een.

704 47 1
                                    



⠀⠀

𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗢𝗡𝗘

𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗢𝗡𝗘

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



   Seus grandes olhos verdes estavam focados no enorme campo verde à sua frente, as poucas árvores que estavam plantadas ali se sacudiam levemente com o vento que soprava naquela manhã. A pequena tela em branco que estava em seu colo começou a ganhar rabiscos e curvas leves formando uma releitura perfeita, porém bagunçado do cenário que a poucos minutos ela analisava.

   A ideia de seguir seu sonho e se tornar uma artista era tentadora e ao mesmo tempo assustadora. O medo de não ser inteligente o suficiente para entrar em uma faculdade de primeira causava calafrios por todo seu corpo. Ela sabia que não era uma boa aluna. Droga, ela tentava, mas sempre parecia impossível entender o que os professores diziam, como se estivessem falando em uma língua completamente desconhecida.
Talvez seus amigos estivessem certos, ela deveria se esforçar mais acabaria sendo reprovada em seu último ano do ensino médio, e essa não era uma maldita opção no momento.

   Suas sobrancelhas franziram em confusão quando uma sombra cobriu os poucos raios de sol que estavam iluminando seu rosto e os traços de seu desenho — que havia sido esquecido pela jovem no momento em que ela se perdeu nos próprios pensamentos.
Ela ergueu a cabeça o suficiente para capturar os traços familiares da figura masculina em pé bem a sua frente. Ele sorriu graciosamente para ela, e de repente seus olhos pareciam brilhar mais que uma estrela quando ele ouviu a pequena risada que vinha da garota. O rapaz rapidamente se recompôs, balançando a cabeça ligeiramente tentando ignorar o quão adorável ela estava naquela manhã.

   A parte superior de seu corpo estava coberta por um moletom cinza com uma pintura aleatória, mas bonita, que provavelmente surgiu de suas próprias mãos e ideias. O jeans azul escuro estava um pouco folgado, mas ela não se importava, as outras garotas de sua escola ousariam dizer que seu estilo era estranho, mas Angelina tinha suas próprias opiniões sobre sua aparência e nenhuma aspirante a Regina George a faria usar jeans apertados e tops curtos. Oh, Laurie também não pôde ignorar como o par de coturnos pretos dela estavam bem limpos, normalmente tinham algumas manchas coloridas de tinta.

— ... não sei, estou pensando em largar ela. — a morena disse. Sua mão esquerda levava uma mecha de cabelo que estava caída em seu rosto para trás da orelha.

   Laurie olhou para ela confuso, mordendo o lábio inferior enquanto esperava seu cérebro relembrar o que ela acabara de dizer. — Desculpa, o que você acabou de dizer?

Uma de suas sobrancelhas se ergueu com a pergunta. — Eu disse que vou sair da classe de história desse ano. — ela lhe deu um sorriso envergonhado. — Eu morrendo de medo de quem vai ser o nosso professor, Laurie. Não quero que ele pense que eu sou burra e só fui aprovada nos últimos anos porque paguei suborno pra direção.

   Ele riu, zombando de como ela parecia dramática dizendo aquilo. Suas mãos foram em direção aos ombros dela, dando-lhes um pequeno aperto. — Acho que você vai ter que falar com o conselheiro depois, — ele assentiu com a cabeça. — já que o nosso primeiro período é história.

   Seus lábios formaram um 'O' em surpresa com as palavras que ela acabara de ouvir, — se ela estivesse em um desenho animado, seu queixo estaria no chão agora. —  ela fechou os olhos desejando que entrasse em combustão naquele momento. Merda, pensou, e mentalmente fez uma nota para se lembrar de marcar os horários de suas aulas assim que chegasse em casa.

   Laurie foi rápido ao guardar as coisas de Angelina de volta em sua bolsa e colocar os livros da garota que estavam na beira do banco no colo dela. Ele silenciosamente acenou com a cabeça, esperando que a garota se levantasse para que eles pudessem adentrar o prédio da escola antes que o barulho ensurdecedor do sinal tocasse.

   Suas mãos estavam trêmulas, — quando eles chegaram à classe quase todos os lugares do meio para o fundo da sala já estavam ocupados. — ela não estava acostumada a sentar na frente, isso a deixava ansiosa e agitada, talvez porque ela pudesse ser uma presa fácil para as perguntas aleatórias dos professores ou ser usada como exemplo na frente de seus colegas. A cabeça dela deu um giro de 360° só de pensar nessas possibilidades.

   O som de seus pés tocando levemente o chão repetidamente estava se tornando irritante, o medo do constrangimento de seu novo professor começou a se tornar intenso.

— Mulher, fica calma. — Laurie riu enquanto se inclinava na direção de Angelina. — Não é como se ele fosse verificar nossos registros de dois anos atrás.

— Se ele me perguntar quando aconteceu a primeira guerra mundial, — ela suspirou e fez uma longa pausa. — eu fodida.

   A sala inteira de repente foi tomada por um silêncio estranho e intenso. Angelina jurou para si mesma que podia ouvir a respiração de seus colegas como se estivessem dentro de sua cabeça. A porta se abriu lentamente, quase como um filme de suspense, e a visão de Maya — meia-irmã de Angelina — entrando no local fez a morena soltar um suspiro profundo, o qual ela nem percebeu que estava segurando.

— Não sei o que vocês, merdinhas, estavam fazendo, mas podem continuar quietos assim, o professor Evans vindo aí e ele não parece muito a fim de uma festa surpresa na sala dele. — a loira disse rapidamente, apontando para a porta e para as pessoas dentro da classe enquanto segurava uma risada. Ela correu para se sentar em um lugar vazio perto de sua irmã.

— Onde diabos você tava? — Os olhos verdes de Angelina encontraram os azuis da jovem sentada à sua direita, ela tinha um sorriso largo estampado  em seu rosto.

— Ele é um gato, garota. — Maya sussurrou, não confiando em sua voz para dizer em voz alta. — G - a - t - o. — soletrou, fazendo questão de enfatizar cada letra com suspiros dramáticos.

   Angelina não teve tempo de entender e muito menos pensar em uma resposta para os pensamentos sujos de sua irmã quando a porta de madeira pintada em branco se abriu novamente e, exatamente como cinco minutos atrás, o local estava silencioso.

    Angelina tentou ignorar o homem parado na frente da classe. Seu terno azul escuro parecia extremamente caro, assim como seu relógio e o resto de suas roupas. Seus olhos azuis estavam vagando pelos muitos rostos sentados à sua frente, a morena cruzou os dedos para que ele a ignorasse. Não era seu dia de sorte, de qualquer maneira.

— Não precisa ficar nervosa, eu não vou morder você. — Ele riu suavemente, e logo sua risada foi acompanhada pelo resto da classe.

— Um professor de história com senso de humor, essa é nova. — Ela não sabia de onde tirou coragem pra dizer aquilo, mas quando se deu conta, ele já estava perto o suficiente.

— Vejo que você é muito engraçadinha também. — Ele sorriu para ela, fazendo suas bochechas corarem.

  Suas mãos encontraram a barra de seu moletom sob a mesa, tentando aliviar a tensão dos últimos minutos. Ela virou a cabeça para Laurie, que tinha um olhar do tipo "que porra foi essa" no rosto, e ela não conseguiu fazer nada além de encolher os ombros em resposta.

𝘁𝗲𝗮𝗰𝗵𝗲𝗿'𝘀 𝗽𝗲𝘁 | 𝖼𝗁𝗋𝗂𝗌 𝖾𝗏𝖺𝗇𝗌 [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora