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" - Hoseok! Foi você que comeu todos os biscoitos que comprei para o mês?! - Minha omma veio até mim furiosa.

Minhas mãos estavam sujas dos biscoitos, e as sacudi discretamente.

- Eu? Não sei do que está falando omma! - Me fiz de desentendido.

- É feio mentir Jung! - Ela apontou pra mim brava. Abaixei a cabeça.

- Desculpe omma, fui eu sim...

- Agora estamos sem biscoitos por um mês e não temos dinheiro para comprar mais!

- Eu fiquei com vontade, e quando vi, Já tinha comido todos! Desculpe omma! - Olhei para ela, meus olhos estavam lagrimejados.

Ela ficou me olhando por um tempo.

- Tudo bem meu amor, sei que não foi por mal, só não repita isso, você precisa comer direito para crescer forte e saudável! - Ela me pegou no colo.

Eu sorri e a abracei.

- Te amo omma!

- Também te amo minha esperança!"

- Não precisa falar nada, só vamos voltar ao trabalho...

- Não consigo imaginar o quanto deve ter sido doloroso passar por tudo isso...

- Não quero mais falar sobre isso. - Voltei ao meu trabalho.

Virei as costas completamente para Myung Hee, ela ficou parada por um tempo, esperando eu voltar a falar com ela, mas como isso não aconteceu, ela também voltou ao trabalho. Acho que ela ficou desconfortável com tudo aquilo, a culpa não era dela, ela só ficou surpresa.

- Desculpe. Não queria te tratar mal, é só que eu fico muito desconfortável falando disso... - Falei com tom de arrependimento.

- Tudo bem... - Ela falou baixo ainda borrifando água nas mudinhas.

- Myung Hee, no que você estuda? - Perguntei apenas por me sentir constrangido pelo acontecimento anterior.

- Faço administração, meu pai quer que eu siga os caminhos dele... - Ela se levantou e buscou mais caixas para fazer o mesmo que já estava fazendo, mas ela parecia triste.

- Não é isso o que você quer? - Perguntei a olhando bem, quando toquei nesse assunto seus olhos pararam de brilhar, e o sorriso o qual me lembrava tanto da omma desapareceu.

- Não é isso! É que é complicado... Desde que a omma ficou doente eu sinto que administrar a empresa não é para mim! - Após falar ela deu pequenas mordidas na gengiva perto da boca, ela parecia nervosa.

- Então não é o que você quer? - Retornei a perguntar e dessa vez sentei a frente dela.

- Não, me apaixonei pela neurocirurgia! - Ela sorriu abertamente, e por um segundo eu vi direitinho a minha mãe sorrindo, não disse nada.

- Medicina né! - Falei e a garota a minha frente se animou mais ainda, sorriu sem graça, e enquanto ela sorria meu coração ia se alegrando.

Acabei sorrindo também, sorri abertamente, aquele sorriso parecia tanto com o da omma que eu não pude me conter e nem quis, eu tenho tantas saudades dela. Senti meus olhos marejarem.

- Jung Hoseok, você tá chorando? O que foi? - Ela se preocupou.

- Não é nada! - Ri da reação dela. - É que faz anos que eu não me sinto a vontade para socializar, só que com você é diferente! - Olhei bem no fundo dos olhos escuros de Myung Hee.

- Fico feliz por isso Jung Hoseok!

- Me chama de Hobi! - Falei mais animado.

- Okay! Hobi, seu sorriso é lindo, por favor sorria para mim mais vezes! - Ela sorriu abertamente e voltou ao trabalho.

...

- Vocês dois se deram bem? Você parece feliz pequeno Hobi. - A sra. Hee colocava as últimas pastas dos relatórios de entrega nas gavetas organizadoras.

A Myung tinha ido embora, ela estava cansada, a viagem foi longa.

- Sim, acabamos nos entendendo. - Saí com ela de sua sala.

- Que bom pequeno Hobi! - A velhinha sorriu, satisfeita.

- Por acaso a senhora tem algo a ver com isso? - Falei brincalhão.

- Claro que não! Por mais que eu ache que está na hora de você encontrar alguém, eu jamais faria algo assim! - Ela se defendia enquanto se apoiava no meu braço.

A sra. Hee sempre quis me juntar com alguém, ela dizia que eu merecia ser feliz com alguém, e eu já estava na idade para isso.

A Myung me trouxe tanta coisa boa hoje, a companhia dela definitivamente me fez bem, aquele sorriso, ahhhh o sorriso, me lembrou de tantas lembranças boas da minha mãe, e aquilo aqueceu meu coração. Acima de tudo, Myung era insistente! Ela não se chateou e nem desistiu quando a tratei mal. Mas tinha algo que me atraía a ela mais que tudo, a alegria. Aquela garota exalava alegria, em cada fala, em cada movimento, tudo tinha alegria!

Alegria era algo que eu não tinha há 17 anos! Pelo menos até hoje, porque eu estou feliz, eu me sinto feliz. Por ter lembrado dela, e por ter conhecido alguém que exalava alegria a ponto de me contagiar.

- Eu estou de olho na senhora! - Apertei meus olhos, fazendo uma cara de desconfiado.

A senhora riu, e assim ela entrou no carro para ir para casa, e eu segui para a minha. E novamente a tristeza invadiu o meu peito, novamente eu me senti sozinho, afinal eu estava... Lembrar de tudo o que vivi hoje não foi o suficiente para tirar essa tristeza que me consumiu há tanto tempo.

...

Mais um dia, e ele não era bom. Para mim significava que mais uma vez eu teria que viver sozinho.

Me levantei, me arrumei e fui para a floricultura, a Sra. Hee e a Myung já estavam lá. Elas estavam arrumando o galpão principal.

- Bom dia pequeno Hobi! - A velhinha me comprimentou alegre. Myung se levantou do chão e me olhou.

- Bom dia Hobi! - Ela sorriu para mim.

- Bom dia. - Falei por educação. Fui para o galpão que estava sendo preparado e botei minhas luvas de jardinagem, e continuei arrumando.

- Você tá bem? - Ouvi a voz de Myung ressoar. Eu só queria dizer a ela "não, eu não estou bem." Mas eu nunca tive coragem de dizer a verdade para ninguém.

- Estou. - Falei baixo, mais uma vez eu menti, e eu mais uma vez me senti extremamente patético.

- Hobi! - Ela aumentou levemente o tom de voz, era como se ela não tivesse acreditado em mim.

- Oi? - Me virei para ela, ela estava preocupada?

- O que aconteceu? - Ela se aproximou com os braços cruzados, e com as sobrancelhas franzidas.

- Nada! - Voltei ao que estava fazendo. Algo dentro de mim não me deixava falar o que eu realmente sentia.

O telefone de Myung tocou, e ela atendeu. Se afastou de mim e foi para o canto da sala. Ela somente respondeu seu nome no telefone, com certeza alguém perguntou. Depois ela se agachou no chão, passou a mão em seu cabelo, seus olhos se arregalaram, e depois ela agradeceu e desligou o telefone.

- Myung? O que houve? - Me aproximei dela, eu me preocupava com ela, ela não me julgou pelo o que eu aparentava ser.

- Hobi, minha mãe morreu.

You Are | Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora