Capítulo Único

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O bando do Chapéu de Palha precisava reabastecer seus suprimentos e, providencialmente, uma singela ilha despontava no horizonte, emoldurada por um bonito crepúsculo.

Os piratas aportaram já com a noite alta, deparando-se com um vilarejo tão desolado quanto uma cidade fantasma.

– Que lugarzinho miserável... - comentou Zoro.

– Teremos sorte de arranjar uma pousada para essa noite - pontuou Nami.

– Eu não gostei daqui... - disse Usopp.

– Qual é, Usopp? com medinho?

– Eu não! - gaguejou o narigudo.

com medo, sim! - implicou Luffy.

A algazarra era grande quando o quinteto foi surpreendido pela chegada de uma mulher magra como um esqueleto, carregando um lampião.

– Se buscam uma pousada, então me sigam... - disse ela.

– Até parece! - Usopp rebateu sem nem pensar.

– Claro que seguiremos a senhora - interpôs Nami, em sua voz açucarada. – E podemos recompensá-la muito bem por uma boa refeição e um banho quente!

A magricela nada respondeu, apenas gesticulou e depois começou a andar. Instantes depois, o grupo se colocou a andar também.

Luffy seguia muito tranquilo, contente por Nami sempre cuidar das negociações. Usopp nem disfarçava que estava literalmente tremendo de medo. E ao reparar no contraste entre os dois amigos, Sanji teve uma ideia nada honrável.

ooOOOoo

– Hey, Zoro! Reparou que o Usopp está se borrando de medo, e o Luffy parece não ligar pra nada?

– Ih, não gostei desse seu tom... O que está tramando?

– Vamos fazer uma aposta com a Nami!

fora! - cortou o espadachim.

– Espera aí! Eu falo sério! Vamos faturar uma grana fácil! Eu já bolei um plano perfeito!

Zoro cruzou os braços, em sinal de descrença.

– Vamos apostar com ela que conseguimos dar um baita susto no Luffy!

– Por que no Luffy? Quem está cheio de medo é o Usopp...

– Eu sei! Mas a Nami nunca aceitaria uma aposta assim. Agora, fazer o Luffy gritar de medo é um belo desafio!

Zoro franziu o cenho.

– O que exatamente você tem em mente?

– Quando a velha magrela foi buscar o run, eu vi que tem um porão aqui... Tudo que precisamos fazer é atrair o Luffy lá pra baixo e então Booo! - Sanji exclamou com um olhar gatuno.

O espadachim rolou os olhos.

– Atrair ele para lá como?

– Com aquilo que eu sei fazer melhor: comida!

ooOOOoo

Zoro queria entender porque ainda dava ouvidos a Sanji, mas agora era tarde, pois o fato é que lá estava ele, no porão e com um patético lençol sobre o corpo, com dois buracos mal feitos se passando por seus olhos.

Ao mesmo tempo, Sanji atraía seu líder, puxando um frango com uma linha de pesca.

– Hey! Galinha Assada, volta aqui! - berrava Luffy, pouco se importando se acordaria alguém.

Nami também estava no porão, acompanhando de perto a presepada, escondida atrás de algumas prateleiras.

– Aí vem ele! É sua deixa! - Sanji sussurrou para Zoro.

Como um ator sem o menor talento, Zoro saltou na frente de Luffy e soltou uma interjeição baixa e completamente desprovida de emoção:

Boo!

Luffy deu uma olhada para a pessoa que repentinamente surgiu em sua frente, e logo tinha os olhos fixos nas botas gastas que o tal usava.

– Por que você está coberto com esse lençol, Zoro?

– Pronto! Eu disse que não ia dar certo... - reclamou o espadachim, arrancando o tecido branco de si.

Nami saiu vitoriosa de seu esconderijo e disse:

– Muito bem, vocês dois me devem $ 800,00 beries! Como é fácil arrancar dinheiro de vocês... - dizia ela, mas foi então que a parca luz no ambiente, se apagou e então se ouviu um baque surdo.

Nami soltou um grito estridente. Zoro e Sanji se assustaram evidentemente, mas claro que não reagiram da mesma forma que ela.

Luffy fez um grunhido e logo reclamava:

– Assim, eu não consigo enxergar a galinha assada!

– Estamos trancados - Zoro disse o óbvio com sua voz séria e grave.

Nami tateou ao redor, então se agarrou à primeira coisa que encontrou.

Para satisfação do exímio cozinheiro foi nele que ela se agarrou, mas o deleite de Sanji não durou quase, porque em mais alguns instantes, o local se encheu de uma série de sons estridentes. Pequeninas luzes cintilantes piscaram como faíscas, panelas e utensílios vieram ao chão.

Tirando Luffy - que gargalhava feito um louco da inusitada situação - os outros três estavam literalmente gritando de medo.

A histeria durou algum tempo até que o autor da arapuca decidiu se apresentar, abrindo a porta até então trancada.

– Quem está com medo agora? - provocou Usopp.

– Ora, seu miserável! - ameaçou Zoro, sacando as espadas.

– Usopp! Como pôde!? - indignou-se Nami.

– Assim vocês aprendem que isso de querer assustar os outros não se faz!

Em mais alguns minutos a situação se acalmou, porém, o porão estava uma completa zona.

– A mulher-caveira vai colocar isso na nossa conta... - lamentou-se Nami, intuindo que a noite não seria de ganhos, mas sim de prejuízos.

Usopp ainda ria enquanto recolhia o que ainda dava para aproveitar de suas engenhocas.

– Foi um belo truque.

– Ah, obrigada! - rebateu ele ­– Eles mereceram...

– Eu gostaria de ter alguém tão talentoso com você na minha tripulação...

– Tripulação? - Usopp repetiu, só então se dando conta de que tinha ficado para trás e que não fazia a mais vaga ideia de com quem estava falando.

Na mesma hora, ele começou a tremer e voltou-se para trás, então avistou envolto por uma névoa verde, um ser cujo topo da cabeça por pouco não alcançava o teto do local.

Gritando ainda mais estridentemente do que seus amigos tinham gritado a pouco, Usopp saiu correndo, com as mãos para o alto e bradando:

– Fantasma!

Na manhã seguinte, depois da conta paga e os suprimentos carregados, Usopp contava aos amigos o ocorrido mas é claro que ninguém acreditava na história dele.

~.~.~ Fim ~.~.~

Clichêzinho é bom e tudo mundo gosta, né? Assim espero!

Se chegou até aqui, te agradeço pela leitura! ^_~

Amanda Catarina

15-10-2019.

O mais assustado(r)Onde histórias criam vida. Descubra agora