Scenery; TJ

Palavras{Você diz que sou dono das suas palavras,mas você é dona do meu coração}

Palavras {Você diz que sou dono das suas palavras, mas você é dona do meu coração}

"Você pode amar, você pode amar
Você pode amar a versão de mim
Que eu não deixo, não deixo
Não deixo mais ninguém ver?
Que não é feliz o tempo todo
(...)
Que não pode sair da cama às vezes
E quando eu olho para mim como se eu pudesse chorar
Porque eu tenho alguns traumas (...) "
[VERSION OF ME; Sasha Sloan]

Jane está estranha.

A dias ela anda inquieta, parece angustiada e seu caderno - o fiel escudeiro das horas de inspiração - já não se encontra à mão, como é o habitual.

Quais seriam os motivos de tanta inquietação e nervosismo? Será que fiz algo e não me lembro?

"Tae?" Sua voz se faz presente,tirando-me de meus devaneios. Ela está apoiada na porta do quarto, tímida, bem diferente da sua postura normal.

"Sim?" Digo, observando cada detalhe e movimento seu.

Eu sei, é algo meio assustador quando faço isso, como quando antes dela acordar, admiro seus detalhes mais secretos que só eu conheço, até algo em minha cabeça gritar e dizer: "para de ser estranho, Taehyung!". E é nesses momentos em que pergunto o que ela viu em mim.

Sou alguém tão estranho, como ela aguenta me escutar? Mas quando digo isso ela simplesmente abre um sorriso e diz: "você é peculiar, igual à uma criança descobrindo o mundo, amor. Eu gosto disso. Responderei qual quer que seja suas perguntas - simples ou não."

Acho que é por isso que me apaixonei desde o princípio. Seus olhos contém uma sinceridade singela, seus gestos sempre são transparentes e simples com um significado indizível e ela iradia a beleza mais bela de todo o mundo.

Jane definitivamente é um mundo a se descobrir e a se cuidar, de cada parte sua: dos mais secretos aos mais evidentes.

"Taehyung?" Sua voz novamente invade meus ouvidos e percebo que me perdi, mais uma vez, entre meus pensamentos sobre ela.

Mas dessa vez noto seu olhar para mim: como se procurasse uma luz no fim do túnel. Ela vem em minha direção e simplesmente me abraça, como se pedisse para ser coberta de tudo que existe em volta. Acaricio seus cabelos, sentindo sua respiração.

"Ei, o que houve?" Falo com minha voz mais suave possível. Posso sentir o sorriso simples e apagado que se instala em seu rosto e ela me abraça mais forte.

Sem nenhuma palavra, faço o mesmo e ficamos ali, sentindo um ao outro, no infinito finito das horas.

🌃

Estamos deitados no chão da varanda. Enquanto seus olhos se iluminam vendo cada estrela no céu, os meus se apaixonam ainda mais por sua aura tão bela.

Desde que nos separamos do abraço e deitamos aqui, ela não disse nada. Somente "É só uma melancolia passageira, logo irá passar", com o olhar parcialmente nublado, sem o sorriso.

Pego sua mão no embalo do momento e ficamos assim: as mãos entrelaçadas e os dois observando estrelas; ela com os astros do céu, e eu contemplando a estrela que alguém muito além do meu imaginário teve a compaixão de me presentear.

Pois é isso que ela é: um presente dos céus para esse pobre mortal, que antes, era desprovido do verdadeiro amor.

"O que houve com você? Está diferente, dispersa..." Comento em um sussurro enquanto toco meus lábios em seu ombro, fazendo círculos que poderiam ser os portais para saber o problema que a aflige. Posso vê-la arrepiar diante do meu ato, e me concentro em não sorrir, percebendo meu efeito sobre ela.

"As palavras parecem ter fugido de mim, Tae..." me afasto minimamente para encarar seu rosto.

"Duvido, suas palavras são mágicas, Jane-ah. Digo isso porque pude sentir todo o sentimento que li em seus manuscritos."

Ela se apoia nos cotovelos, me encarando com uma expressão divertida, mas ao mesmo tempo surpresa.

"Andou me espionando, Kim Taehyung?" O sorriso tão conhecido por mim ilumina novamente seu rosto e não me seguro, acompanhando junto seu sorriso.

"Talvez..." respondo selando um beijo em sua bochecha. "Li durante à noite, sei que você não gosta que eu faça isso, mas-" Continuo, tímido por ter confessado meu "crime". Mas sou surpreendido por seus lábios, que se grudam nos meus, relembrando o quão bom é senti-la perto.

O beijo é lento e posso sentir seu sorriso entre o beijo assim como o meu. Suas mãos passeiam por minhas costas até a nuca,embrenhando sua mão em meus fios. Peço espaço para aprofundar o beijo e ela cede, fazendo-me escutar o cantar dos anjos quando enlaço sua língua com a minha.

Ela se separa sem abrir os olhos, ainda sorrindo. Encostamos nossas testas, recuperando o fôlego. Sua mão acaricia levemente meu rosto e a outra faz um afago gostoso em meus cabelos.

"Sabe, acho que acabei de recuperar as palavras que me faltavam." Ela se afasta e sinto falta do seu corpo ao meu lado.

Some para dentro do quarto e sei o que procura, tendo meus pensamentos confirmados quando ela se senta na cama, com a visão voltada para cá, as pernas cruzadas parecendo um índio e o caderno tão conhecido em mãos.

Me encosto na grade da varanda sentado no chão e cogito pegar minha câmera para captar sua forma mais singela quando escreve, mas prefiro apenas observá-la, guardando-a em silêncio e eternamente em meu coração. Pois sei que daqui ela nunca sairá.

Seu olhar cruza com o meu e entre um sorriso (que retribuo calorosamente), sua boca profere a frase mais encantadora que alguém poderia me dedicar:

"Você é dono das minhas melhores palavras, Taehyung. Dono de cada parte minha..."

Ah, J. , e você é dona da minha alma e meu coração...

~♥~

[N/A]:  Esse conto foi escrito a alguns meses atrás - em Outubro - e, sinceramente, não achei um dos melhores, acho que não ficou muito fácil de entender - e nem ficou tão bom. Mas foi o que consegui postar com esse bloqueio que estou enfrentando :'(
Espero que tenha ficado razoável. Desculpem se estiver ruim.