- Você está bem?
Violet ouvia uma doce voz delicada ecoando sobre o ouvido esquerdo, podia sentir unhas alisando levemente seu corpo acompanhado de uma respiração ofegante. O alito possuía um aroma doce, como frutas vermelhas. Um sentimento estranho tomou conta do corpo de Violet que logo tentou mover-se de um lado para o outro, sem sucesso. Deitada sobre uma cama, sua respiração ficava cada vez mais ofegante, em uma tentativa um tanto falhada e com sua voz trêmula:
– Q-quem é v-v-você? – Questionou, olhando para imagem de uma mulher, com cachos longos de cabelo escuro, olhos castanhos, e uma túnica vermelha cheia de colares de ouro e de prata. Seu sorriso era branco e belo, deixando certo tom de intimidação e perversão. Seus dedos alisaram a menina novamente, dessa vez mais curiosa. Violet podia sentir os anéis de ouro, passeando por sua pele.
– Minha criança – Indagou a Mulher olhando para Violet – Eu sou a bela dama da floresta.
Violet olhou confusa para a doce mulher, seu sorriso era algo tentador, porém, intimidador de certa forma.
– Be-b-Bela...
Violet foi rapidamente interrompida pela mulher que lhe dava para beber uma jarra de madeira contendo água quente com o que pareciam ervas sobre a água.
– Beba tudo, vai te fazer bem – Disse a mulher deixando Violet segurar a pequena jarra. Violet bebeu tudo, se recompondo começou a tossir perto de lacrimejar. Sentiu suas cordas vocais voltando a seu estado, quase perfeito.
– Obrigada – Disse Violet trocando olhares com a mulher.
– Este é um trabalho de uma curandeira como eu.
A garota se surpreendeu rapidamente com a resposta da mulher. Olhando para a dama deixando escapar uma pequena risada de alívio.
– U-uma curandeira? – Perguntou Violet.
A mulher deixou uma pequena risada encantadora escapar, olhando para a menina com o mesmo sorriso intimidador e pervertido, disse:
– Sim, eu sou. A muitas eras eu venho cuidado das pobres almas que se perdem neste 'pesadelo sem fim'. Aprendi a sobreviver e até mesmo controlar todas as propriedades mágicas deste lugar. E uso para o bem das outras pessoas.
– A quanto tempo vive neste lugar? – Perguntou Violet, cada vez mais curiosa sobre a mulher.
– Eu não me lembro – Disse a bela dama, mantendo seu sorriso. – Apenas sei que sempre busquei conforto e paz neste lugar de tortura e desespero. É estranho, não é? Ha ha ha.
Violet mantinha um silêncio reconfortante em si, e muitas dúvidas corriam sobre sua cabeça; "Quem é essa mulher?", "Como ela não pode se lembrar de como veio para neste lugar?", "Como ela consegui encontrar paz e conforto em um lugar tão sóbrio e temido por todos?". Mesmo com todas as dúvidas, Violet mantinha o seu maior foco em mente já que sentia esperança em seu coração.
– Senhora, eu gostaria muito de sua ajuda –
Disse Violet olhando forçadamente para o chão, o piso estava totalmente molhado, refletindo seu rosto desesperado. - Minha aldeia está morrendo, por uma praga. A Peste Negra. – A mulher olhava cada vez mais curiosa para Violet, logo se sentou sobre uma cadeira de madeira próxima da cama onde Violet estava sentada, apenas olhando para a poça de água que refletia sua imagem. – Todos estão sofrendo e-e morrendo... – Violet se interrompeu por um momento, seus olhos já deixavam escorrer lágrimas em seu rosto - Eles pegaram a minha mãe, e a mataram achando que ela era uma bruxa que havia enfeitiçado a todos.
Violet parou por um momento, enxugando seus olhos tentou parar de lacrimejar e recompôs suas forças.
– Eu sinto muito, minha criança – Disse a bela dama, com um olhar depressivo.
Violet retrucou um olhar mais aliviado para a mulher, logo continuou:
– Eu preciso de sua ajuda para curar a minha aldeia, minha colônia. Eu não suporto mais ter a sensação de que a várias pessoas morrendo por conta desta praga! Você pode me ajudar? – Violet ficava cada vez mais desesperada agarrando as vestes da bela dama. A mulher logo retrucou um sorriso tranquilo, dizendo:
– Calma minha pequena. Irei te ajudar com esse problema tão grande. – Os olhos de Violet brilhavam ao ouvir a doce e gentil resposta da mulher. – Você é impressionante. Mesmo quando todos poderiam matá-la, você insiste em ajudá-los?
– Eu não os culpo – Disse Violet com os olhos entre abertos, com poucas recordações daquilo que não gostaria de lembrar ainda naquele momento. – Eles só não sabem reagir ao desconhecido....
Wagner Vandergeld olhava fixamente para a floresta das lamentações, pensando nos diversos problemas que aquela floresta poderia dar a cidade:
– Estamos sempre seguros em tuas mãos meu Senhor. – Disse enfurecido – Mas não intendo do porque está vadia nasceu em nossas terras tão sagradas!
Enquanto colocava diversos pensamentos em hora; alguns sobre a crise da qual estava passando, sobre Deus, ou sobre a mulher do qual sabia que estava morta. Sentindo um calor em seu corpo, olhou para suas mãos completamente trêmulas. Logo sentiu uma ereção. Ele se espantou! A única imagem que invadia sua mente era da mulher queimando nas chamas.
– Juiz Vandergeld! - Gritou alguns dos camponeses correndo em direção do Juiz, que rapidamente tentou esconder a silhueta de seu pênis duro. – Encontramos alguns objetos dentro da casa. O Senhor precisa ver!
Wagner recuperou sua postura e logo seguiu os dois camponeses até a casa da mulher.
Após se aproximarem da casa, Wagner se espantou! A pequena casa estava com um enorme letreiro, escrito por sangue. A frase escrita dizia: "Uma pequena flor expandi suas raízes".
– Meu Deus - Wagner indagou logo se aproximou da casa raspando seus dedos entre o sangue que o manchou. – Este sangue está fresco.
Wagner olhava de canto a canto, procurando alguma explicação plausível para o que estava vendo.
– Não a nenhum animal por perto, nenhum cheiro de carne em decomposição, a casa nem ao menos foi tocada...
Os camponeses observavam com atenção tudo que havia ao redor da pequena casa. Um deles andou em direção para o lado direito, encontrou uma janela totalmente aberta. Aproximando sua cabeça a janela olhou ao redor da casa - Uma pequena cozinha, com um forno a lenha e uma mesa com duas cadeiras. Logo reparou um pequeno vestido branco e encardido sobre o chão.
– Mas o que? - O homem tentou se aproximar mais para investigar. Quando um grito estrondoso de uma mulher ecoou sobre a pequena casa, o fazendo cair duro. A casa começou a pegar fogo, e no meio de uma enorme fumaça negra que se espalhava sobre a pequena casa, o cobrindo completamente como uma neblina. Podia ouvir uma risada feminina, se distorcendo sobre o ambiente.
O juiz caiu de joelhos sobre a voz, que começou a gritar em seus ouvidos jorrando sangue. A neblina se materializou em uma figura humana totalmente horrenda e macabra. Seus olhos eram negro, seguido um sorriso que ia de orelha a orelha.
A figura se aproximava cada vez mais de Wagner, juntamente com a neblina que fez o Juiz lacrimejar. Um dos camponeses ficou atirado no chão, totalmente paralisado. Enquanto o outro se contorcia em dor, gritando por ajuda. A figura que antes se aproximava do Juiz, afastou, se misturando com a grande neblina negra. Outra forma começou a tomar, dessa vez, cercando a casa. Uma figura gigante que logo repetia:
"Pais do pecado! Precisam ser julgados!"
Wagner começou a se rastejar para trás, tentando se proteger contra a coisa.
– Se afaste de mim, criatura profana!
A figura logo o olhou sorrindo horripilantemente, o atacou em fração de segundos com um grito atordoante. Logo o Juiz assustado cobriu seus olhos, e viu que a figura não estava mais lá.
A casa continuou em chamas, porém não havia mais fumaça, os gritos sessaram e apenas o cheiro de queimado tomava conta do lugar.
– O que está acontecendo!? - Wagner murmurava apavorado com o ocorrido – Ela está morta! Mas ela deixou algo para trás! O quê? O quê?
– Senhor! - Gritou um dos camponeses que tentava se levantar pedindo por ajuda. O Juiz correu em direção ao camponês, o levantou rapidamente, colocando um de seus braços sobre os ombros.
– qamah albstani aleadil , almunfasil ean alghabar walshari aldhy sayatimu qateuh min judhurih...
– O que está tentando dizer? – Gritava o Juiz.
– A menina... A menina... – Repetia o camponês apontando para a floresta das lamentações. Os olhos do camponês que antes eram castanhos começaram a ter tons mais claros, até se tornarem totalmente brancos. Logo que foi perdendo suas forças para ficar sentado, O camponês veio a falecer com um sorriso sorria ensanguentado na boca.
O Juiz ficou bastante tempo tentando interpretar as últimas palavras do camponês
– Menina? – Questionou, olhando para a casa já destruída pelas chamas – Ela teve uma filha!
Wagner começou a ranger seus dentes, fechando um de seus pulsos com força:
– Ela é a raiz do mal!
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A Bruxa de Vandergeld
Mystery / ThrillerUma colônia contra uma doença maldita. Era provável que eles não sobreviveram no mesmo ritimo que passam. A Peste Negra se alastra cada vez mais nas pessoas, e com todas as ideologias religiosas da época, um julgamento a suspeita de bruxaria, e um m...