Era o ano 600. Eu tinha acabado de nascer, por volta de 6 da tarde. Me nomearam com Lincy, que era o nome de uma constelação. Meu pai, Fernand, havia escolhido esse nome para mim, pois ele acreditava que de alguma forma eu iria brilhar. Desde quando minha mãe ficou grávida de mim ele dizia que eu iluminava suas noites e que isso já valia meu nome.
Eu possuía os cabelos e olhos azuis herdados de minha mãe Lara. Do meu pai herdei o humor, teimoso, mas persistente, sempre que eu começava algo eu terminaria. Perceberam isso em mim, quando me deram um brinquedo simples de juntar as peças em seus encaixes, e eu fiquei a noite toda brincando até resolvê-lo, mal dormi aquela noite.
Papai é lenhador, ele trabalha 6 dias na semana de 6 horas da manhã até 6 horas da tarde. Já mamãe é cozinheira em um restaurante da cidade, conhecido, porém nada muito glamouroso. Vivemos em uma casa afastada da cidade devido nossas condições econômicas. Eu ficava com a nossa vizinha, que na verdade não era vizinha, mas era a pessoa mais perto de nossa casa. Mamãe sempre me deixava lá durante sua caminhada para o trabalho. De certa forma me acostumei rápido com isso, ainda mais que ela tinha um cachorro com quem eu passava meu dia inteiro brincando.
Quando completei 4 anos, a Senhora Gortis, quis me ensinar a ler. Algo que somente os nobres e alguns poucos plebeus conseguiam naquela época. Ela era empregada de um nobre local, que a madame por sua vaidade achava necessário ter criadas que soubessem ler (esses nobres mesquinhos). Logo que ela propôs a ideia eu neguei.
- Eu aprender a ler? Hum, não quero isso pra mim, quero ser cozinheira igual a mama - Retruquei.
Gortis com toda calma que uma senhora de 64 anos possuía falou:
- Mas sua mama vai ficar orgulhosa, imagina você poder ler livros de romances para ela todas as noites.
A velha sabia como me convencer. Logo, quis aprender a ler, só de imaginar minha mãe feliz ao ler um romance para ela.
Mamãe sempre me falava de uma estante cheia de livros que tinha no restaurante e que alguns nobres iam nele somente para lê-los. Ela ficava imensamente curiosa para saber o que havia naquelas folhas cheias de tintas. Passei aquele verão inteiro me dedicando a aprender a ler. Ao final do ano eu havia aprendido a ler, Gortis ficou orgulhosa, pela velocidade que aprendi, não porque eu era inteligente, mas porque eu era persistente.
Logo que aprendi pedi o livro de Gortis emprestado para ler para mamãe, quando ela chegou em casa eu li para ela durante horas e horas, ela ficou encantada. Até papai que não ligava pra essas coisas ficou admirado com a forma que eu olhava para aquelas folhas e as palavras saiam da minha boca.
Após 1 semana de ritual de leitura, a história chegou ao fim, mamãe chorou, por poder viver aquela história que o livro trouxe e pelo final, pois sabia que não tinham condições de comprar outro livro. Perguntei a ela:
- Mama, porque não pede o Senhor Craus, os livros da estante? Um livro por vez e os nobre nem irão reparar.
- Ah farei isso! - saiu toda animada.
Na tarde seguinte mamãe trouxe um livro, disse que o Senhor Craus permitiu ela pegar livro e desde que não sumissem ou estragassem poderia sempre pegar. Assim começamos a ter todas as noites nossas reuniões, onde Lincy a constelação daquela casa, lia histórias para seus pais.
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Como me tornei a Maga mais poderosa do mundo
FantasíaTrata-se da história de Lincy, uma garota de cabelos azuis e sua caminhada até se tornar a maga mais poderosa do mundo.