Quando tudo parecia bem

1.7K 179 89
                                    

O animal deu um passo para frente, ao que por impulso Akutagawa acabou dando dois para trás, quando deu por si era tarde, já estava no chão com a pata do animal sobre seu pescoço, a outra vinha de encontro a seu rosto, mas por sorte ele conseguiu segurar com uma força que não soube de onde vinha. A onça porém era astuta e conseguiu render Akutagawa quando esse se cansou e acabou atortoado por uma parada na cabeça.
Atsushi chegou pouco depois para contra atacar o bicho com sua lança improvisada. Deu vários golpes no ar, afastando o animal, não realmente atingindo um ponto vital, sua intenção não era matar o bicho.
Mas acabou assustado quando viu o estado em que Akutagawa estava, com a roupa toda rasgada, o braço ferido e arranhões um pouco feios no rosto. Mas estava vivo, Atsushi arrastou o moreno até seu colo o pegando nos braços e o levou até o lago lavando suas feridas com cuidado, ouvindo o outro reclamar:

- cuidado, arde

Atsushi acabou rindo, se Akutagawa podia xingar é porquê estava fora de perigo e em seu estado normal.
Após terminar de cuidar o outro, Atsushi viu Aku pegar no sono em seus braços e sorriu aliviado e feliz por ter salvo seu amado.
Logo Atsushi também acabou dormindo, mas em nenhum momento soltou Akutagawa, com medo do que podia acontecer.

E ia, pouco longe dali alguns monitores e seguranças do orfanato estavam procurando por eles, alguns levaram consigo cães farejadores que latiam ecoando pela floresta.

No dia seguinte, Atsushi foi o primeiro a acordar, precisava encontrar o café da manhã, então pegou sua vara improvisada e foi pescar, tentou uma vez, duas, apenas na terceira vez pegou um peixe não muito grande. Voltou para onde estavam acampando e fez uma fogueira assando o peixe. Akutagawa acordou com o cheiro e sentou no chão aguardando ficar pronto. Assim que ficou pronto Atsushi repartiu dando o maior pedaço pra Aku, afinal o moreno precisava se recuperar, mas não só isso. O platinado já vinha fazendo isso desde o início, por isso já aparentava uma magreza excessiva, Akutagawa não tinha percebido, mas desta vez Atsushi estava sem camisa, foi inevitável.

- você está se alimentando pouco por minha causa.

Atsushi olhou surpreso para Akutagawa, não esperava que ele notasse e tentou desconversar:

- consegue andar?

Akutagawa assentiu com a cabeça e entregou o pedaço de peixe para Atsushi apanhando o menor.

- as morrer de fome eu o sigo até o inferno pra te matar

Atsushi acabou dando uma risadinha e levantou primeiro apagando a fogueira, então foi até Aku estendendo a mão.

- ainda tenho forças, posso te carregar

Isso fez o moreno corar e negar envergonhado, mas Atsushi não aceitou o "não" puxando Akutagawa para si e o apanhando no colo.

- eu disse que podia

Contrariado Akutagawa se deixou ser carregado e não pronunciou mais nada durante o caminho. Isso até que ouviram os cães latindo, já não tão longe. Atsushi acelerou em uma tentativa de corrida, mas com o outro nós braços iria atrasar. O moreno saltou no chão e puxou Atsushi pelo braço correndo.
Eles correram até perder o fôlego, dando em uma ponte, o que tinha do outro lado não sabiam, mas estavam sendo seguidos, era arriscar ou ser apanhados.
Atsushi e Akutagawa se entre olharam e deram um passo para frente ao mesmo tempo, logo estavam atravessando a ponte. Mas isso não impediu que continuassem sendo seguidos, Akutagawa resolveu os atrasar e mandou que Atsushi fosse na frente:

- eu o alcanço, sou mais rápido que você, lembra das corridas, não é?

O moreno sorriu de canto e apanhou um pedaço da ponte que estava quebrada os aguardando. Atsushi olhou para trás antes de proseguir, mas sabia que Aku não gostava de ser contrariado, saiu correndo na frente e torcendo que o outro o alcançasse, assim finalmente poderiam viver juntos e longe de seus problemas, de seu passado tão doloroso.
Um dos seguranças do orfanato alcançou Akutagawa que lutou contra ele, porém foi desarmado, logo chegaram mais dois e os cães os rodearam, como Aku odiava cães, começou a se debater no chão tentando espantar os cachorros, sem sucesso. Foi apanhado e estava sendo levado de volta ao orfanato quando Atsushi voltou correndo e deu um golpe com outro porrete na cabeça de um dos homens, eles soltaram Akutagawa para tentar se livrar dos golpes do prateado, porém a ponte acabou se partindo, Akutagawa só percebeu quando já tinha dado um passo errado, caindo junto com a parte da ponte partida. Em câmera lenta Atsushi viu seu amor caindo e fez menção em pular para ir junto com ele, mas um dos monitores do orfanato o agarrou impedindo e pulou com ele para fora da ponte, assim como todos os outros homens.
Atsushi não acreditou que estava perdendo Akutagawa, justo quando finalmente iriam ser felizes juntos, quando teriam uma vida de verdade.
Akutagawa se viu indo de encontro ao rio abaixo de si e fechou os olhos, lembrou de todos os momentos com Atsushi, tudo que passaram e sorriu, ele tinha vivido o inferno, mas ao lado de alguém como o seu albino aquilo valeu a pena. O que ele não aceitava era o fato de Atsushi ter de voltar para aquele lugar. Akutagawa pensou:

- se eu não morrer...eu vou te buscar, Atsushi.

Logo suas costas bateram contra a água fazendo um barulho alto, mas não era desconfortante. Akutagawa voltou a fechar os olhos e começou a afundar. Logo tudo tudo ficou escuro e ele...não viu mais nada.

Atsushi chorou o caminho todo de volta, ele não queria voltar para aquele inferno, mas pior ainda, não queria voltar sem Akutagawa. Viver lá já era ruim, sem o outro seria uma tortura, ele sabia que não iria aguentar. Mesmo assim estava sendo arrastado a contra gosto.
Logo avistou a torre que ficava atrás do orfanato e parou frente a ele se ajoelhando no chão, colocou ambas as mãos frente ao rosto e começou a chorar.

Continua...

Nota: eu demorei, mas aqui estou eu e essa era a surpresa que estava reservando.
Não sei se realmente ficou bom esse capítulo, mas pode ter certeza que eu tentei fazer o melhor.
Esse capítulo teve a colaboração de: Kuroo2. Obrigada pelas idéias ^^
Talvez o próximo seja o final, então até lá

Não rejeitei seu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora