Elora foi uma criança nascida décadas após uma grande guerra. Nunca viu o sangue, a escravidão humana e nem o poder dos guerreiros que marcaram uma era. Filha de um Grão - Senhor, irmã de um Grão - Senhor, ela foi educada e moldada para ser subservi...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
"I tried to hold these secrets inside me My mind's like a deadly disease"
Elora subira para o próprio quarto naquela manhã com a consciência de que não deveria ser vista pelos corredores. O olhar de Fyro, pura preocupação, para ela quando entrou no quarto delatou que a acompanhante a esperara ali a algum tempo. Jamais perdia os horários com Eris, assim como Elora jamais perdera os dela com Kallias ou Hadassa com Helion, mas por alguma insanidade aquilo que acontecera entre ela e Cassian saíra de controle.
— Esse vestido deve ser queimado. Tem cheiro de Illyriano por toda parte nele, fora o sangue na manga e o corpete rasgado. — Fyro informou quando Elora perguntou o custo daquilo. Não havia julgamento na voz de Fyro, nunca havia... Aquela fêmea era quem a encontrava manhã após manhã no próprio quarto, ainda arfante, pálida e suada de pesadelos. Ela mantinha os olhos baixos por respeito a privacidade da senhora dia após dia. Fyro era quem escondera os lenções e colchoes retalhados por garras, assim quem via o fato de que Elora não conseguia mais conviver propriamente nem sequer com o próprio irmão. Amava e temia o irmão, assim como ao amante, em proporções idênticas. Haviam apenas duas pessoas naquela terra que chegavam perto de conhece-la a anos. Essas pessoas eram Fyro e Hadassa. —Senhora, permita que eu peça para Eris faze-lo?
— Não é bom que ele sinta o cheiro do sangue do general na minha roupa, Fyro. —Eris não poderia sequer suspeitar do que ocorrera, sob hipótese alguma. — Eu irei resolver isso.
Fyro assentiu e Elora se encolheu na penteadeira, nua em pelo, observando a vermelhidão em seu pescoço, assim como a marca de dentes em seus seios. Céus... O desejo que ela sentira não se comparara a nada que alguma vez tivesse sentido. A forma com que se deixara levar nos braços dele... Lembrou de como Cassian insistira em que ela o chamasse pelo nome e viu naquilo mais do que o desejo. Viu a maneira como ele se despia daquele cargo com qual não nascera. Ele tinha vindo do nada, como ele mesmo lhe contara, então não teria sido surpresa caso se tornasse absolutamente arrogante por sua subida ao poder.
O oposto ocorreu, todavia.
E, de repente, se arrependeu por jamais ter pedido pra Fyro chama-la de algo que não Senhora. Senhora, um posto que nem sequer lhe pertencia de fato, mas que ela mantivera como uma distância tática de todos. Hadassa era a única fêmea que não lhe tratava com formalidades e que lhe era próxima. Fyro merecia a mesma cortesia, principalmente por ser a única que estava com ela no dia - a - dia.
Mas Elora fora ensinada a nunca ter proximidade com criados. Nunca ser amiga, colega ou nada senão uma patroa rígida a ponto de acatada imediatamente. Vira a mãe ser uma Senhora distante perante suas aias e acompanhantes. Fora ensinada que os criados não eram confiáveis o suficiente para terem aquele acesso íntimo. Não, Fyro não entrava em seu quarto sem bater e não, ela não sabia o que havia em seu banheiro, mas não era ela que via os demônios em seus olhos todas as manhãs? Ela não era amante de Eris, que era seu amigo, exatamente como ela era de Kallias? Elora acobertara Fyro e Eris tantas vezes quanto acobertara Helion e Hadassa.
