Minha dor.

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Eu não tenho uma vida adolescente comum, acredito que em qualquer que seja a fase da minha vida, eu não serei "comum". Muitos se doem por olhar no espelho e não ver ali, o que queria. Eu não sou muito diferente nessa questão, talvez, seja alguns dos pequenos pontos comuns que eu tenho com os outros. Com os normais. Ao olhar no espelho, eu vejo a parede. É, a parede. Aquela que está situada logo atrás de mim. Dói nunca ter visto meu rosto, meus ombros, minha pele. Dói nunca ter descoberto se me pareço com a minha mãe, ou com meu pai. Mas oras, alguém deve ter se perguntado; "por que estão não questiona a alguém sobre suas características?". Bem, a única vez que me viram, foi quando tinha torno dos meus oito anos de idade, e eu precisei fingir ser um amigo imaginário. Sim, imaginário. Nem falar eu podia, senão Sean ouviria minha voz e qualquer outra pessoa que estivesse por perto. Eu não brincava, só via ele se divertir e me contentava com aquele sentimento de solidão mesmo ao lado do meu único amigo. Ou talvez, eu esteja sendo egoísta de pensar que ele era o único. Poxa, eu tinha minha mãe. Mas ela não me via. Nunca me viu. Ela me ensinou que o verbo amar, é maior do que qualquer um de nós já paramos pra pensar.

Eu gosto de me sentindo encantado pelas histórias que eu ouço quando vou ao parque. Mesmo que seja invasão de privacidade quando me sento ao lado dos velhinhos e eles ficam conversando "sozinhos", eu gosto. Eles nunca me veriam, então tudo bem. É a única forma de sentir que estou menos solitário. Eu sempre tenho vontade de respondê-los, de dizer o que acho quando eles perguntam. Mas a coragem não é tão grande quanto a vontade, meu medo acaba trancando minha garganta e quando eu penso e consegui, eles foram embora. Sempre. S e m p r e.

Mas falando um pouco sobre o que eu atualmente vivo, bem...mudaram sim algumas coisas. Minha mãe morreu a cerca de um ano e meio, e meu pai desde então, partiu para fora de LA. Foi morar com a outra mulher e suas filhas das quais escondia da nossa família. Acredito que ele nunca me considerou filho, a não ser quando o peso na consciência de ter deixado um adolescente de dezesseis anos sozinho num apartamento. Ele me mandava e-mails perguntando se eu queria que ele voltasse para mim. Mas não, eu não queria, apesar de tudo. Eu gostava de me sentir só, para mim, minha mãe sempre esteve ali para cuidar de mim. E cara, pra que eu iria gostar de ter um cara que nunca nem me chamou de filho!? Não é rancor, eu gosto de pensar que não é. É justiça, só é justo pensar assim. E afinal, que desculpa ele daria a mulher dele e as filhas se viesse embora? Ele sempre me escondeu para elas...e nem esforço ele precisava fazer.

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