Infelizmente, para alguns, não sou obrigada a fingir.
Conheci o Rei Leopoldo aos 17 anos e 6 meses, em uma reunião que decidiria o futuro de algumas minas do país e, ali mesmo, foi abordado o tema: o meu casamento com ele:
- É com grande prazer que desejo anunciar aos senhores nesta sala, que minha filha mais velha, a princesa Victoria, se casará com o futuro rei Leopoldo De George! - Disse meu pai, me surpreendendo. - Palmas para os noivos!!
- O quê? - Todos os olhares se voltaram para mim e para Leopoldo. Ele, estava calmo, e sorria de canto. Por outro lado, eu olhei assustada para meu pai.- Com... como assim?
- A reunião será encerrada por aqui. Obrigado.
-Meu pai, meu pai, eu não... - O segui pelo corredor. - como assim? Casamento?
- Filha, sei que não tivemos tempo de conversar, mas...
- Com licença, vossa Majestade. - Interrompe Leopoldo - Alteza.
- Bom, vamos para a sala da rainha, estão nos esperando. Quero dizer, esperando por vocês. - disse animado.
-Mas...
- Assim, os dois terão tempo de conversar antes da partida do Príncipe.
E assim se deu, não adiantou protestar. Nem mesmo a minha greve de fome ou o que eu inventasse para fugir. Então, comecei a encarar como um conto de fadas. Eu era feita de fantasias. Não via perigo.
Na verdade, escolhia não ver....
Depois que me casei, naturalmente, fui morar em Camélia. Eu sabia o que era viver em castelos.
Eu impressionei o povo com minhas habilidades de culinária, dança, música, literatura, política, nunca dei motivos para as pessoas duvidarem de minha capacidade como governante.
Agora eu era sua rainha e devia tentar convencê-los a me receber assim.
Eu sempre visitava as vilas, mas não era algo que eu faço só porque sou rainha, sempre gostei de ver como estão os súditos, mesmo que isso seja apenas observar os comerciantes na feira. Isso fez parte dos ensinamentos de minha mãe.
Ela sempre me dizia que para resolver um problema, é necessário conhecê-lo de perto. Para saber o que uma nação precisa, tenho que me esforçar em conhece-la. Por isso, mesmo com os esforços contínuos do Rei em me impedir de sair do castelo, eu ia até a cidade, sempre que possível. Tais visitas aumentavam quando ele não estava em casa.
...Alguém bate à porta.
- Eu atendo. - disse Maria.
- Vossa Majestade, com licença, sua majestade, o rei, solicita vossa presença no Jardim Leste-. Um guarda veio me avisar.
- Obrigada.
Eu e Maria nos entreolhamos. Ele nunca tinha pedido para me ver desde que chegou de viagem há vários dias.
Ao descer as escadas, vou em direção ao jardim leste, então, o encontro à minha espera. Seu semblante estava frio, de costas ele realmente parecia alguém que guerreava. Sempre mantinha o olhar sério. Ele estava de pé, de frente para a fonte. Ele provavelmente sente as minhas passadas e não espera eu falar:
- Então foi novamente visitar as vilas?!
- Sim, foi algo rápido parei somente para ver como estavam as coisas - Respondi nervosa e aflita pois, em seus olhos via que ele sabia que eu estava mentindo.
- Victoria, querida, - ele fecha os olhos, como se tentasse controlar os nervos - Já lhe disse que não deves visitá-los! Uma rainha não deve estar no meio de seres... simples.
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Em Busca do Sol
RomanceQuando uma rainha enfrenta os seus próprios segredos, o que pode acontecer? Victória é a rainha de Camélia. Casada com o rei Leopoldo há quase 10 anos, começa a enfrentar situações que a forçam a encarar a sua dura realidade. Depois de tanto tempo...