Capítulo 1

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Acordo por volta das 05:40, sinto meu corpo todo doendo, mas claro, as agressões de ontem tinham que deixar algo, não é mesmo? Me olho no espelho e ai sim me assusto com o que vejo, olheiras enormes de tanto que eu chorei, roxos pelo meu rosto e corpo.

Moro com meus pais, ou melhor, minha mãe e meu genitor. Meu pai quando eu era criança, era tão doce, tão amável, trabalhador nunca se quer aumentou a voz, muito menos a mão para mim ou minha mãe. Porém, com o passar dos anos, isso mudou. Ele sempre chega bêbado, drogado, e em um desses dias, acusou minha mãe, que chegou tarde do trabalho, de traição. Ele bateu na minha mãe, e eu com meus 8 anos, só sabia gritar, e gritar. Os vizinhos entraram e separaram a briga, mas depois de um tempo, isso virou algo tão constante, que os vizinhos já nem se metiam.

Minha mãe já pediu para se separar, pediu para ele sair da nossa casa, mas, ela apenas apanhou mais e mais. Em uma dessas vezes, eu entrei em sua frente para a defende, e apanhei o dobro que ela. Ali, pra mim, ele já não era mais meu pai. Era apenas o homem que colocou seu sêmen em minha mãe. Todos os dias é a mesma coisa, ele chega bêbado, bate em mim, ao menos, minha mãe é poupada disso.

Eu tenho o sonho de ser médica, de dar um futuro melhor a minha mãe, uma casa, condições. Ela trabalha limpando casa de traficante, um dos amigos do chefão. Isso me deixa preocupada, pois nunca sabemos o que está por vir. Segundo ela, ele a trata muito bem, como se fosse sua própria mãe, e isso deixa meu coração mais calmo.

Término meu banho, coloco minha calça jeans e minha camiseta do colégio. Tento de todas as formas tampar os roxos que estão em meu rosto, e em meus braços. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo, e estou pronta. Desço para a cozinha já encontrando mamãe fazendo nosso café, ela sai junto comigo, porém, fazemos caminhos diferentes.

- Bom dia mãe - Digo dando um abraço de lado na mesma.

- Bom dia meu amor, dormiu bem?

- Bom, sim, na medida do possível.

- Isso tudo vai passar minha filha, nos ainda seremos muito felizes. Estou juntando um dinheirinho, quem sabe assim podemos sair daqui, e tentar uma nova vida. - Disse sussurrando

- Tenho fé que sairemos sim!

Termino de comer, escova meus dentes, pego minha mochila e saio rumo a escola. As pessoas que passam por mim, algumas me olham com pena, outras com compaixão, e algumas me comprimentão. Subo a enorme ladeira, que no fim, da no colégio. Óbvio que não é um particular, é público mesmo, não é bom mas também não é ruim.

O sino toca e já entro na sala para não ter qualquer tipo de problema. Não sou uma pessoas excluída aqui, mas também não tenho amigas, apenas colegas de classe. Falo com todo mundo, e eles também falam comigo. Nunca arrumei qualquer tipo de intriga por aqui.

- Abram os livros na página 130, leiam e respondam as questões, para hoje!

Saco!

12:30, o sinal toca indicando o fim da aula. Graças a Deus! Eu já não aguentava mais. Saio apressadamente indo em direção ao meu trabalho, sim, eu trabalho. Consegui uma vaga de emprego no mercadinho do seu Osvaldo. Eu arrumo as prateleiras, e tudo mais. Ganho um salário razoável, que dá para pagar algumas contas, como de água e luz. Mamãe faz a compra do mês, e paga o aluguel, meu pai, bom, gasta o dinheiro que não temos.

Sinto que minha pressão baixou, pois o sol está muito quente, e bom, não comi nada pois não tenho dinheiro, e se eu tivesse, não gastaria assim, comprando besteiras na cantina, gastaria para comprar um arroz, um feijão.

Maurício, um carinha que trabalha aqui, me vê e logo corre para pegar uma água bem gelada e uma bolacha de água e sal. Isso já aconteceu algumas vezes, então, ele está acostumado.

- Pô Maju, você precisa comer, se alimentar direito. Deve está com anemia. -Diz me olhando preocupado

- Eu sei, mas você sabe como está minha situação, esse mês temos comida, pois o patrão da minha mãe nos deu uma cesta básica, caso contrário, não teríamos nada.

- A Maju, sabes que se eu pudesse, eu te ajudaria. Mas, você sabe, uma mãe doente e 4 irmãos, é difícil.

- Tudo bem, não se preocupe. Vamos ao trabalho? Estou melhor, muito obrigada.

xxx: tu que é Maria Julia? Filha de Eraldo?

- Sim? Quem é você?

- Braço direito do dono disso tudo. Quero bater um lero contigo, a sós. -Diz olhando pra Mauricio que já vai saindo de perto.

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