Capítulo 3: Srta. Encrenca

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Quando deu a hora do jantar, me dirigi ao refeitório. Passei a tarde na companhia do meu primeiro amor, desfrutando de tudo o que eu estava precisando, amor, carinho, graça, consolo e alegria. 

- Oi, minha princesa! - minha mãe me disse assim que cheguei a nossa costumeira mesa. 

- Oi, mãe! - disse depositando um beijo na sua bochecha. Ela me olhou e como toda mãe, soube na mesma hora.

- Você vai me contar depois… Mas agora quero que me faça um favor. 

- Claro, o que deseja?! - disse com um sorriso sem acreditar em como ela me conhecia tão bem. 

- Quero que vá lá convidar o seu novo colega de classe para sentar com a gente no jantar. 

- O quê?? Mãe, como assim?? 

- Ora essa menina, assim! Ele está sentado numa mesa sozinho, lendo um livro. Não podemos deixá-lo sozinho!!

- Concordo que não seja agradável para ele, mas mãe, eu já sou a menina mais zoada desse acampamento! Você sabe o que as pessoas vão pensar e o tanto que vou ter que ouvir?? 

- Querida, o bom é que você só precisa se importar com o que Deus vai pensar de você, e pelo que sei, Ele vai ficar muito feliz em ver você obedecendo ao mandamento dele que diz: ame ao seu próximo como a ti mesmo! Afinal, acredito que você não iria querer ficar sozinha… 

- Tá mãe! - digo erguendo as mãos - Você venceu! 

- Então, vá logo, seu pai e Amy já devem estar chegando!

Me virei e comecei a caminhar em direção a minha nova missão… Agora mais do que nunca estava envergonhada pela minha falta de educação mais cedo. "É Pai, bem que você disse que teríamos que arcar com as consequências dos nossos erros…" - orei olhando para cima, ainda sem acreditar em onde eu tinha me metido. Cheguei a mesa dele e me sentei a sua frente, ele ergueu os olhos do livro e disse: 

- Algum problema? - não pude acreditar que ele começou o assunto da mesma forma que eu mais cedo, mas o encarando não vi descaso e nem zombaria, pelo contrário vi alguém que parecia se controlar para não rir, não sei dizer como fiz essa leitura já que seu rosto estava sério e atento, mas algo nos seus olhos parecia me indicar isso. Será que ele tem senso de humor, afinal? 

- Sim! - respondi no mesmo tom. 

- Então, Srta. Encrenca, - ele começa a falar, mas com meu olhar de indagação ele se explica - Você não me disse seu nome, portanto precisava de algo para me dirigir a você, e depois do que vi hoje a tarde, você combina com esse nome! 

- Ah, Sr.Simpatia, você não pode me culpar de tudo, já que não levou o diálogo em frente... nem imaginava que não sabia meu nome. - disse surpresa por sua audácia em me dar aquele nome. Ele deu um micro sorriso de canto. 

- Não sei se vou me arrepender disso, mas Srta.Encrenca, qual o seu problema? - ele pergunta aparentando divertimento. 

- Você! - respondo sem rodeios. E ele dá uma leve risada. 

- Ah, sabia que não devia me meter… Como posso ajudá-la com respeito a isso? Já que a última coisa que desejo no momento é caçar confusão, contigo. - ele diz a última frase se referindo ao show que havia dado de tarde. 

- Na verdade, estou aqui apenas como mensageira, já que minha mãe insiste que você nos acompanhe no jantar. E se você me acha uma encrenca… não queira ver a minha mãe! 

- Ou, ou, vai com calma aí! Acho que já vi o suficiente por hoje…

- Ótimo, Sr. Simpatia! - disse me levantando e me dirigindo a mesa de minha família, sem nem olhar para trás.

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