Theríon

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"I'm friends with the monster that's under my bed
Get along with the voices inside of my head
You're trying to save me, stop holding your breath"

"I'm friends with the monster that's under my bedGet along with the voices inside of my headYou're trying to save me, stop holding your breath"

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Elora sentiu dedos deslizando pela sua nuca e despertou sobressaltada. Seus sonhos naquela noite tinham sido uma mistura de olhos coloridos a observando da escuridão, olhos que não a assustavam, mas que lhe deixavam aflita. Parecia que lhe aguardavam, parecia que lhe chamavam, todavia, a fêmea não sabia aonde buscar. Que bestas eram as donas daqueles olhos que lhe clamavam? Ela ousaria responder a esses chamados? 

– Elora! – A voz de Kallias soou próxima ao seu ouvido e ele a segurou com as mãos gélidas. Elora nunca sentira a pele dele tão gelada contra a própria. – Elora, você está queimando... O que houve? Estava tendo pesadelos novamente? 

Era raro que Elora tivesse pesadelos na Invernal.  A última vez que tivera um pesadelo ali fora por conta da intensa referência a Baia da água negra, aonde Phelan a levara certa vez na infância para apavora-la. Território humano, agora, mas sem uma única alma humana habitando. Ela não chegou a pisar no território da baia e Phelan sorrira com deleite ao ver os olhos arregalados, os lábios entreabertos e a maneira como Elora focara na área. 

Ele tinha achado que era medo. 

Elora estivera fascinada. 

Aquelas bestas que vira de longe fizera sua própria magia se fomentar pela primeira vez. Tinha apenas seis anos, mas tudo em si vibrara de ânsia. Sua mãe percebera a verdade e lhe chamara ao canto antes de se recolher. Explicara sobre o dom que despertara nela, mas explicara que era um dom tão fraco que ela apenas conseguia entender a intenção das bestas. Ordenara que mantivesse aquilo em segredo, pois não sabia a intensidade que despertara em Elora. Não seria muito, é claro, mas poderia ser mais do que o conveniente. 

E ela manteve. 

Até... 

– Elora? – A voz de Kallias a despertou das memórias. Ela piscou e balançou a cabeça. 

– Não tive pesadelos. Sonhei com criaturas, apenas. – Sussurrou baixo e ele passou os dedos de maneira tranquilizadora pelas suas costas nuas. 

Elora queria dizer-lhe que não estava nervosa e nem com medo. As bestas jamais lhe causariam medo, ao contrário dos homens, pelo fato de com bestas ela nunca precisar ser nada além dela mesma. Das bestas nunca irá receber condenação, preconceito ou julgamento. Perante as bestas você pode mostrar a realidade do seu ser: Sangrenta, visceral e sincera. A besta irá apenas rasgar o próprio peito, mostrando-lhe realidade semelhante. 

Mas ela não disse nada. 

Nunca dizia. 

Deixou com que Kallias pensasse que a estava consolando. Que ela precisava ser consolada. Deixou que ele a levasse de volta para a cama e a desse prazer com seu corpo. Normalmente, estar nos braços de Kallias era a melhor interação com um homem que Elora tivera toda a vida, mas naquele dia... Naquele dia, só haviam olhos de bestas em sua mente. 

Queen of beastsOnde histórias criam vida. Descubra agora