Capítulo VI

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Leopoldo estava cada dia pior e depois da visita do conde as coisas tinham saído do controle, agora ele batia em Maria por motivos cada vez mais injustificados, por outro lado a família da bela morena que sabia de tudo, não se importava e reclamava todas as vezes que Maria dizia que deixaria o rei.

" Está louca minha filha, o rei a mataria e nossa família seria densorada por várias gerações"

" Mas mãe ... "

" Mas nada minha filha, volte para o castelo antes que seu marido se preocupe, seja grata a ele e a nós que criamos você para ser a mulher que é hoje. "

Maria saiu chorando da casa de seus pais, não que esse pensamento de sua família fosse alguma novidade, ainda sim era tão triste que o status da família fosse mais importante que a felicidade da jovem rainha.

" Gostaria de experimentar um doce de leite caseiro de nossa fazenda, moça? "

Na frente da rainha, uma garotinha de cabelos negros com as roupas um pouco gastas ofereciam um pacote com um doce de uma cesta.

" O que faz aqui minha pequena ? "

" Estou ajudando meu pai, vendendo esses doces, ele veio vender o leite de nossa fazenda na vila do reino"

" Tome essas moedas, e essa pulseira, você é linda minha pequena "

A menina saiu sorrindo e saltitando, ela deveria ter uns 4/5 anos mas era tão educada e fofa que parecia ter menos, ao longe Maria viu a doce menina falando com um cara de uns 33 anos aproximadamente, com roupas gastas e feições rústicas, um típico fazendeiro puxando sua carroça, Maria pode vê a cara de espanto na cara do fazendeiro enquanto sua filha falava animado.

Maria não sabia o porquê mas sentiu uma afeição tão grande pela menina e também um sentimento estranho pelo fazendeiro mas ela mal sabia que era apenas o começo de uma das palavras que a cigana havia lhe dito um dia : Amor .

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Era mais uma noite onde Maria não conseguia dormir, as imagens do ritual não saia de sua cabeça, mesmo ela vendo poucas coisas, as vozes das várias mulheres, o cheiro forte de sangue e de algumas ervas não saia de seu nariz.

" Irei lhe apresentar a um enviado e um poderoso mestre, sem ele não somos nada e não existiria a magia " - Disse Quitéria.

Maria Padilha foi andando até chegar a uma sala com um grande circulo, lá várias mulheres e homens cantavam uma música em outra língua, vários pratos de barro com frutas, carnes e cigarros eram espalhados dentro do círculo, além de várias velas e incensos.

" Ao entrar no círculo, sua conversa com o mestre será apenas entre você e ele Maria, você deve convencer ele que é capaz de usar a magia em seu poder total, caso contrário ele nunca te dará o poder que tanto quer " - Dizendo isso Quitéria se afastou e mostrou a entrada do círculo - " Boa sorte minha querida"

Maria agradeceu e entrou no círculo, mas estando lá dentro do círculo já não podia mais ver o lado de fora, as vocês se calaram e agora só havia escuridão e muita fumaça com um perfume agradável.

" Então Quitéria mandou mais uma, será que é capaz mesmo minha criança? "

Maria olhou para todos os lados mas só havia escuridão, a voz era forte e grave, como se ressonasse pelo lugar inteiro.

" Quem é você? E porque não se mostra ? "

" Se assim deseja " - Respondeu a voz.

Aos poucos a fumaça foi tomando forma, e se moldando a um corpo de homen pelo menos parecia, mas conforme ganhava mais nitidez, Maria via que seus pés era de bode e em sua cabeça tinha dois grandes chifres vermelhos, mas de resto o homem a sua frente era jovem e muito bonito, sem camisa e com uma calça negra até a canela.

" Respondendo sua pergunta, eu me chamo Lúcifer "

Maria estava paralisada mas não por medo e sim por surpresa, ela só conseguia pensar em uma coisa :

" Você é o diabo e o diabo não é bonito assim, eu já fui a igreja algumas vez e não é assim que eles falam de você "

" Eu sou apenas uma representação mas posso ser uma besta e também um homem normal dependendo do aspecto e forma que eu quiser assumir, mas me surpreende não ter medo de mim "

" Eu vi muitas coisas enquanto estava com o mestre Corvus, e ele me ensinou a não temer o desconhecido, uma das principais fraquezas dos homens"

" Então você é uma discípula de Tatá Corvus hahahaah ele é um dos meus fiéis mais poderosos que ainda reencarnam nessa terra, você emana uma energia forte e uma força de vontade igualmente imensa, mas o que tanto deseja para emanar tanta energia assim ? "

" Eu quero ser a rainha de meu povo e eu quero ser a bruxa mais forte que existir, quero ser lembrada, conhecida e adorada"

" E o preço para isso? Está mesmo disposta a pagar ? "

" Sim, senhor lúcifer, eu não hesitaria em momento algum para conseguir meu objetivo, se para conclui - lo necessito de sua força, eu a partir de hoje me entrego plenamente a ti em todos os sentidos"

" Que assim seja então "

O rapaz com aparência de demônio se aproximou e beijou a testa de Maria, fazendo assim ela rodar e acordar deitada no meio do círculo sozinha.

" Ela voltou e por essa energia toda, Mestre Lúcifer deve ter amado você, venha vamos para sua festa, bem vindo ao clã da goétia."

A dama Quitéria ajudou Maria se levantar enquanto todas se encaminhavam para um salão a parte, Maria sentia se nova e poderosa mas em seu peito a sua promessa e o rosto daquele homem misterioso não saia de sua cabeça.

Mal sabia ela, que esse era apenas o início de uma grande jornada que ela iria trilhar, está mesmo que lhe daria o título imponente de Rainha de Lúcifer.

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