Capítulo 2

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Acordo cedo todos os dias e para o meu desgosto o sábado não é diferente, mesmo sem ter que fazer nada meu relógio biológico me desperta às 6:00 AM pontualmente. Tento dormir de novo e consigo.

Acordo novamente e já é um pouco mais tarde, minha mãe como sempre já está de pé.

— Bença mãe, bom dia. - Uma voz levemente rouca sai de mim.

Um silêncio ecoa na sala de estar.

— Bom dia mãe! - Digo novamente.

— Bom dia. - Responde ela com aquele bom humor de sempre.

Minha mãe, como eu não é bem-humorada pela manhã. Tomamos café juntas e ela reclama de algo que meu padrasto fez, eles estão juntos a 10 anos muito tempo reconheço, mas até hoje eles possuem seus conflitos e desentendimentos, mas sempre se resolvem, as vezes me questiono como alguém consegue ficar com outra pessoa por tanto tempo, lembro-me do Theo e nossos planos para o futuro, já temos tudo planejado; casamento, casa, poupança, quantos filhos e um cachorro Bulldog, que ele vai dar o nome de Jack por causa de um desenho que ele gosta muito, meus pensamentos sobre o assunto logo se dissipam e eu volto a prestar atenção nas reclamações feitas por ela.

Iniciamos nossas atividades matinais e tiro o dia para colocar os deveres e trabalhos, tanto de casa como escolares em dia, quase não tenho tempo para deveres de casa durante a semana e isso a torna muito mais cansativa, tudo se acumula e percebo que até meus finais de semana são consumidos pelo IGH, depois brinco com a minha irmãzinha que é apenas um bebê; Maria Júlia, eu que escolhi o nome, ela é filha da minha mãe com meu padrasto, uma gravidez surpresa. Não tenho uma relação boa com meu padrasto e quando descobri da gravidez pensei que não iria gostar da minha irmã, mas quando ela veio ao mundo um amor incondicional nasceu em meu peito também.

No final da tarde vou me arrumar, para esperar Theo que finalmente vem me ver. Theo não mora pertinho da minha casa, mas sempre faz um esforço de vir me ver, sempre trazendo algum chocolate ou sorvete de flocos que é o meu preferido.

Theo: Moreno alto, sorriso perfeito, olhos pequenos e lábios carnudos.

— Oi amor. - Digo bem receptiva, e sou envolvida por um abraço carinhoso.

— Oi. - Diz ele enquanto me abraça.

Vamos então para o tapete grande e vermelho que fica no centro da minha sala. Nós jogamos algumas partidas com o baralho que eu ganhei dele ano passado, quando ainda éramos grandes amigos, Theo tem dessas coisas de me presentear, eu não ligo muito para essas coisas, mas sei que é o jeitinho dele de me agradar, sou mais do tipo que gosta de bilhetes e cartinhas fofas, coisas que a pessoa realmente teve o trabalho de planejar, pensar e fazer.

Gosto de competição e entre uma partida e outra trocamos alguns beijos, até que decido parar de jogar e me concentrar em Theo. Pergunto como foi sua semana, o que tem feito, como anda na escola e como foi a sua primeira semana de aula. Theo começa a contar como foi sua semana e iniciamos uma conversa que dura quase a noite toda, isso é uma das muitas coisas que amo em Theo, a maneira como nos divertimos ao compartilhar nossas histórias, como deixamos de lado; celular, estresses e problemas para a aproveitar a simples companhia um do outro.

Chega a hora de Theo voltar para casa e sinto um aperto no peito, gostaria que momentos como este ficassem congelados para serem vividos eternamente.

Me despeço com um beijo suave.

— Boa noite, vai com Deus. - Digo enquanto o vejo partir.

— Boa noite, dorme bem. - Diz Theo ao ir embora.

Entro em minha casa, me sinto leve e contente, feliz em grande parte por ter alguém com quem eu consiga desabafar sem me sentir julgada. A minha Ada interior está animada, então decido mudar o visual, dreadlocks rosa é a minha escolha; desde o ano passado descobri minha paixão pelo reggae e pela cultura que envolve ele, minhas raízes africanas e tudo o que o reggae traz consigo, pego então minhas linhas e começo a fazer minhas tranças enquanto assisto fábrica de casamentos com a minha mãe, adoramos assistir qualquer coisa juntas de filmes românticos a séries policiais.

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