you feel me now

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Quando eles irrompem pela porta da biblioteca, que chacoalha pelos movimentos súbitos e vibra, claramente dizendo um "vão em frente", Harry e Louis suspiram prazerosamente, apreciando o frio que os abalroa de imediato, como um pequeno choque térmico para corpos tão quentes e enérgicos.

Eles sorriem, enrolando os dedos uns nos outros e os apertando. Harry ama. Ele ama tudo. Pensava que talvez estivesse partindo para a insanidade por conta de todos os últimos acontecimentos, mas não era algo a se preocupar no momento. Não agora. Agora, ele queria apenas sentir. Ele queria que o cheiro abalizado da chuva se fundisse contra seu rosto, que as mãos macias e perfeitas de Louis permanecessem em si para sempre e que todos os faróis de cada veiculo ali continuassem a serem suas estrelas. Ele tinha isso em mente.

Ele, de olhos apertados por conta de pingos frios nos cílios cheios e correndo para sabe se lá onde, vivia um momento desregrado e amava isso. Aquele sentimento corria por suas veias em velocidade alarmante, o fazendo bebericar do líquido maldito, a paixão concupiscente e perigosa.

Arte.

Havia tanta... Aquela sim o tirava o ar, o fazia querer subir pelas paredes e gritar e ele a venerava como o próprio Dionísio fazia com o vinho.

Ele estava com Louis. Ele estava voando.

Harry podia ouvir, enquanto passava, uma música. Ela ressoava de algum canto aqui ou ali e era bonita, tão bonita que o deixa nas nuvens durante aqueles segundos arrastados. Ele não dá toda à sua atenção de verdade embora, pois Louis o faz tropeçar animadamente em suas próprias pernas em uma completa bagunça deliciosa, o fazendo engasgar com uma risada ao notar olhares furtivos sobre seus corpos. Os guarda-chuvas alheios dançavam por cabeças apressadas, tumultuando e deixando o mundo ainda mais molhado. Harry gosta, por mais estranho que pareça. A energia mundana os da forças.

Um, dois, três, quatro... Talvez cinco, ou seis minutos sem parar. Ele não sabe quanto tempo ele e Louis correm, mas então, Anjo para de repente, esbaforando ar sobre o céu e fazendo o peitoral agitado de Harry bater contra seus ombros, mordendo o lábio e se avermelhando no mesmo segundo, pedindo desculpas por todo seu momento embaraçoso logo em seguida. Louis, que antes olhava para a frente, o fita como quem olha para um por do sol, com um brilho inefável em suas íris dançantes e sorriso pulcro.

- Está pronto, ciano? - Murmura baixo, o despejando tal apelido novamente, que deixa todos os seus pelos levantados no mesmo segundo. Harry balança a cabeça positivamente enquanto alguns cachos úmidos grudam em suas maçãs.

- Pronto.












Ele descobre que Louis não mora sozinho. Descobre também que sua casa é grande, mas não exagerada, ou algo que grite "verde". Harry nota, em primeiro lugar, quadros agarrando as paredes em tons claros, nada forte o bastante, mas bom. Parecia dizer muito e, ao mesmo tempo, pouco. Talvez ele não fosse um bom leitor, ou talvez, tal detalhe fosse abjeto puro até mesmo para si, o fazendo se encolher aos poucos enquanto as paredes o engoliam.

- Liam não estará aqui hoje. Ele tem algo como compras por sua cidade natal. Ele diz que a tinta "é tão melhor" lá - Louis muda sua voz para imitar o amigo, arrancando uma gargalhada baixa de Harry, que respira fundo em seguida.

Poderia ser ainda mais apaixonado que isso? Oh, pobre coração indomável! Batia tão forte e intenso, deixando cada sentimento pelo outro exposto e palpável.

- O que Liam é? - se vê perguntando, afundando uma das mãos timidamente no bolso de trás de sua calça e a livre é agarrada novamente por Anjo, que entrelaça seus dedos e parte a arrastar suas pernas sobre os corredores e escadas.

Feel MeOnde histórias criam vida. Descubra agora