Capítulo 3

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As vozes vão ficando cada vez mais ensurdecedoras, sem qualquer indício de parar.

Por mais esforços que faça, não consigo mexer nem um músculo do meu corpo. É como se estivesse presa por várias correntes que me envolvem por completo.

Ele continua a caminhar na minha direção e a cada passo que ele dá eu fico mais fraca...

- A menina está bem? - Uma mulher consegue tirar-me do transe em que me encontrava com a sua voz. Olho para ela, um pouco confusa, e aceno com a cabeça afirmamente.

Levanto-me com a ajuda da mulher, pois ainda estava um pouco tonta, logo agradeço despedindo-me e continuo o meu caminho até casa.

Ao chegar a casa sou cumprimentada pelos meus gatos, Floco e Emoji, pedindo carinho. Subo as escadas para ir para o meu quarto, guardo as coisas no seu respetivo lugar e meto música.

Estar de férias de verão é a melhor coisa do mundo. Não tenho de acordar tão cedo, não fico no meio daquele bando de criaturas selvagens, não oiço os xingamentos de todos por ser diferente e não ter amigos... Enfim, estou livre daquele inferno pelo menos durante alguns meses.

Quando decido, finalmente, descansar e tomar a medicação para as dores de cabeça, oiço um estrondo vindo lá de baixo. Desço as escadas rapidamente e encontro Floco e Emoji a correrem de um lado para o outro, mandando algumas coisas ao chão e partindo. Os dois ao sentirem a minha presença vêm ter comigo, metendo-se atrás das minhas pernas.

Agacho-me para os tentar acalmar, pego neles e levo-os para o meu quarto, trancando-os lá para não me atrapalharem.

Volto para a sala reparando melhor no estado em que estava. Estes malditos gatos viraram a sala do avesso... Nunca me deram tanto trabalho e agora decidem virar uns verdadeiros demónios.

A sala vai voltando ao estado de antes, passadas algumas horas, faltando só a cómoda para limpar e arrumar. Tiro as coisas do sítio e pego no pequeno pano, que estava na mesinha atrás de mim. Viro-me para ir limpar o espelho e algo escrito aparece no mesmo. A inicial "M" encontrava-se no vidro embaciado. Com o susto que levo, tropeço nos meus próprios pés e caio.

Fico paralisada, assustada, a olhar para o espelho. Isto só pode ser uma partida mas é impossível estar aqui mais alguém...

Não desvio o olhar do mesmo até voltar ao seu estado normal e ouvir a porta de casa ser aberta.

- Cheguei filha...! Meu Deus, o que te aconteceu?! Porque estás assim no chão?! - Vejo-a a vir até mim e ajuda-me a levantar.

À medida que vou terminando as limpezas com a ajuda da minha mãe vou contando tudo o que tinha acontecido hoje. Ela diz que ando a ver coisas e que é tudo paranoia minha por não dormir nada... Se calhar até tem razão e é melhor esquecer este assunto. Volto lá para cima soltando os gatos e entro no meu quarto. Deito-me na cama e vejo um pequeno papel em cima do meu peluche gato.

"Anjinho"

A única palavra que se encontrava escrita nesse mesmo papel.

Provavelmente foi a minha mãe que o deixou e só agora que notei.

Remember me •| Lee Know |•Onde histórias criam vida. Descubra agora