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𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗧𝗪𝗢

𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗧𝗪𝗢

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   Segurando firmemente em suas mãos seus cadernos, Angelina caminhava rapidamente em direção ao final do corredor, esbarrando em alguns alunos e murmurando silenciosamente pedidos de desculpas. Que droga, uma porra de prova surpresa no primeiro dia? Quem é o babaca que faz isso? — Esse era o pensamento que ecoava em sua cabeça, esbarrando em todos os cantos de seu cérebro, martelando em todas as respostas erradas que ela escreveu, todas as palavras riscadas em uma folha de seu caderno que a essa altura já estava nas mãos do professor Evans, provavelmente sendo corrigida enquanto ele ri das merdas que ela escreveu. Sua respiração era irregular, suas mãos suavam e o corredor que normalmente é tão curto, agora parecia ter quilômetros de distância.

— Angelina, onde você vai? Ei, tô falando com você! — Laurie puxou a garota pelo ombro, sua atitude fazendo a mesma se virar assustada.
— O que você 'tá' fazendo aqui? Não precisa me acompanhar até o ônibus, eu quero processar o meu fracasso sozinha! Não ligo se você entende de história, revoluções e guerras, quem foi tal presidente em tal ano. Eu não ligo Laurie. — Ela esbravejou, de uma maneira nunca vista, não foi em um tom alto, talvez um pouco de grosseria. Seus olhos brilhavam com lágrimas a essa altura.

   Laurie tirou os livros de suas mãos e a puxou para um abraço lateral amigável, apertando seu braço tentando confortar a garota. — Eu não quis fazer você se sentir mal... Apenas achei que você deveria saber que eu também não entendi as questões, você não é a única que está no ensino médio e tem problema com história, Angelina.
A morena apenas deu de ombros puxando suas coisas que estavam nos braços de seu melhor amigo, contorceu o nariz enquanto olhava pelos ombros do rapaz.
— Talvez você devesse conversar com o professor Evans... Tenho certeza que ele não irá se importar de te dar uma prova de recuperação.
— Claro, você só pode estar sob efeito de drogas. Eu me recuso a conversar com ele, ele é-é... — Suas palavras pararam em sua garganta e ela apenas balançou a cabeça afastando seus pensamentos, parando por um segundo de olhos fechados tentando se recompor. — Ele é intimidador Laurie... Não consigo chegar perto dele. — Por alguns segundos eles se encararam, o rapaz com um semblante vazio, ele pensava em algo que não conseguia por em palavras, Angelina sentiu isso, mas não sabia se poderia questionar, seus nervos estavam aflorados e ela não queria piorar a situação.

   Gargalhadas sutis e sons de salto alto passaram pela dupla de amigos que estava agora no meio do corredor por um longo período de tempo, a escola agora se esvaziando, poucos alunos ainda estavam ali, mas já estavam de saída. Cabelos loiros ondulados chamaram a atenção de Angelina, era Maya. — Bonitinha, era você mesmo quem eu estava procurando. Professor Evans me parou no meio do caminho, pediu para te avisar que ele está na sala dele e precisa conversar com você. — Ela deu de ombros enquanto seus olhos azuis olhavam fixamente para os esverdeados de sua irmã. — Te vejo em casa.

   Com um suspiro fundo Angelina mordeu os lábios, seus olhos se fecharam por alguns segundos, sua cabeça novamente vazia. O que eu fiz para merecer isso. Esbarrando no ombro de Laurie com um tanto de pressa e talvez sem intenção de ter feito, a garota agora se dirigia para a sala particular a qual foi chamada. Suas mãos frias levavam uma mecha de cabelo para trás de sua orelha enquanto esperava a porta ser aberta, mas apenas uma voz ecoou de dentro do cômodo.

— Está aberta, pode entrar por favor. — A voz rouca de Evans causou calafrios por todo seu corpo, sua mão buscou pela maçaneta, abrindo lentamente a porta enquanto apertava firmemente seus livros no outro braço.
— Ah... O senhor me chamou? — disse ela de maneira tão baixa a ponto de mal conseguir ouvir sua voz.
— Não precisa me chamar de senhor Angelina, não estou sendo seu professor agora. Pode me chamar de Chris. — Ele tirou seus olhos das papeladas sobre sua mesa dirigindo-os diretamente para o rosto da garota, inclinando sua cabeça para o lado com um leve sorriso em seu rosto.
— Tudo bem... Com licença sen... Chris. — Seus pés caminharam suavemente para dentro da sala, parando em frente ao quadro de anotações que ficava na parede ao lado da mesa em que se sentava o homem.

   Ele se levantou e com um papel em suas mãos caminhou lentamente até a morena, parando em sua frente em uma distância estranhamente próxima, próxima demais para Angelina, que a esse ponto já estava olhando fixamente para os olhos de seu professor, perdida no mar que eram seus olhos. Como ela queria desviar o olhar, mas algo ali conseguia mantê-la presa.
— Revisei sua prova, várias e várias vezes. Você não é a melhor... Meu Deus você está longe de ser a melhor. — Ele deu uma risada nasalada. — Suas bochechas ficaram coradas, sem saber o que responder a garota apenas mordeu os lábios nervosamente.
— Você não é boa nisso, mas eu gostei de você, se esforçando durante a aula. Você acha que eu não vi todas as suas anotações? Seus olhos fixos em mim todo o tempo? Você não é a melhor, mas você é uma boa menina. — Disse ele com uma certa intonação.
— Eu sei que não sou a melhor, não precisa dizer isso tantas vezes. Só eu sei como queria ter direito a uma dispensa de sua aula. — Suas palavras saíram sem pensar, seus olhos entregando o arrependimento no mesmo instante. Dando um passo para trás ela tentou quebrar o contato próximo que estava.
— Não precisa se estressar. Eu não vou deixar você reprovar, por que eu faria tal coisa? Eu sou seu professor, esqueceu? Posso fazer o que quiser, e no momento não quero te reprovar.

   Franzindo a testa demonstrando confusão, a jovem pegou o papel que lhe era entregue. Suas respostas rasuradas e reescritas como se ela tivesse feito. De caneta vermelha e circulado no topo da folha se encontrava a nota A+. — Por que? Se eu não sou a melhor, por que fazer isso?
— Quer continuar recebendo notas boas? Todas as tardes após as aulas quero você nesse escritório. Sem atrasos, sem desculpas. Você é estúpida Angelina, mas eu vou te fazer ser tão boa. A melhor que eu já tive.

   Seu corpo estremeceu. Será que isso ao menos é permitido pela escola?  Deus, eu não sei se consigo estar na mesma sala que ele... sozinha. Tamanha distração...
Hum... Eu.. Eu não sei, talvez não seja uma boa ideia.
— Vamos apenas estudar, eu vou te dar aulas particulares sem nem te cobrar nada... Você quer saber alguma coisa ou prefere ver seus colegas passarem por cima de você? Eu só quero te ajudar. — Seus olhos imploravam, pela primeira vez ele não parecia intimidador, e por um momento Angelina analisou o rosto de Chris por tempo demais.
Ela disfarçou, mas ele percebeu, percebeu seus olhos traçarem seu rosto. O que ela havia pensado? Um mistério para ele.

— Posso contar com a sua presença? Não se preocupe, te trago lanches, talvez fiquemos aqui até tarde. Preciso te ensinar muita coisa. — Ele sorriu, sua mão apertou o ombro da jovem levemente e em seguida deu alguns passos para trás deixando espaço o suficiente para ela sair.

   Finalmente, tendo espaço para respirar novamente, Angelina se recompôs, ergueu sua cabeça e mordiscou os lábios - um costume chato que ela tinha quando buscava aliviar sua ansiedade... Ou quando se sentia atraída por algo que não deveria.
— Tudo bem... Te vejo amanhã após a aula. Vou ser boa com o senhor.

   Ela se deixou levar pelo sorriso de canto que vinha do homem, dos olhos fixos nos dela, dos dois primeiros botões de sua camisa desabotoados, de sua gravata afrouxada, de seus braços cruzados em frente ao seu peito. Sua cabeça se deixou cair na tentação mais obscura que poderia ter. Talvez não fosse pelas notas, talvez seu nervosismo não fosse por não ser boa o suficiente em história. Ela queria ser boa o suficiente para ele, e não sabia se conseguiria, se ao menos poderia, sua ansiedade vinha de estar presente no mesmo ambiente de um homem que te deixava intimidada e indefesa.

   Deus, eu não deveria ter me deixado levar por isso. É um caminho sem volta. O que eu estou fazendo por algumas notas e um pouco de reconhecimento? Só posso estar ficando maluca, ou será que ele está me deixando maluca?

𝘁𝗲𝗮𝗰𝗵𝗲𝗿'𝘀 𝗽𝗲𝘁 | 𝖼𝗁𝗋𝗂𝗌 𝖾𝗏𝖺𝗇𝗌Onde histórias criam vida. Descubra agora