Prólogo

18 4 0
                                    

Pamela estava a dias passando mal, sempre com uma tontura, chegou a desmaiar voltando da escola, sua tia já desconfiada que alguma coisa estava fora do normal despejava seu mau-humor nela todos os dias.

— Pamela, que tanto você passa mal, posso saber? — Rita despejava as palavras com ira.

— Não sei tia, preciso procurar um médico, você vem comigo?

— Você fica que nem uma vagabunda com esse Noah que não presta, aposto que está gravida, acha que ainda vou perder meu tempo indo com você no médico para atestar sua desgraça? Nem pensar, peça a seu namoradinho.

Seus pais haviam morrido quando Pam era pequena, fazendo com que sua tia cuidasse dela, sem muito afeto familiar, sem saber o que era um amor sincero, ou até materno Pamela foi crescendo e aprendendo a conviver com os gritos e desafeto de sua tia.

Ainda com quatorze anos ela conheceu Noah que lhe deu um carinho que nunca antes havia recebido, totalmente cega de amor, Pamela se submetia a todos os caprichos do namorado, que era extremamente possessivo, ciumento e sem objetivos na vida, para ele a vida era apenas "sombra e água fresca".

Aos dezessete anos e prestes a sair da escola, enquanto Pamela pensava em seu futuro, Noah pensava em sexo, o relacionamento dos dois havia se tornado apenas isso, sem muita conversa.

Pamela realmente achava que sua tia podia ter razão, achava que poderia estar gravida.

— Noah você me acompanha no hospital? — Pam perguntou ao ligar para Noah

— Por quê?

— Porque estou passando mal a dias, preciso ver o que pode ser.

— Deve ter comido algo estragado, na boa Pam, eu não vou, to aqui quase fechando um jogo e não quero ficar o dia todo em uma sala de espera, vai sozinha, você consegue, um beijo. — Falou desligando o telefone.

Pamela ainda ficou um tempo tentando processar o que havia acontecido ali, quando pegou sua bolsa e partiu rumo ao primeiro pronto-socorro mais perto.

Chegando lá, deram uma senha para ela, tinham quase 100 pessoas na sua frente, Noah tinha razão, ela passaria o dia todo na sala de espera, mas não sairia de lá sem saber ao certo o que estava acontecendo.

— Pâmela Martins — surge uma voz vindo do corredor.

Imediatamente ela levanta e vai ao encontro da sala da médica, lá ela explica todos os sintomas, e sai com um pedido de exame de Beta HCG, sem ter muita paciência para fazer um exame pelo SUS que demoraria cerca de 30 dias o resultado, Pâmela paga o exame em um laboratório e em algumas horas descobre estar gravida.

A primeira pessoa para quem decide contar é sua tia, que tem uma reação pior do que a esperada.

— Eu não vou sustentar criança de ninguém, já é difícil manter essa sua boca que só sabe comer, imagina uma criança, ou você tira, ou você que vá morar com aquele imprestável do Noah.

— Eu não vou tirar filho nenhum, não estou te pedindo um favor, estou avisando que serei mãe e que estou indo embora.

Aos prantos Pam arruma suas coisas e sai da casa de sua tia — a qual nunca mais veria — para a casa de Noah.

— O que você tá fazendo aqui com essa mala?

— Sai de casa, posso ficar aqui?

— Como assim Pamela? Que loucura é essa?

— Estou gravida Noah.

— De quem?

— Você está mesmo perguntando isso? Do padeiro... claro que é de você seu idiota de quem mais seria? Não vou tirar essa criança, já estou avisando, e você como pai tem obrigação de me acolher nessa casa.

— Entra.

Pâmela foi ficando na casa de Noah que morava sozinho, seus pais haviam ido embora do país e não levaram o filho, pois ele simplesmente não quis ir. O pai de Noah era americano e casou com sua mãe Brasileira, um dia resolveram ir para os Estados Unidos, deixando tudo e todos para trás, como nunca tiveram rédeas com Noah, não insistiram para que fosse com eles, todo mês mandavam dinheiro para que ele pudesse se manter.

Os meses foram passando, eles descobriram que o bebe era uma menina, tudo ia bem, na medida do possível, Noah e Pam estavam longes de ser um casal perfeito, mas o que importava agora é que ela tinha onde morar, e como cuidar do seu bebe, até que em um ultrassom foi descoberto que Laura — esse foi o nome que Pam escolheu para sua filha — tinha uma doença, trissomia 21, a popular síndrome de Down, apesar de ter sido, um duro diagnóstico, Pam continuava amando seu bebe, passou a estudar sobre a doença e como teria que cuidar de sua pequena sementinha.

Passado 1 mês do diagnóstico, Pamela acorda com um bilhete no travesseiro.

"Não posso fazer isso, estou indo morar com meus pais, boa sorte com esse bebe. Nunca senti que fosse meu, ainda mais agora que serei motivo de chacota. Fique com a casa até achar outra para você. Espero que sejam felizes. Noah".

Sozinha, gravida, sem dinheiro, sem emprego Pamela precisou amadurecer e se virar sozinha.

O BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora