12 de junho de 2016
O valentine's day é uma comemoração importante em alguns países, não é muito diferente do que acontece por aqui no Brasil no dia doze de junho. As duas comemorações tem o mesmo intuito, esvaziar os bolsos de todos em nome do amor romântico. O valentine's é um pouco mais apressadinho, sua comemoração é em fevereiro e nós brasileiros temos um pouco mais de tempo pra levantar um capital pra comprar o presente e pra arranjar alguém para dá-lo.
- Parabéns pra você... – Minha mãe e irmã cantarolam assim que me levanto e dou o ar da graça na nossa sala
Acordar tarde aos domingos sempre fez parte da minha rotina, e não há nada que me faça sair dela, nem mesmo meu aniversário.
- É.. Parabéns pra mim!
- E aí vai querer fazer o quê hoje? Pizzaria? Cinema? Shopping? – Minha mãe pergunta, determinada em me tirar de casa
- Não sei..., não tô muito animada. – Franzo o cenho sem nenhuma pretensão de disfarçar meu cansaço
- Mana, tudo bem, que está mais velhinha hoje mas você só tem vinte e quatro anos. Falta muito pra oitenta. – Bia banca a engraçada
Não sou muito chegada a festas de aniversários. Em todo aniversário sempre me senti meio deprimida, não sei se estou amaldiçoada ou é uma coincidência estranha. Mas nesse dia nada é normal, acontece sempre alguma coisa. Comecei a observar com mais atenção a partir dos meus quatorze anos. Nesse aniversário, Bia quebrou o braço, no de quinze houve a primeira separação dos meus pais. No de dezesseis passei tão mal por conta das malditas cólicas e nem pude sair com as amigas. Dezessete, minha prima Daiana levou uma surra da minha tia Marlene. Dezoitão, o pirralho do meu irmão teve febre e minha mãe o levou às pressas pro pediatra. E depois... Lore levou um fora do namorado, o vizinho da rua de trás foi traído e geral soube. Minha cachorrinha, a Vivi, faleceu. Vi meu ex com a nova namorada depois do nosso término. E por fim no de vinte e três, minha mãe conheceu a namorada do meu pai, fuxicando o facebook dele.
Ano passado, tudo poderia ter acontecido como nos últimos anos mas até que fui surpreendida. Havia saído duas vezes com um cara super legal que conheci na festa de aniversário de uma colega da escola. Aqueles olhos expressivos e castanhos foram bastante convincentes em me fazer dizer sim, justo no dia dos namorados.
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- Já que ficamos o dia todo tentando te convencer a sair. Que tal irmos a uma festa agora a noite? – Bia pergunta, cheia de mistério, alisando uma mecha do cabelo perfeitamente alinhado com prancha
- Que festa? – Acabei de satisfaze-lá e ela me lança um riso safado
- Não acredito que esqueceu, não é a única a ficar velhinha hoje! – Responde, e penso logo em fingir que não ouvi mas ela é minha irmã, me conhece e a conheço. Ela vai fazer questão de dizer, então eu mesma digo pra espantar qualquer resquício de ressentimento
- Aniversário do ex, aquele que me deu um pontapé na bunda no dia em que iriamos completar três anos
- Tem festa no Daniel? – Sou direta – Que bom... – Respondo minha própria pergunta
- É, tem festa e eu vou! – Enfatiza
- Vai fazer o quê lá?? Sabe que não vai ter lembrancinhas e animadores infantis??? – Tento traze-lá a razão
- O que pode ter demais?! Bebidas alcoólicas...cigarros...mulheres...homens...música. Isso não parece assustador, vemos isso a cada esquina. – Tenta se defender usando seus braços pra articular
- Fala a verdade, aceitou pra me desafiar né?? Quer me chatear! – Indago na expectativa de que a resposta seja a que quero ouvir
- Eu vou! E vou porque fui convidada! – Fala de forma apática e com as órbitas revirando
- Esse irresponsável não tinha nada que convidar uma adolescente pra uma festinha. – Ralho e sinto a saliva saltar
- Quer saber? Acho que tá mordida porque não foi convidada!!! – Deduz
Boa pergunta. Realmente me interessa saber porque esse filho da mãe convidou minha irmã adolescente e não a mim. Filho da puta!
- Vocês ainda se falam? – Ela toma a iniciativa após eu não ter emitido um som sequer por alguns segundos. Deve ter percebido minha mágoa e agora quer amenizar as coisas, mas jamais vou admitir minha mágoa
- Claro. Somos pessoas civilizadas, adultas. – Demonstro maturidade
- Viu como ele tá?? Tá diferente! Malhando..., tá gostoso!
- Não acredito que... – Não consigo terminar e tremo só de imaginar
- Ficaria com ele?? – Ela diz em todas as letras
- Calma, ele não faz meu tipo, tá gostoso mas não é meu tipo.
É IMPRESSÃO MINHA?! Ela acha que ainda..., só se eu fosse muito idiota mesmo!
- Bia, ele não é o tipo de ninguém!
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A Retrospectiva do Amor
RomanceFalta pouco pra chegada do novo ano, mas Babu resolve repensar suas atitudes e escolhas sentada na calçada de casa tendo como trilha sonora dos seus pensamentos a sofrência doída do seu vizinho mulherengo. Enquanto rola sua própria retrospectiva e...