Prólogo

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 Nova Orleans — 31 de Outubro, 1930Respeitável Público!

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Nova Orleans — 31 de Outubro, 1930
Respeitável Público!

— É com grande honra que venho reuni-los aqui nesta grande noite. — Sua voz ressoava alterada e de grande ânimo, trazendo consigo todo seu entusiasmo para sua apresentação.
Como puderam ver nos folhetos espalhados nos postes por toda a nossa cidade, após vinte e cinco anos consecutivos ausentes nesta data, este será nosso primeiro espetáculo de halloween apresentado em nosso amado Wonderland Circus.

Um garoto robusto de cabelos escuros que aparentava ter em torno de oito anos levantou-se dos assentos de madeira da primeira fileira central, bem em frente ao palco daquela arena esticando seu braço direito, apontou seu dedo indicador em direção ao homem de vestes luxuosas diante de sua face enquanto balbuciava agressivo.
— No último espetáculo vocês disseram que não apresentariam por conta da Maldição de Alice!

As novas falas do cerimonialista não fazia-lhe conexões coerentes e por este motivo, o mesmo cruzou os seus braços recusando-se ser repreendido por sua mãe que o puxava pelas vestes para que sentasse-se novamente ao sussurrar seu nome.
Charlie, tenha bons modos, por favor.

O público permaneceu em silêncio, no entanto atentos para ouvir as próximas falas serem ditas como respostas ao garotinho; mantinham os seus olhos fixados em um só espaço, este que direcionava-se ao rosto do alto homem que utilizava uma cartola sobre seus negros cabelos que mais pareciam fios de ceda pelo brilho que refletia-o. Em combinação à sua vermelha vestimenta de veludo e apetrechos dourados que a cada movimento causava um pequeno foco de luz deslumbrante e chamativo o suficiente para deixar qualquer camponês atraído pela beleza daquelas joias, ele deu continuidade frisando sua emoção que enchia-lhe a boca para propagar a atração indescritível daquela noite.
O garoto tem completa razão! — Afirmou apontando seu cajado em direção à Charlie que assustado não hesitou em arregalar seus olhos.
Mas... hoje nós decidimos enfrentar esse mistério e o desmistifica-lo. — Prosseguiu com sua voz elevada do centro da arena para que todos pudessem ouví-lo ao abrir os seus braços.

Uma de suas mãos tocaram o tórax enquanto a outra retirava a cartola em forma de reverência.
Que o espetáculo se inicie! — Como outrora havia feito, manteve seu tom de voz no mesmo padrão.

   O espetáculo daquela noite continham participantes de todos os continentes do mundo, sendo esta a primeira estreia de circos dos horrores em Nova Orleans; desde o homem extra forte que conseguira carregar um elefante com apenas um dos braços, da mulher de duas cabeças até o homem sereia qual obtinha suas pernas juntas até a altura do joelho por um excesso de pele; este indivíduo qual o colocaram dentro de uma gigante caixa de vidro para mergulhar.
   Haviam pessoas com as mais diversas anomalias de impossível descrição, mesmas que eram escorraçadas de suas comunidades pelo medo que causara à quem as olhassem, juntaram-se agora para fazer o seu espetáculo e assim ganhar o seu espaço na sociedade em uma atração especial, mostrando ao público que o diferente é raro e sensacional.

   Após dado a iniciação, o Mestre de Cerimônia deu seus passos para trás, ainda de frente para o público ía de encontro ao homem extra forte, apresentando a história mística por trás de sua força inigualável, enaltecendo diversos pontos intrigantes de seu cujo passado. Atração que mais todos esperavam, afinal a propagação para tal qual havia sido uma das maiores já feita para Wonderland Circus.

   As luzes das lâmpadas penduradas ao lado de fora piscavam sem parar, no entanto a preocupação nem passara por sua mente.
   A chuva estava tão alvoroçada que seria comum que as luzes oscilassem sua iluminação já que a eletricidade não estavam em bom estado, e seus fios balançassem facilmente com o vento; até que finalmente tudo se apagou.
   O jovem da cartola tentava apaziguar com suas palavras confortantes os gritos que ecoavam por dentro da tenda, até que tomou conta de que não tratava-se de medo pelos relâmpago causado pela nervosa tempestade. Os relâmpagos iluminavam a noite, os estrondos dos raios ao cair sobre a terra parecia ensurdecedores. Em um dos clarões, ele pode enxergar sem precisão, dentre os gritos tortuosos que fazia-o perder seus sentidos, onde sua visão escura apenas permitia-o ver silhuetas; estas estranhas criaturas que mais pareciam terem vindos do inferno. Um homem com uma imensa cabeça de coelho que apunhalava as mulheres pelas costas com sua imensa tesoura.
   À procura por uma saída ao dar pequenos passos para trás enquanto seus olhos circulavam todos os cantos daquela tenda, formando diversos vultos que o levemente atordoava dentre o desespero que o seu peito causava-lhe ao temer que o pior estivesse de fato acontecendo, e que de nada terias controle ou adiantaria por fazê-lo, pestanejou fortemente em seu suspirar profundo, abrindo os olhos para visualizar o responsável pela respiração ofegante que aquecia suas maçãs do rosto ao permanecer em silêncio há um palmo de distância à sua frente; estava a silhueta, possuinte figura principal de seu maior espetáculo noturno.

Alice?

WONDERLAND CIRCUS - O Mistério Por Trás Das TendasOnde histórias criam vida. Descubra agora