vier.

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𝗖𝗛𝗔𝗣𝗧𝗘𝗥 𝗙𝗢𝗨𝗥

   Tola, burra, estúpida, maluca

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   Tola, burra, estúpida, maluca. Todas essas palavras sondavam a mente de Angelina enquanto ela se encarava no espelho do banheiro da escola, outras garotas passavam atrás da jovem e às vezes até a cumprimentava, poucas vezes Angelina respondia, se passavam longos 6 minutos e ela continuava a deferir xingamentos mentalmente para si mesma. Talvez ela estivesse caindo em sã consciência do que ela estava fazendo.
   Ao voltar para a sala seu semblante já não era tão confiante como ela havia chego pela amanhã, ela novamente encarava o chão ao invés de olhar profundamente para o homem em pé de frente a uma sala um tanto quanto vazia.
   — Senhorita Danvers, poderia me trazer seu caderno para pontuar sua atividade de quarta-feira? Só falta você. — Ele disse assim que ela estava caminhando para sua mesa ao fundo.
   Angelina pegou seu caderno sob a mesa e se dirigiu até a mesa de Chris, seus olhos a todo momento fixos nas folhas de papel em sua frente, mais precisamente nas coisas que ele estava escrevendo abaixo de suas anotações. Após terminar, seus olhos imediatamente foram parar no rosto da jovem, ela se sentiu observada mas não foi capaz de retribuir o contato visual. Ela estava tentando ao máximo manter seu autocontrole, evitar fazer coisas que ela gostaria de fazer.

   O que aconteceu? Seus olhos não estão tão alegres como alguns minutos atrás... Gostaria de conversar com você, te deixar um pouco mais feliz. Te vejo no mesmo lugar e na mesma hora. Aliás, fico feliz que tenha feito a atividade.

  Mesmo lugar, mesma hora. A mente de Angelina a levou para aquela sala e imediatamente ela conseguiu sentir o perfume que impregnava o local, podia ouvir o som abafado de uma música clássica ao fundo de sua conversa com o homem, da vista significativamente bonita das árvores e da rua que a janela ampla proporcionava. Mesmo lugar, mesma hora. Mesmos sentimentos e sensações? Talvez, céus, quem pode saber que fim isso terá?

   Angelina fez questão de ser a última a sair da sala após o sinal bater, melhor não ser vista caminhando até a sala de seu professor sozinha. Já começava a escurecer, ela apenas fez questão de avisar Maya que demoraria a chegar, para a mesma trancar as portas e ela avisaria quando estivesse a caminho.

   — Com licença, Sr. Evans? - Adentrou o cômodo e fechou a porta atrás de si, a sala estava em silêncio, apenas as luzes amarelas que vinha de alguns abajures iluminavam o local.

   — Já te disse que pode me chamar de Chris fora de aula, Angelina. Se me permite, estou ficando apenas um pouco mais confortável. — Uma silhueta forte e alta saiu de um outro pequeno cômodo conectado à sala principal.

   O homem usava um suéter cinza que lhe caia perfeitamente bem, calça preta de alfaiataria e seus cabelos estavam levemente bagunçados, ele lhe deu um sorriso e inclinou a cabeça para o sofá próximo a janela, pedindo silenciosamente para Angelina se sentar.

   A jovem analisou seu corpo, seus cabelos, seu rosto, em seguida se virou para analisar uma das paredes que continham diversos recortes de jornais, revistas e eventos históricos, ignorando completamente o pedido de Chris. seu casaco estava em seus braços junto de seus livros, e ali ela estava, parada em pé como uma estátua.

   Ele apenas a olhou e estalou a língua, indo em sua direção silenciosamente, ela estava de costas para ele e mal o viu chegar, apenas sentiu sua presença quando ele já estava elevando-se sobre ela, sua diferença de altura se tornando mais nítida agora. Suas mãos passaram ao redor de seu torso pegando seus cadernos e jaqueta. Angelina se encolheu e se virou lentamente para o homem, levantando sua cabeça para olhar seu rosto.

   — Te pedi para sentar, você pode deixar de ser teimosa por alguns minutos, por favor? -
— murmurou Chris, seus olhos claros encarando profundamente Angelina.

   — Tecnicamente você não pediu, você se quer falou alguma coisa... Com todo respeito. — Ela passou ao lado do mesmo, indo em direção ao sofá onde ele se encontrava alguns minutos atrás.

   Ele soltou uma risada nasalada, colocou os itens de Angelina sobre sua mesa e em seguida se direcionou até a jovem se sentando ao seu lado, porém mantendo uma distância considerável. Seus olhos traçaram a mesma da cabeça aos pés, novamente ele não podia deixar de reparar em como tudo lhe caia tão perfeitamente. Sua vontade era de se aproximar mais para colocar uma mecha de seus cabelos que estava em seu rosto atrás de sua orelha, acariciar suas bochechas, estar perto o suficiente para sentir seu perfume.

   — Sobre o que você vai me ensinar hoje? Estou estudando algumas coisas fora da escola também... — Disse ela silenciosamente tentando tirar seu professor de um transe que ele mesmo se colocou.

   — Você sabe que eu não vou te ensinar nada Angelina... Meu Deus, eu posso fazer você passar de ano sem você nem ter escrito seu nome em uma prova. Ou posso te reprovar mais algumas vezes só pra ter você aqui por perto. Sua presença aqui após as aulas é só pra você saber que eu posso fazer o que eu quiser, e o que você quiser que eu faça. — Ele cruzou os braços e a encarou com um sorriso de canto.

   Pega de surpresa pelo tom que tudo foi dito, Angelina se levantou dando alguns passos em direção a mesma de Chris o encarando de forma confusa. — Você só quer que eu venha aqui te fazer companhia? Você só me quer por perto? - ela apontou para ele.

   — Você é uma boa companhia, não me leve a mal, não quero que você me entenda de uma maneira errada. — Ele se levantou e caminhou até ela, novamente se aproximando até demais, esticou seu braço até sua mesa e pegou uma caixa de presente, seu rosto próximo ao dela. — Trouxe isso pra você...

   Angelina pegou a caixa abrindo-a, um estojo com tintas a óleo estava em sua frente, algo que ela queria a muito tempo e nunca teve dinheiro o suficiente para comprar, seus olhos brilharam. Lentamente ela ergueu seu olhar para encontrar o do homem que a olhava fixamente em busca de uma reação, e ele teve, talvez não tenha sido o que ele esperava, mas foi melhor. Os braços da jovem se fecharam ao redor de seu torso, seu rosto contra seu peito, ela sorria de orelha a orelha.

   — Meu Deus, como... Como você sabia? Todos os dias eu passo em frente a loja de artigos de arte e fico olhando essas tintas na vitrine. Não é possível. — Ela dizia de forma eufórica ainda abraçada ao homem que agora afagava seu cabelo e acariciava seu ombro.

   — Não sei, talvez eu só tenha tido sorte em acertar algo que você gostaria de ter. — Ele riu.

   — Faça uma pintura bonita com elas para que eu possa pendurar aqui no meu escritório, ficaria feliz em ter um pouco de você aqui comigo até a hora de você aparecer por essa porta.

   Angelina era sua favorita, ele não conseguia mais negar isso, mesmo que ele nunca tenha feito questão de esconder, e agora tudo isso era mais claro ainda para ela, se havia alguma dúvida elas foram esclarecidas hoje.

𝘁𝗲𝗮𝗰𝗵𝗲𝗿'𝘀 𝗽𝗲𝘁 | 𝖼𝗁𝗋𝗂𝗌 𝖾𝗏𝖺𝗇𝗌Onde histórias criam vida. Descubra agora