Carta 3: Alexia

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Oi, estou aqui pra te falar como estou, pra te explicar, se tem como explicar, o que estou prestes a fazer, caso você ache que o que vou fazer não tem sentido. Só o que peço é que leia, com muita atenção. Não pare no meio dessa carta pra me ligar, ou me procurar. Não antes de ler TUDO o que está escrito aqui, tudo bem?

Eu não me importo se o que eu faço comigo é "errado", ruim, algo que vai acabar me matando. Eu não me importo com mais nada.

Quando eu faço isso eu me sinto livre... Eu não sei como explicar, mas eu me sinto bem, feliz, livre, e, o que eu mais gosto, entorpecida.

Esse paradoxo de, tipo, sentir que você não está sentido nada é um dos meus sentimentos preferidos. Confuso né? Mas eu sou assim.

Se eu pudesse desligar todos os meus sentimentos eu não hesitaria em fazer isso. De qualquer maneira eu acho que é totalmente inútil ter sentimentos.

Isso aqui deveria ser uma carta, mas eu não estou fazendo isso.

De qualquer jeito, porque eu não posso fazer o que eu quero? Digo, eu acho que se nós não estamos bem, se nós não queremos sair da cama, se a gente acordar muito mal nós deveríamos ficar em casa, o dia todo na cama até ficarmos melhor. Eles nos forçam a fazer coisas quando tudo o que queremos é chorar. Isso é cruel. E é inacreditável como eles não se importam.

Bem... as pessoas são cruéis de qualquer jeito.

Sabe, as vezes eu queria que eu estivesse morta, e as vezes eu desejo que eu nunca tivesse nascido.

Esse texto não faz nenhum sentido, certo? Yeah, eu sei. Mas pra mim sim. E eu não faço ideia como ou porque. Yeah, não me pergunte.

As vezes eu sinto como se eu estivesse caindo. Eu sinto como se eu tivesse me jogado de uma ponte e eu não me importo se tem alguém pra me pegar. Eu só pulo e caio. E continuo caindo em um buraco que não tem um fim. É tudo preto. Somente preto. Silêncio. Nem meus próprios gritos eu consigo ouvir. Na verdade ninguém me escuta. Eu somente não me importo. Não mais.

Eu só quero chegar no fim, no fundo, e ver o que está lá esperando por mim.

E é por isso que eu estou fazendo isso. Eu quero descobrir. Eu preciso descobrir, eu preciso chegar no fundo. E eu vou.

Mas para descobrir eu preciso parar de escrever e fazer o que eu preciso fazer.

E é aqui que eu me despeço.

Me desculpe por tudo.

Eu realmente, realmente te amo.

Eu vou sentir sua falta.

Por favor, fique bem.

Fique forte.

Com amor, Alexia.

Algumas cartas suicidas [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora