Se você é menina e tem mais de 15 anos, a estáticas feitas pelos meus estudos é de 100% de chance de já ter sido magoada por alguém do sexo oposto, mas essa decepção não se restringe a somente relações amorosas, no meu caso a minha primeira decepção em relação aos homens, foi meu pai!
Se você tem uma relação boa com seu pai, se ele é um amor de homem, honesto, digno e carinhoso você é uma baita de uma previlegiada, e agradeça a Deus, não importa seu Deus, mais agradeça. Porém se você é como eu e seu pai já errou e te magoou muito, vem aqui vamos bater um papo de menina.
Acredito que contextos são importantes... Nós morávamos em um bairro pobre de uma cidade rica, nossa situação econômica nunca foi das melhores, passei fome, teve uma época que vivíamos até de doações da igreja, minha mãe sempre trabalhou, SEMPRE, ela foi domésticas por muitas anos, limpava a sujeiras do outros pra poder trazer um prato de comida pra casa, meu pai era um bêbado, e sua vida vivia em volta disso, ele até trabalhava mas seu dinheiro era pra pagar seu vício, ele beber em si, não é o problema, afinal mesmo sendo irresponsável ele era vítima dos seus impulsos, o que realmente me magoou muito em relação ao meu pai era que ele se tornava outra pessoa quando bebia, ela agrediu minha mãe inúmeras vezes, eu era muito pequena mas só de saber que com minha irmã no colo, eu na barriga e minha irmã mais velha segurando a mão da minha mãe descendo um moro com medo, por que meu pai chegou bêbedo em casa e quebrou tudo e ameaçava bater em nós, é algo difícil de se engolir. Minha mãe fugia, dormíamos na rua, com todos os perigos envolvidos, uma mulher que trabalhou a semana inteira, no seu fim de semana de descanso, foge de casa para não apanhar daquele que seria o homem que deveria proteger e amar ela, nós todas éramos a sua família, como ele podia fazer aquilo com nós, como podia novamente beber e novamente se tornar aquele homem agressivo, mas ele fez de novo, e de novo, e fez tantas vezes que virou rotina, minha mãe me conta que tinha pavor do final de semana, que quando chegava quinta-feira já doía seu coração.
E lá dentro da barriga sem nem ter vindo ao mundo ainda, já estava presenciando aquele que seria o meu primeiro rancor.
E com passar dos anos, nada mudou... Minha mãe se separou inúmeras vezes, até troca de cidade nos trocamos, mas sabe o clichê de bater hoje e mandar flores no dia seguinte, pedir desculpa, fala que amávamos e que se tivesse em sã consciência nunca faria aquilo, e realmente acredito que meu pai em sã consciência não faria aquilo, ele é um homem muito doce quando está sã, diria até um pouco sonso, não sabe dizer não, um homem que trata todo mundo bem, que acorda cedo e ia trabalhar, mas ele tem consciência do que se tornava quando bebia e continuava bebendo.
Quando nós mudamos realmente acreditamos que seria outra vida, depois de alguns meses meu pai apareceu atrás de nós, arrependido, falando aquilo que já se era decorado, e minha mãe aceitou de novo... Não por que o amava, porque já não o amava mais, ela aceitou pela gente, aceitou pra restaurar sua família, não deixar suas filhas longe do pai, aceitou sem ama-lo.
Meu pai nunca parou de beber, mas diminuíu muito os casos de agressão e bebedeira, porém, minha mãe entrou em depressão, vivia um dia após o outro, se tornou um fantasma dentro de casa, só entrava comia, dormia e saia pra trabalhar, quem teve que tomar as rédeas da casa foi minha irmã mais velha, ela me nós alimentava, arrumava pra ir pra escola, brigava com nós, se hoje sei fazer um arroz, se hoje tudo que eu sei em relação a uma casa foi graças a ela, se tornou mulher nova demais, se tornou mãe de duas meninas antes mesmo de perde a virgindade.
Hoje minha mãe não se encontra mais com meu pai, na verdade já fazem mais de dez anos que não estão mais juntos, depois de 15 anos juntos, o meu pai até hoje bebe, quando vou visitá-lo, pedir a contas de quantas vezes vi ele chorar pela minha mãe, ele diz que ela foi a mulher da sua vida, meu pai sofreu muito com a separação, ele sofreu muito em fica longe de mim, realmente acredito que se arrependeu de tudo que fez quando mais novo, as vezes me questiono quem é meu pai, o homem doce quando sã, ou o homem agressivo de quando bebia, ele já me pediu perdão e eu desculpei, mas não consigo escrever esse texto sem chorar, não consigo manter muito contato, não consigo sentir um laço entre a gente, eu desculpei mais lembrando de tudo isso meu peito ainda dói, o rancor aqui está aqui!
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Papo de Menina
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