Jaime
- Já vai? - Itzan me pergunta, enquanto contava as notas do caixa. Ele passava os dedos na ponta da lingua e em seguida, na pontinha de cada cédula de 50 e 100. Segundo ele, era sua forma de saber se as notas eram verdadeiras.
Apenas o olho com a canto do olho. Eu havia tirado meu crachá de identificação, estava com minha mochila na mão e a chave do carro. Itzan tinha mania de me perguntar coisas óbvias e isso me irritava muito. Se ele não fosse meu melhor amigo, eu responderia a altura.- Só não esquece de enviar o dinheiro e todas as notas fiscais pro chefe - respondo caminhando entre as mesas do bar, que estavam todas arrumadas, com as cadeiras empilhadas em cima - Ele mata a gente se houver qualquer erro de novo.
- Foda se ele - Itzan responde, fechando o caixa e enfiando em seu bolso algumas notas. Finjo não ver. Nos tinhamos combinado de não fazer mais aquilo, mas o fato é que roubar do gilho da puta do nosso chefe era um circulo vicioso. - Não vai levar nada pra suas negas hoje?
Não me dou o trabalho de olhá-lo mais uma vez. Estou encarando a tela do celular.
23:00. A hora perfeita.
Meu coração estava acelerado, uma onda de energia e ansiedade já me invadiam.
Apenas mostro o dedo do meio pro meu melhor amigo, e saio porta a fora, dando de carro com a rua lotada em frente ao bar chique que eu trabalhava. Prédios, carros, jovens bebados saindo da balada... Esse horário era o pico nas avenidas badaladas de Madrid.Caminho descontraído ate meu carro, abaixo as mangas do meu moletom cinza claro, e coloco meu capuz, eu ficava bonito e intrigante daquela forma. Estar apresentável era o primeiro ponto. Ao entrar no carro, jogo minha mochila no banco de trás e analiso minha aparencia no retrovisor. Olhos azuis que me ajudavam a convence-las, os cabelos bagunçados que segundo a maioria delas era um charme. Confiro o perfume em meus pulsos, e dou mais uma ajeitada em meu cabelo, que insistia em sair um puco pra fora do capuz. Pelo espelho, eu conseguia ver minhas pulpilas dilatas pelo desejo, ansiedade, raiva e outros sentimentos que eu não era capaz de explicar. Jurei a mim mesmo que nunca mais faria isso, mas era quase impossivel.
Talvez fosse a ultima vez... Droga! Eu falei isso das ultimas 4.Fecho os olhos e encosto a cabeça no volante. Eu já podia sentir minhas axilas suando em baixo da minha camisa. Ficaria uma marca horrivel se eu não me controlasse.
Fecho a mão num punho e aperto os olhos.''Voce não precisa Jaime, não precisa...''
Abro meus olhos e encaro mais uma vez o retrovisor. Meu rosto estava suado e vermelho, aquele semblante era algo comum pra mim em dias como esse.
Ligo o carro e sigo pela avenida. Minha respiração ofegante e visão turva fazem parecer que estou prestes a fazer algo muito errado. E estou!
Me deparo com algumas meninas paradas em becos, usando shorts e vestidos curtos. Bolsinhas de lado e cabelos longos. Bocas bem desenhadas e vermelhas. Muito silicone nos seios e na bunda. Eu so precisava escolher uma.
Paro o carro e analiso em volta, e eu não preciso esperar muito para que uma venha ate minha janela. Desço o vidro e o corpo dela se inclina pra frente, ficando escorada na janela do meu carro.
- E aí amor? Vamos conversar? - ela pergunta sorrindo de forma safada e eu abro um meio sorriso de volta. Ela era loira, muito branca e alta. Não, essa não.
Inclino um pouco a cabeça e vejo uma atrás dela. Cara de universitária, cabelos curtos e negros, baixinha, branca e de olhos escuros. Essa, essa que eu quero.
- E a sua amiga? - pergunto apontando com o queixo pra ela - Está disponível?
A loira olha pra trás e depois se vira com cara de insatisfeita pra mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Killer
HorrorAbro um sorriso olhando aquele sangue escorrendo e penso ''foda-se''. Eu não me importava. Eu era um filho da puta frio, e nada abalava isso.