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Alguém um dia me disse que o passado era responsável por quem somos hoje. Se isso realmente for verdade, meu passado me transformou em um monstro.

Eu costumava ter sorrisos sinceros no rosto. Agora nem sei mais a sensação para se dar um sorriso assim.

Nem a luz do sol me alegrava, minha mãe dizia que meu sorriso brilhava mas que o sol, acho que agora o sol retornou para seu altar. Fui obrigado a me levantar, tinha que trabalhar.

Fui até o banheiro, tomei um banho e escovei os dentes. Ao terminar me olhei no espelho, meus olhos com olheiras pelas poucas horas de sono fazia contraste com meu cabelo escuro, me deixando mais deprimente do que já estava. A esperança que havia em mim tinha se acabado.

- Desculpe omma, acho que te decepcionei. - Era deplorável me ver naquele espelho e não reconhecer o reflexo.

Saí do banheiro e me vesti, peguei minhas chaves e fui em destino ao trabalho. Eu trabalhava em uma floricultura, a única que existia na cidade inteira. A dona era uma velhinha super meiga, ela fazia chá para mim nos dias frios, e nos dias quentes ela me trazia suco, e isso sempre me fez ficar mais a vontade perto dela.

Eu gostava de trabalhar ali, de alguma forma sentia a presença da minha mãe comigo, ela amava flores, e isso me motivava a cuidar das plantas com todo o cuidado.

O lugar não era tão longe da minha casa, então sempre ia caminhando. Ao chegar até lá, a sra. Hee me esperava com um sorriso no rosto.

- Bom dia sra. Hee! - Fiz reverência.

- Bom dia pequeno Hobi! Temos muito trabalho para fazer hoje! - A mais velha sorria acolhedora e serena.

- O lote da semana passada está chegando? - Na semana passada fizemos pedidos de mais flores. As flores vinham da fazendo da sra. Hee, era de um dos filhos dela, a fazenda era enorme e muito famosa por aqui, por causa da qualidade.

- Isso! E minha neta vem aqui ajudar também! Ela já deve estar chegando! Venha entre! - Ela sorriu e foi para dentro da floricultura.

  A sra. Hee sabia que eu não gostava muito de pessoas a mais na floricultura. Elas sempre acabam atrapalhando mais do que ajudando.
A sra. Hee sempre respeitou isso e essa é a primeira vez que ela traz alguém para ajudar, realmente deve ser muita coisa para arrumar.

Hoje não era um dia muito bom, meu braço não estava muito legal. Desde o acidente ele não era como antes, nunca tive tanta força nele. Fazia 17 anos desde o incêndio, fazia 17 anos que eu tinha perdido minha mãe. Foi difícil viver sem ela, fui morar na casa dos meus avós, só que eles também partiram quando eu completei 17 anos. Meus avós me deixaram algum dinheiro, comecei a trabalhar e juntei mais um pouco de dinheiro e comprei um apartamento. Estou me virando.

- Querido, a minha neta já chegou, por que não ajuda ela com as malas? Preciso atender o telefone. - A velhinha parecia feliz.

- Pode deixar! - Fiz reverência e fui até a saída da floricultura.

E vi uma garota quase da minha altura, cabelos curtos e negros, abarrotada de bagagem.

- Obrigada senhor! - Ela agradecia ao motorista de táxi.

Fui até ela e tirei as malas de seus braços. Ela me olhou de forma estranha.

- Sou Jung Hoseok, eu trabalho aqui, a sua avó me pediu para te ajudar. - Falei sem esperar pelas perguntas.

- Ah! Prazer Jung Hoseok, meu nome é Myung-Hee! - Ela sorriu de forma que suas maçãs do rosto fizeram os seus olhos se fecharem.

Parecia com o sorriso da minha mãe.

You Are | Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora