Após mais um dia normal preso dentro daquele apartamento – incrivelmente confortável, – decidi sair. Respirar um pouco e fingir ser uma pessoa normal. Ok, em certos momentos parece bem melancólico falar de tal forma. Portanto, é costume. Eu não consigo evitar.
Abri a porta devagar, olhando em volta para ver se não tinha ninguém no mesmo andar que eu. Na verdade, há apenas dois apartamentos a cada andar, mas a alguns dias passei a observar uma certa movimentação aqui. O que me assusta um pouco. Isso nunca aconteceu. Não mesmo. Fiquei alguns minutos esperando algum indivíduo passar pelo porteiro e abrir a porta, quando passou, corri até a fresta e passei também. O porteiro não estava nem lingando – estava ocupado demais com palavras cruzadas para se importar com cada um que passava ali por ele. – No entanto, voltei a caminhar pela calçada, observando pessoas eufóricas e algumas que nem do telefone saíam ao pedir uma comida nas lanchonetes móveis por LA. Eu não gosto de viver assim, não me encaixo a essa sociedade. Eles são ocupados, trabalham, estudam, vivem. E eu sou o Jeon...eu sinto, só sinto.
Me sentei num banco vazio em meio as árvores e fiquei acariciando a madeira do acento. Uma família logo na minha frente fazia piquenique. Mãe, pai, e três filhos. Isso me faz lembrar de coisas que não aconteceram, me da saudades de momentos não existentes mas que mesmo assim, eu criei na minha mente ao decorrer da minha infância. Quando entediado, eu saía juntamente a Sean e a família dele, contudo, apenas Sean me enxergava. E eu já nem ligava para isso. Até Sean crescer. Tive de parar, eu fui obrigado pelo tempo. Ele já era velhinho demais para ter um amigo imaginário, uh?
Foi ali então que comecei a me sentir mais sozinho, depois descobri o caso do meu pai com a moça de Massachusetts. É longe, sim. Mas ele dava desculpas de que viajava a trabalho, e como eu descobri? Passei uma semana em Massachusetts, após ficar em pé dentro de um avião durantes horas. Acredito que seja a uma coisa boa em ser quase inexistente. Ele e a moça formavam um casal lindo, e eu sentia que traía minha mãe ao pensar nisso. Me doía ser tão cruel a esse ponto. Por isso, eu tentava fingir não ver. Um ano depois disso, vi o mais velho conversar sobre a gravidez da amante, e o ouvi dizer "espero que Jeon não esteja por perto" diversas vezes. Tudo bem pai, eu não vou contar. Mamãe morreu, não tem mais como contar. E você tá aliviado por isso, não está?Quando ela morreu, ele não mostrou felicidade, mas também, não mostrou que estava triste pelo ocorrido. Ele só partiu, uma semana depois. Eu sabia, eu não me despedi. Ele não ligou, nunca ligou.
Após algumas horas ali pensando e sentindo meu coração apertado, me levantei devagar e voltei para o condomínio. Passei pelo porteiro sem me importar se ele perceberia a porta se abrindo ou não, e caminhei até o elevador. Me encostei no espelho e fechei meus olhos. Tendo pensamos melancólico e quase uma crise existencial dentro daquele quadradinho.
Quando a porta se abriu, vi um rapaz logo a minha frente, com um carrinho e algumas sacolas com frutas dentro. Ele tá olhando na minha direção. Para mim. Engoli em seco e fiquei parado, esperando que ele entrasse. Se ele fizesse isso, teria certeza de que não me enxergou. Mas não, ele estava ali, parado, na minha...frente. Quando respirou fundo, ouvi as frutas colidirem ao chão e olhei. A sacola rasgou...
- qual é? Vai ficar aí parado olhando pra mim? – perguntou num tom arrogante, olhando para meu rosto.
Naquele mesmo momento, eu congelei. Sentia meus órgãos todos contraindo dentro do corpo e querendo fugir pela minha garganta. Minhas mãos tremiam e meus olhos passaram a piscar numa velocidade incomum. Ele me vê, e aquele sentimento me dá frio na barriga, assim como a paixão.
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Invisível - JIKOOK
FanfictionTer que esconder seus sentimentos, seus sonhos e até mesmo as vontades do cotidiano por "não" existir para assustador, uh? Portanto, apenas Jeon vivência isso em meio pessoas a sua volta. Nunca se soube o porquê do tamanho azar. Se é que se pode cha...