capítulo único.

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  Café é bom em qualquer época.

  Eu diria que é bom principalmente durante o verão.

  Gosto de ficar sentada no chão do meu quarto, com o ventilador ligado na potência máxima e com uma xícara de café em mãos, uma de cerâmica que eu comprei em um bazar no fim da rua, no ano passado. Ela tem alguns desenhos em amarelo que me lembram café.

  Meus amigos me acham estranha por isso. Mas sentir o gosto amargo e fervo do líquido escuro me trás uma paz interior, e de certa forma me esfria a alma. Na verdade, eu gosto de café em qualquer estação, durante qualquer horário. Acordo durante a madrugada? Uma xícara de café. Hora do almoço? Talvez um café no starbucks.

  Falando em starbucks, eu te conheci lá. perto da faculdade, uma cafeteria amigável, durante o inverno.

  Lá estava você, sentada em uma mesa no canto, bebendo chá. mas algo me chamou atenção.

  Chá gelado.

  Você bebia chá gelado de limão com hortelã, encasacada até o pescoço devido ao frio negativo no lado de fora do estabelecimento. não consegui conter um sorriso mínimo ao lhe observar os fios acastanhados caindo sobre o rosto, enquanto bebericava em seu copo grande e transparente. Suspirei e me sentei algumas mesas de distância, te observando.

  Nossos olhares se cruzaram e você desviou, me tirando uma risada baixa.

  Então nos vimos novamente durante esse verão, no início de junho.

  Lá estava eu, sentada no mesmo lugar da última vez, bebericando meu café fervendo enquanto sentia o rabo de cavalo que eu havia prendido durante a aula se soltar aos poucos, com os fios loiros caindo em minha nuca. Você se aproximou de mim e se sentou na minha frente, levando o chá gelado tradicional aos lábios, silenciosa e misteriosa, me fitando com os olhos cor de carvão. Exibi um sorriso confuso, largando a xícara na mesa e ajeitando meu cabelo.

  — Oi. — você disse, ainda me encarando fixamente. Acenei com a cabeça. — Você toma café no verão. — eu assenti.

  — E você toma chá gelado no inverno. — soltei uma risada nasalada, terminando minha bebida, logo apoiando a cabeça na mão.

  — É gostoso.

  — É estranho. — fiz uma careta mínima, ouvindo-a dar uma risada gostosa.

  — Son Hyejoo. — ela disse, não desviando o olhar de mim, esperando uma resposta.

  — Park Chaewon. — eu respondi, estendendo minha mão para ela, que apertou. Senti suas mãos frias tocar-me a pele e arrepiei os pelos do corpo.

  E na primavera, nos vimos novamente.

  Acabamos encontrando um momento perfeito para encaixar nossos hábitos estranhos. Nem tão frio, nem tão quente.

  O equilíbrio perfeito.

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