Beijando Miranda

Como Se Sente Ao Fazer O Diabo Amar?

Naquele momento eu não fazia ideia de como eu poderia voltar a respirar, Nate estava em minha frente, Miranda ao meu lado e me olhava de uma forma que eu queria chorar, não por ver sua decepção, isso também, mas às lágrimas que brotaram naqueles olhos claros, eu jamais havia visto Miranda chorar, nem mesmo seus olhos encherem d'água como naquele momento.

– Nate? – Perguntei surpresa e confusa quando consegui deixar de olhar para Miranda – O... O que faz aqui?

– Vim te buscar para irmos a um lugar – Meus olhos fecharam involuntariamente, aquilo definitivamente não podia estar acontecendo, não quando Miranda e eu voltávamos a nos acertar, não antes de esclarecermos tudo.

– Nate, eu não...

– Vá com ele – A voz de Miranda foi cortante e fria me interrompeu a olhei – No fim das contas sabemos com quem você sempre esteve.

– Miranda... – Ela nem ao menos importou-se, entrou no carro e em poucos segundos ele estava em movimento levando-a para longe de mim, olhei para Nate que apresenciara a cena.

– Interrompi algo?

– Não... – Respirei fundo – Fico feliz que tenha voltado.

– Venha, tenha que lhe apresentar a uma pessoa – Disse pegando-me pela mão me levando para um lugar que eu já não sabia se deveria ou não ir, precisava procurar por Miranda, precisava mais que tudo que ficássemos bem.

~BM~

O lugar que Nate me levou não ficava longe da Runway, na verdade ficava do outro lado da rua, entramos no restaurante aconchegante que havia ali e seguimos para uma mesa ao centro do local, onde uma bela mulher estava sentada, ela tinha longos cabelos loiros, olhos castanhos e um belo sorriso, levantou-se assim que nos aproximamos, ela levantou-se me puxando para um abraço apertado sem qualquer apresentação feita.

– É um prazer conhecê-la, Andrea – afastou-se me olhando – Nate me falou muito sobre você.

– Falou? – Perguntei confusa.

– Sim – Olhei para Nate completamente confusa.

– Andy, essa é a Olívia, minha namorada, bom... Noiva.

– Noiva? – Perguntei surpresa e então sorri – Oh meu Deus, Nate! – O abracei apertado – Fico tão feliz por você.

– Obrigado Andy, isso é muito importante pra mim – Ficamos longos segundos naquele abraço bom, eu sentia falta de Nate, mas não o Nate namorado, mas do Nate amigo, nos afastamos após o término.

– Eu quero saber de absolutamente tudo, como se conheceram, como foi o pedido de casamento, não deixem passar absolutamente nada.

Nos sentamos e começamos uma conversa animada, por poucos minutos esqueci de Miranda e de nossa briga, eu não fazia ideia se ficaríamos bem ou se deveria procura-la e explicar o mal entendido.

– Mas e você, Andy? – Olívia perguntou apoiando o queixo na mão me olhando de maneira curiosa – Conheceu alguém especial?

– Sim, eu conheci – Sorri triste – Namoravamos até algumas horas atrás, agora eu já não faço ideia do que somos.

– Andy... – Nate me chamou fazendo-me olha-lo, eu entendi bem aquele olhar, eu afirmei sem ânimo.

– O que? Eu não estou entendendo nada – Dei um riso sentindo uma lágrima cair e a enxuguei, Olívia era um pessoa maravilhosa, eu havia me fascinado com seu jeito, com certeza Nate e ela seriam muito felizes juntos.

– Precisa ir falar com ela, Andy.

– Eu conheço, Miranda, Nate – Sequei outra lágrima – Ela vai acreditar no que quer, além de tudo, hoje ela escutou quando eu e Nigel conversávamos sobre eu e você, ela escutou a conversa pela metade, eu afirmei que você não estava em Manhattan e então você apareceu na frente da Elias-Clark – Meu choro já tomava intensidade e eu já não conseguia mais segurar os soluços sôfregos que estavam presos em minha garganta, Nate me abraçou e eu deixei sair tudo o que sentia naquele momento.

~BM~

Eu jamais fui o tipo de pessoa que era corajosa, sempre preferi o que estava a minha disposição ao meu alcance, preferia as coisas simples, mas o fato de Miranda entrar em minha vida, havia me mostrado o quão bom e atraente o difícil e "impossível" pode ser.

Naquele momento eu estava sentindo meu coração bater de forma tão grotesca que eu pensava que pudesse rasgar meu peito, eu adentrava a casa de Miranda. Nate e Olívia havia insistiram para que eu fizesse aquilo e após me deixarem na porta da grande mansão foram embora me obrigando a prometer que ligaria caso algo ocorresse o oposto do esperado.

A casa estava completamente silenciosa, as luzes estavam apagadas no andar de baixo, subi dois lotes de escada e caminhei pelo longo corredor até o fim dele, a luz do quarto estava ligada, assim que abri a porta lhe vi sentada no divã no canto do quarto, seus olhos eram vagos, sua mão cruzada sobre a perna enquanto a outra estava em frente ao seu rosto, o pijama de seda azul pedra chegando a parecer cinza, seu rosto livre de qualquer maquiagem e seus cabelos lindamente bagunçados.

Soltei o ar, eu jamais saberia lidar com Miranda em suas formas, não importava, eu não me desapaixonaria daquela mulher jamais.

– Miranda – Sussurrei sentindo que choraria em algum momento.

– O que faz aqui? – Seu tom era gélido, cortante, doía como facadas lentas em meio a uma tortura de horas.

– Eu vim para conversarmos.

– Não temos nada o que conversar, Andrea – Disse ficando de pé e começando a se aproximar de mim, eu adoraria que ela me beijasse, mas isso não aconteceu.

– Miranda, não é nada do que viu, eu não sabia...

– Eu vi, eu ouvi, eu fui feita de idiota! – Pela primeira vez eu a ouvi gritar – O que fizeram antes de você vir até aqui e me pedir para conversarmos? Riram da minha cara enquanto bebiam vinho ou cerveja? Você foi clara quando disse a Nigel que estavam felizes juntos, depois me fez perder a raiva e então jogou na minha cara que eu havia sido um casinho qualquer para satisfazer a sua falta de sexo por ele não ser homem o suficiente para fazê-la gozar.

Miranda atirava as palavras em mim sem ao menos me dá o poder de fala, eu me sentia ferida, meus olhos ardiam, eu apenas a queria, nada além disso e ela não acreditava em mim, o que os fatos mostravam, não eram de fato reais.

– O pior não é esbanjar a relação maravilhosa de vocês – Disse me olhando com mágoa – Foi fazer com que eu me apaixonasse por você! Como se sente ao fazer o diabo amar? Pois é isso o que pensa de mim, não é? Está feliz por ter destruído o que eu me deixei construir?

– Para Miranda! – Gritei já não aguentando mais – Você está sendo ridícula, eu nunca traí você, nunca estive com outra pessoa depois que me apaixonei por você, mais pelo jeito você é incapaz de acreditar que eu AMO VOCÊ! – Eu já não conseguia controlar meu choro, eu já não me importava com nada disso – Eu me apaixonei por você mesmo sabendo que era impossível te ter, que não poderia ser, mas você é incapaz de retribuir isso – Senti o soluço ficar preso rn minha garganta – Cancele o meu contrato com a Runway, cancele eu e você – Tirei minha aliança e coloquei próxima ao divã que ela estava quando cheguei junto as chaves de sua casa e saí.

Não aguentava mais ficar naquela casa, eu precisa chorar sem precisar controlar nenhuma lágrimas e nenhum soluço. Precisava aceitar que Miranda e eu não existia mais e não tinhamos que ser.