Eu ainda sou a sua heroína? (One Shot Supercorp)

Dor, sentimentos e sensações

     Kara adentrou o escritório de Lena pela janela, como ela já havia feito inúmeras vezes antes. Mas desta vez era diferente. A cabeça de Lena estava sob a mesa, acima de seus braços. Ela parecia tão pequena e vulnerável. Parece que a briga não estava afetando apenas Kara.

— Lena, nós podemos conversar, por favor?

— Exige muita coragem para entrar aqui assim. — Ela diz, se levantando da cadeira e dando a volta na mesa, apenas para se apoiar nela. — Não é verdade, Kara? Ou devo começar a chamá-la de Supergirl? Você não está mais usando os seus óculos.

— Nós podemos, por favor, parar de brigar? — Kara estava tão nervosa. Ela poderia lutar com um exército inteiro sozinha, mas nunca com a Lena. Nada poderia machucá-la mais.

— Oh, querida... Nós estamos apenas começando. — A maneira como a CEO falou fez a pele de Kara se arrepiar e ela se sentiu um pouco doente.

— Lena... Eu não queria que fosse assim. Nunca foi minha intenção te machucar.

— Você mentiu para mim desde o dia em que nos conhecemos. Como você pôde fazer isso comigo? — A voz da morena saiu com tanta mágoa que cortou o coração de Kara.

— Eu não poderia permitir que os meus inimigos chegassem até você. Jamais poderia me perdoar se você se machucasse por minha causa.

— Sempre tem alguém me machucando e tentando me matar. Desde o dia em que cheguei nesta maldita cidade. Estou viva, não estou? Sou totalmente capaz de me proteger sozinha. Você pode sair pelo mesmo lugar que entrou. — Ela disse pegando o iPad na mesa e fingindo estar concentrada em algo nele.

— Lena, por favor.. Eu amo você. — Esse era o ápice. Mesmo com todos os flertes, aparentemente, platônicos e cada momento em que se apoiavam, essas três palavras nunca tinham sido pronunciadas. Lena achou que a kryptoniana devia estar mesmo desesperada.

— Eu não consigo mais brigar.

— Se você me ama, por que me traiu? — A morena disse, fingindo que o que a outra tinha dito não havia a afetado.

— Lena.. — Ela suspirou alto, claramente emocionalmente exausta.

— Não! Pare de dizer o meu nome desse jeito. Dê-me uma boa razão para...

— Okay! — Kara disse nervosa, a cortando e deixando Lena chocada. — Você quer saber porque eu menti para você? Você é minha melhor amiga. A única com quem eu posso ser, apenas eu mesma. Kara Danvers, uma garota que foi adotada e cresceu em Midvale. — Lena ouvia tudo atentamente. — Quando o fardo de ser a Supergirl fica pesado e todo mundo espera que eu tome uma decisão para o bem de todos, você traz leveza à minha vida. Eu sei que fui egoísta, não me orgulho disso. Eu queria te contar. Queria que você me conhecesse, por inteiro. Eu não queria segredos entre nós. Mas passou tanto tempo e eu tive medo. Tive medo que você me odiasse. Lena, você é uma das pessoas mais incríveis que eu tenho o prazer de ter na minha vida. Sinto muito por trair sua confiança, mas nunca pense que foi porque não confio em você.

    A essa altura, Kara e Lena já estavam chorando. A CEO chorava discretamente e em silêncio, enquanto a kryptoniana fazia seu discurso com uma voz embargada e lágrimas escorrendo livremente por seu rosto.

— Todos os dias. Você me olhava nos olhos e mentia para mim. — Ela deu um suspiro longo e pesado. — Não sei se posso confiar em você de novo.

— Eu tenho algo para te contar. — A loira fechou os olhos e respirou profundamente. Parecia um desses exercícios para se acalmar. Lena contou mentalmente três segundos até ela abrir os olhos novamente. — Eu não sei se um dia você vai me perdoar. Mas se essa for a última conversa que vamos ter, eu quero ser totalmente honesta com você.