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Saindo em meio a ovações e chuva de arroz o casal se encaminhou para o píer, onde iriam embarcar para uma nova e linda jornada. Um novo capítulo de suas histórias começava naquele momento. Sanem parou na popa e olhou para trás, a visão embaçada pelas lágrimas que alagavam seus olhos. Olhando-os pela que seria a última vez durante algum tempo, virou-se deixando o passado para trás e, de mãos dadas ao seu marido, foi em direção ao seu futuro.

O barco aos poucos foi tomando distância da costa e balançava suavemente com as ondas que batiam em seu casco. Tendo acionado o piloto automático, Can abandonou o leme e foi ao encontro de sua mulher, que observa Istambul ficando cada vez menor enquanto a luz do crepúsculo pintava o horizonte.

Cingindo-lhe a cintura fina, afundou o nariz no pescoço delgado enquanto inalava o perfume que somente pertencia a eles.

Can não possuía uma memória fotográfica, mas naquele momento flashes daquele primeiro momento, há quase dois anos atrás, povoaram a mente dele. A emoção o inundou, tão forte como as ondas do mar em meio a uma tempestade

- Eu amo esse cheiro - disse enquanto roçava o nariz ao longo da pele macia - Amo ainda mais por tudo o que ele representa, porque é você, só você. É como um canto de uma sereia que me hipnotiza e me prende

Sanem sorriu docemente enquanto se apoiava no peito forte e esticava o pescoço de forma automática para dar a ele mais acesso.

- Can? Está parecendo que você se casou com meu perfume e não comigo – Sanem o provocava enquanto passava a ponta dos dedos vagarosamente pelo antebraço forte do marido. Como resposta ele a apertou mais contra ele e respondeu em seu ouvido

- Eu me casei com você, com você toda, com a minha Sanem. Mas antes mesmo de descobrir quem você era, o cheiro do seu perfume me deixou louco. Ele é único, assim como você: minha Sanem

Girando-a em seus braços ficaram de frente um para o outro, a luz dourada dos últimos raios de sol lhes banhando a pele. Mas eles nem prestaram atenção aquilo, estavam imersos demais nos olhos um do outro. Can colou sua testa a dela enquanto uma de suas mãos subiam para o seu rosto enquanto com o polegar lhe acariciava a bochecha

- Eu amava o mundo, eu achava que era do mundo, mas descobri que eu ainda não havia achado o meu lugar, eu estava vagando sozinho, a procura de algo, do meu lugar... e meu lugar é com você Sanem. Não importa para onde eu vá, subindo o Evereste ou navegando pelos sete mares, eu sou completamente seu, pois você é o meu mundo.

- Can... – com a visão borrada Sanem engoliu o nó da emoção e roçou a mão pequena em sua barba – Eu te amo muito, mais do que a mim mesma. Você é meu ponto de gravidade, é o meu chão, minhas palavras, meu ar...

Sussurrando-lhe o nome Can escorregou a mão para a sua nuca e deu fim aos centímetros que os separavam. O beijo começou de forma lenta, mas foi aumentando de forma gradual. Sanem passou os braços pelo pescoço do marido e agarrou os fios que estavam soltos em sua nuca, ao passo em que a língua de Can invadia sua boca. O beijo era lento, mas voraz. Sanem percebeu que durante todo aquele tempo Can havia se contido com ela. Agora era como se queimasse em fogo lento, todo o seu corpo estava esquentando e em nada tinha a ver com os raios de sol que banhavam sua pele. Era um calor que vinha de dentro para fora, que queimava e a fazia ansiar por algo até então desconhecido.

Uma brisa morna soprou nos dois, fazendo com que o vestido de noiva que Sanem ainda usava se enroscasse por suas pernas.

Can interrompeu o beijo com um gemido baixo e se afastou minimamente dela. Com a respiração em arquejos ele tentava retomar o controle de si

- Off... Como aqui faz calor – Sanem se afastou enquanto se abanada efusivamente – Quente... os raios de sol devem bater na água e voltarem para nós. Estamos sendo duplamente atacados

EclipseWhere stories live. Discover now