolvi respirar fundo e o olhei.

— Você não transaria com nenhuma namorada minha, não é?

— Tá maluco? Não, obrigado! Eu tenho amor à vida.

— Engraçado...

— O quê?

— Bernardo nunca me disse isso.

— E o que ele dizia?

— Que se eu vacilasse ele passaria a mão. Sempre achei que fosse brincadeira, já que ele ria.

— Ele dá risada de tudo.

— É...

— Foi isso o que houve?

— Foi... — Afinei os lábios me lembrando da cena. A raiva me consumiu como deveria ter consumido há uns 40min antes. Esse era o meu problema, eu só explodia quando não tinha mais graça. — Ela estava em cima dele, Tiago! Ela... ela me dizia que nunca transou de verdade, mas estava cavalgando no pau daquele filho da puta! — gritei a plenos pulmões. — Como ela pôde fazer isso? — respirei fundo e falei mais baixo enquanto chorava. — Eu sou mesmo um otário, não é? Todo mundo me avisou que rolava um clima entre eles, mas... Eu mereço mesmo ser...

— Cala a boca, Pedro! Para começo de conversa, se ela é a puta que você está dizendo e ele o desgraçado que é, nesse momento estão rindo de você e, se duvidar, estão continuando de onde pararam.