a garota que mais amei

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PRÓLOGO

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PRÓLOGO


Ali estava ela. Com seu pequeno caderno cor de rosa repleto de coisas fofas que sempre gostou de grudar nele. Segurando sua caneta com uma fita azul na ponta enquanto fitava o enorme parque cheio de crianças brincando enquanto suas famílias curtem em um piquenique o clima agradável da bela tarde que paira sobre o lugar.

Queria eu poder estar ali, assim como eles, com a família que, no fundo, sempre quis conquistar ao lado da garota que mais amei. Porém, como tudo é difícil e a crueldade que habita nas pessoas consegue ser maior que tudo, perdi a minha única oportunidade de se quer ser feliz um dia.

— Se você continuar aí, vai perder mais uma oportunidade — Alicie diz me tirando dos meus pensamentos dolorosos — Não é muito comum se ter uma segunda chance na vida, não como essa.

— Sabe muito bem que não posso. Não posso me aproximar dela.

— Onde tem um formulário alegando isso ? — Não olho para a minha amiga. Não quero perder ela de vista, mesmo sabendo que isso vai me machucar ainda mais — Não fique se torturando, Chris, sabe perfeitamente que não tem nada que te impeça de ir lá e tomar a mulher de sua vida em seus braços e viver como os pombinhos que são — Olhei pelo canto dos olhos para a loira ao meu lado.

Sei que ela tem razão. Ela tem toda a razão, contudo, eu não quero passar por tudo o que passei. Não quero que ela sofra outra vez, por minha causa.

Ela era e é a inocente disso tudo, e por minha culpa perdeu aquilo que mais lhe era importante.

— Já disse que não — Respondi sério, voltando a vigiar a morena que anota mais algumas coisas em seu caderno — Não vou começar tudo de novo, e não quero que ela passe por tudo novamente.

— E eu já disse que tudo já está acabado — Não respondo, ignorando totalmente Alicie — Ah qual é, Chris ? Vamos lá, você sabe melhor do que eu que não tem mais nada que possa feri-la, sabe que tudo está acabado, e que isso é apenas coisa sua para manter ela longe.

— Quanto mais longe, melhor. Melhor pra ela.

— Mas não para você — Suspirei cansado. Novamente ela com isso, martelando com uma coisa que já deixei bem claro — Não fique se martirizando, não se machuque desse jeito — Volto a encarar ela assim que sinto sua mão sobre a minha segurar firme por cima da mesa — Sou a sua amiga e só quero o melhor pra você. Não quero ver você assim, estou cansada de ver você sofrer sabendo que pode acabar com isso.

— Eu só não quero perder a garota que amo — Digo olhando dentro de seus olhos caramelo — Não me perdoaria se tudo voltasse e destruísse o de mais belo que construí.

— Mas se você não fizer isso agora, não vai poder nunca mais — Respondeu com o tom em súplica — Essa é uma segunda chance que a vida está te dando, não a deixe passar por medo do passado.

— Eu sei, mas... — Sinto seus dedos apertarem um pouco mais minha mão, enquanto seu olhar de carinho cai sobre mim.

— Não deixe o passado atrapalhar o seu presente e futuro — Balançou sua cabeça para o lado, a direção em que a minha linda menina está — Vai lá, e não deixe que nada te impeça de ser feliz.

— Mas... — Foquei meus olhos na morena que me fez feliz por tanto tempo, do outro lado, focada no parque e as crianças — Já se passou tanto tempo.

— Tempo esse suficiente pra você tomar a iniciativa de pegar ela de volta para si.

— Foram dois anos, não sei se ainda... au — Vocifero ao sentir o seu soco em meu ombro — Isso doeu.

— Você vai parar de ladainha ou vai lá reconquistar a mulher da sua vida ? — Pergunta séria, sem ao menos se importar com o meu olhar penetrante e mortal sobre ela — Eu só não quero ter que ver o meu amigo se definhar por não ter a mulher que ama de volta por falta de coragem na bunda.

— Está me chamando de fraco ?

— Não, exatamente — Balançou os ombros e se encolheu na cadeira do outro lado da mesa — Apenas seguindo com o ditado.

— Ditado ?

— De quem avisa amigo é — Respondeu me deixando pensativo — E se você continuar feito um manézão, vai perder — Olhou para o parque e segui o seu olhar — E acho que já está começando a se tornar real.

Meu sangue subiu rapidamente para a cabeça e ferveu. Talvez eu seja mesmo um manézão como Alicie disse, por estar deixando passar a minha segunda chance por puro medo.

Medo de um passado doloroso que, por pouco, não levou a minha garota.

Enchi meu peito e meu pulmão de ar, bebi em dois goles a bebida que estava na taça da minha amiga, mesmo aos resmungos dela, e me levantei tão quente como a bebida desceu queimando minha garganta. Senti a vibração em torcida vinda de Alicie e me apressei em ir até lá.

Eu irei começar tudo de novo, mas de uma forma diferente, afinal, é para isso que servem as segundas chances, e iria usar muito melhor do que da primeira.

Mesmo que seja difícil.

Eu irei tê-la de volta, e construir aquilo que derrubaram.

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