O segredo do poço

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Quando se entra no poço, a morte já se foi embora. Sua vida já não corre perigo. Foi um dos motivos do qual Deus te pôs no poço.

Por que o poço?

· Pra te livrar de si mesmo;

· Pra te mostrar aos que duvidam que maior é quem está em ti quando a glória de Deus em enfim manifestar;

· Pra te mostrar a sua insignificância perto do poder de Deus;

· Pra te pôr na dependência de Deus;

· Pra te aproximar de Deus;

· Pra te pôr no caminho dos sonhos;

Neste estágio inicial da jornada dos sonhos, ao entrar no poço os primeiros sentimentos que nos visitam é o desespero e o medo.

Fique tranquilo.Tenha calma!

Depois que o susto passar, paramos de ficar apenas na ânsia de voltar paracima, e os nossos olhos se voltam a conhecer o lugar, no qual passaremos ali há algum tempo. Começamos, mesmo em meio à dor, sentir as suas rochas, se estão secas ou molhadas. Sentimos frio e o escuro pouco a pouco se adapta em nossa visão. Poço sempre será poço, alguns mais estreitos outros mais largos.

Mas saiba que esse lugar de solidão é, sem dúvidas, um cenário perfeito para um vencedor!

Por que perfeito?

Quando se está muito tempo naquele local, a agonia passa, gera a curiosidade e a sua mente trabalha de forma tão veloz para a reflexão que ela mesma te engana sobre a fome e a sede. Pois, a gente sente mais fome quando se lembra da fome e sente mais sede quando se lembra da sede. A reflexão nos dá muitas sinapses de pensamentos e quando eles estão voltados para as ideias e sonhos que foi o caso de José, as necessidades fisiológicas são esquecidas. O princípio de dores como nuvem começa a desaparecer.

De modo superficial, tendemos a pensar que o poço é um reservatório de água para retirarmos o que há de melhor, por exemplo, matar a sede. Entretanto, quando menos se espera, por forças de circunstâncias, elas nos empurram para baixo, e de repente você pode se vê dentro dele. 

Cada pessoa tem as suas circunstâncias. As minhas não são iguais às suas, mas todos têm.

Quão difícil deve ter sido para José, um rapaz cheio de vida que de forma súbita foi pela família, lançado ao poço para que fosse apagado junto com os seus sonhos.

Fico a pensar quais foram as palavras que ele usou para orar a Deus, como clamou, como falou de sua dor. Imagino uma dor misturada com o fervor de ódio. Somos humanos.

Para olhos comuns, aquele lugar frio e escuro foi a morte do que jamais ganharia vida. Que ali se encerrava "apenas um sonho", a visão onírica de um rapaz que não sabia nada da vida.

Como você reagiria se estivesse no lugar de José?

Jamais se imaginaria que logo ali, tenha sido os braços do Pai que o acolheu antes que alguém ousasse a tocar a sua carne. Sei que parece loucura, mas Deus é especialista em grandes obras. Ele fez com que aquele lugar sombrio fosse o útero que lançaria o filho de Jacó para o sucesso em todo o Egito. 

Há momentos que Deus nos livra e só depois que compreendemos o tamanho da sua glória.

Talvez, você já tenha dado mais de uma resposta para aquela pergunta. A mais comum é, que primeiramente, encontraria meios de escapar e depois planejaria uma vingança.

Sim, inicialmente você reagiria muitas vezes, mas com o passar do tempo a sua visão de mundo lá fora iria se apagar, e o poço tornar-se-ia em seu novo mundo. Os seus sonhos ficariam em algum lugar no coração guardado.

Durante um tempo, suas experiências oníricas estariam indo e vindo, com o propósito de nos mover a voltar para a superfície, mas logo a realidade daquele lugar nos jogaria um balde d'água fria. Neste cenário, passaríamos a crer que a vida é solitária, sem desígnios, sem promessas.

Um exemplo muito simples desse novo mundo, ou melhor, dessa nova realidade, é citado por muitas pessoas até os nossos tempos, a Parábola da Caverna é uma metáfora, escrita pelo filósofo grego Platão no livro A República. No diálogo, Sócrates apresenta duas visões de mundo a Glauco para que, descrevendo pouco a pouco como seria, compreendesse melhor sua reflexão a respeito do que é a realidade. 

Na primeira visão, homens são colocados desde crianças dentro de uma caverna com pernas e pescoços presos de modo a não poderem olhar para nenhum lado, mas apenas o que estivesse a frente, por certo, o fundo da parede da caverna. Com a projeção das sombras das costas desses homens, iluminadas por uma grande fogueira, só era possível ter imagens derivadas das sombras, transformando-se em seres que compunham um espetáculo para os acorrentados. Um dia um daqueles homens, se livrou das correntes que o impediam, e ao sair dali quase ficou cego com a luz do sol. A luz real, finalmente, revelou-lhe a realidade, tratava-se de um mundo totalmente oposto ao que seus olhos já presenciaram.

Platão nos descreveu um ser que estava preso na caverna por muito tempo, mas que acreditou em seus instintos de que existia algo à mais. Aquele ser insatisfeito, visto como louco por muitos, mal sabiam eles, que o sonhador estava certo.

A pulsão do sonho de crer numa outra realidade, senão àquela que eles estavam condicionados, o fez insistir na mudança, na transformação.

Se eu aceitar a minha realidade de pequeno, pobre, invisível, serei sempre assim.

Desilusões, tragédias, decepções, vícios, e tantas coisas mais podem estar te amarrando, te impedindo de voltar para a superfície, para o mundo das ideias, encontrar a verdadeira luz, e o mais importante, dar o próximo passo para realizar os sonhos, porém agora muito mais preparado com a experiência depois do poço.

 Como eu disse anteriormente: deixa estar-se no poço. Lá você vai apreender muitas coisas que te fortalecerão para o próximo passo em sua vida. Este é um momento de conhecer novas sensações e reflexões com Deus. Mesmo a cisterna sendo um lugar cheio de coisas boas, como livramento das mãos do inimigo, ambiente este em que se está atrás dos holofotes, te escondendo do mundo real para que quando voltar, esteja mais preparado, esse ambiente controverso será o eterno lar para muitas pessoas que vivem sob falsas percepções.

Digo pra você, o poço não é seu habitat! Você precisa nascer, caminhar para o próximo passo.

Deus tem muito mais para você. A vida com Deus não é esse seu mundinho de sensações. Meu amigo e minha amiga, deixa Deus te trazer para fora. Sei que ao sair não estará lindo como uma borboleta, mas em processo de transformação e isso o deixará tímido, porém confie.

Aqui fora sentirá o toque da Luz da Justiça. E Jesus diz assim para você: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida (João 8:12).

Porém, para sair do poço você precisará da ajuda de alguém. Nesse momento o orgulho deve ser colocado de lado, pois as mãos que um dia te empurraram, essas mesmas mãos, podem ser as que te resgatam.

"Vinde, vendemo-lo aos ismaelitas; não ponhamos sobre ele a mão, pois é nosso irmão e carne. Seus irmãos concordaram."

"E, passando os mercadores midianitas, os irmãos de José o alcançaram, e o tiraram da cisterna, e o venderam..."

Na verdade, essas mãos que agarraram José para cima, foram as mãos de Deus.

É preciso seguir! Deixar para trás aquele mundo de fantasmas e irrealidades não será uma tarefa fácil, pois não estaremos bem psicologicamente e nem fisicamente para sermos vistos por alguém, apresentando a imagem de um perdedor. Assim, é muito comum a sensação de desconforto.

Não podemos nos abater, necessitamos voltar para o mundo real, respirar o ar puro novamente, exige de nós a aptidão para exercer uma palavrinha bem pequena, mas que te conecta com o Grande Eu Sou, o Todo Poderoso, o monossílabo (Fé). Foi pela fé que José conseguiu encarar os seus irmãos e sem poder dizer uma só palavra, foi vendido como escravo.

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