Jardim de girassóis

Capítulo 3

Já faz algumas semanas que estou no IGH, me pego acumulada de trabalhos acadêmicos, seminários, reuniões e sinceramente, estou esgotada. A novidade é que já conheço quase todos da minha turma, e até fiz alguns amigos em outras turmas, eu e Theo estamos nos encontrando menos, e quando nos encontramos brigamos, me sinto frustrada...

— Oi. - Jerry me abraça, resgatando-me de meus pensamentos.

— Bom dia. - digo observando as lindas meias luas que reluzem em suas bochechas coradas.

Jerry é realmente muito bonito, um corpo atlético devido a seus anos na capoeira, ombros largos e lábios carnudos, isso sem falar sobre suas coxas... Como ele é gost... Espere um pouco eu não posso pensar essas coisas, não com ele. O que tá acontecendo com você em Ada? Advirto meus pensamentos, ainda olhando em sua direção, Jerry fica sem entender nada.

— Fez o trabalho de matemática Ada? - diz Jerry afável como sempre.

— Sim, na marra. Por quê? Você não fez? - sem dúvidas eu não sou uma CDF, eu até tiro notas boas, mas não sou esse gênio. Já a Larissa só tira 10, acho incrível e até mesmo sexy.

Minha bissexualidade já não é mais novidade para ninguém, Alice diz que eu tenho pinta, as meninas não concordaram com ela, achei engraçado, mas com certeza o que eu sinto por Larissa é admiração e um pouco de competitividade. Talvez muita competitividade.

Na hora do almoço continuo alternando em almoçar com meu grupinho que contém Jonas, Léo, Caio, Taylor. Eu sei, eu sei, Ada você não era tímida? Sim, eu sou. Mas ao mesmo tempo sou tagarela e foi meio inevitável não falar com eles, me aproximei primeiro de Jonas, não me recordo em qual momento falei com ele, só sei que de repente estava mexendo no cabelo curtinho dele, e quando percebi já éramos amigos, bom é assim quando a conversa sai solta é fácil demais.

Já com Léo foi à primeira vista, vi de cara quando ele falava inspirado sobre física o quão encantador ele era, e rapidamente eu quis me apresentar. Caio com seu jeitão conquistou minha empatia ligeiramente. O único que está em meu grupo e que não me dou bem é o Taylor, acredita que logo na primeira semana de aula quando os professores estavam naquela monotonia de apresentações, a professora Cláudia de metodologia fez uma pequena atividade, que aliás fiz dupla com o Jerry, na qual devíamos colocar uma série de coisas sobre nós mesmos e depois nossa dupla iria ler, todos formaram um semicírculo em volta da professora, e então começamos a falar, quando chegou a vez da dupla de Taylor ele lê a seguinte frase "Sou frio e calculista", juro que não me julgo uma pessoa debochada, mas na hora tive que segurar a gargalhada, meu pai! Que idiota escreve um negócio desses sobre si mesmo? Por fim, ele está na maioria dos meus grupos de seminários, ou seja, além de conviver com esse demente o dia todo ainda tenho que suportar ele na biblioteca depois das aulas, o que eu te fiz Jah, para merecer tanto sofrimento?

A semana do 1° BI já está próxima e eu estou explodindo de tantos seminários, será que os professores combinam de passar tudo na mesma época? Odeio não conseguir parar de pensar, as vezes eu sinto que fico presa em meus pensamentos.

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Theo

"Tô chegando amor."

Espero que a gente não brigue hoje e que dê tudo certo, já faz um tempo que eu não fico na paz, na verdade, que nós não ficamos na paz.

Quando Theo chega, como de praxe traz um sorvete, talvez ele seja a pessoa mais atenciosa que eu conheço, eu sinto que não sou o bastante pra ele, talvez até mesmo egoísta. É difícil saber lidar com um relacionamento no momento em que eu estou, é muita coisa para mim, muita pressão de todos os lados, e o ciúmes... isso realmente me mata aos poucos.

Um dia nós saímos para a praça com as minhas irmãs de coração Kat e Loly, com certeza somos um grupo e tanto, sempre nos demos bem, crescemos todos juntos e nessa noite eu estava sem meus óculos para variar, meu pai como eu esqueço esses óculos! É difícil sair à noite sem eles, tudo fica meio desfocado, mas Theo não entendeu assim, ele colocou na cabeça que eu estava encarando um cara próximo de nós, foi uma briga e tanto quando chegamos em casa.

Confesso que ponho uma carga emocional nele e em nosso relacionamento que as vezes é demais para nós dois, acho que chegamos a um nível de nosso relacionamento que somos literalmente o melhor amigo um do outro, mas nem sempre isso é bom, claro que no conto idealizador de relacionamentos isso é perfeito, mas esse foi o nosso erro. Esquecemos de ser um, um indivíduo, não existe dois sem um.

— Oi meu amor. - o sorriso automaticamente se instalou em meu rosto.

—Oi, surpresa! – diz Theo tirando uma sacola de trás de suas costas.

— O que é?

Não sei lidar muito bem com presentes e quando abri vi que era um short do Bart de the Simpsons.

— Nossa, eu amei!! - realmente não é muito difícil me agradar, mas eu gostei de verdade desse short, parece besteira né. — Vem, vamos entrar.

Theo tem o melhor beijo do mundo, talvez a gente já tenha se beijado tanto que o nosso encaixe é perfeito, sempre foi, até mesmo no sexo.

Theo foi o primeiro e único cara com quem eu tive relações sexuais, a nossa primeira vez foi uma mistura de cômico com romântica, típica comédia romântica que eu amo em livros, filmes, novelas... Acredito que tínhamos 1 mês de namoro, e eu já tinha resolvido comigo mesma que eu estava me sentindo preparada para ter uma relação.

Acho que esse passo é tão importante e inesquecível na vida de qualquer pessoa e deve ser decidido quando se está preparado consigo mesmo, sempre ouvi falar em "achar a pessoa certa", "depois do casamento", "é algo precioso", e realmente não acho que deveria ser com qualquer um por aí, mas essa falsa imagem de esperar um príncipe é uma baboseira.

Claro que é um momento super especial, poxa você vai partilhar de um prazer imenso com outra pessoa, que ao menos você goste dela, mas que principalmente você esteja em sintonia consigo. Eu confesso que fui negligente com os sentimentos dele, talvez ele não estivesse preparado, mas eu o intimei, mandona? Um pouquinho.

Como eu já tinha a camisinha foi mais fácil fazer ele ceder.

E lá estávamos nós a sós, pele com pele, olho no olho.

De primeira fiquei um pouco nervosa, foi a primeira vez que eu fiquei nua na frente de alguém, mas de um jeito super delicado e gentil ele foi me acalmando, Theo sempre teve o dom de me acalmar, até então estava tudo indo bem. As preliminares são a minha parte preferida, e sinceramente Theo poderia ser meu DJ particular o tempo que ele quisesse, o ritmo que sua língua me fazia explodir em sensações era simplesmente deslumbrante.

O problema foi na hora da penetração, é engraçado me lembrar pois ele estava mais nervoso que eu e só fui perceber nessa hora que ele tinha medo de me machucar. Eu já estava literalmente com os braços cruzados e inquieta, foi então que eu me levantei, joguei ele na cama e dei dois belos tapas em seu rosto.

— Olha a gente vai transar, mete sem medo. - eu realmente não acredito que eu falei isso, c a r a c a, eu não tenho senso, mas foi o remédio, em dois tempos ele se espertou.

Nossas mãos entrelaçadas, e então nos tornamos um, duas partes distintas, transformadas em puro prazer.

— Eu te amo. - Theo disse enquanto eu estava deitada em seu peito nu. Permaneci calada, e o clima ficou pesado, talvez ele tenha se arrependido de ter falado, não faço ideia.

— Você pode se vestir? Já tá na hora de ir embora. - foi a única coisa que eu disse, não que eu não o ame agora, mas aprendi a amar com o tempo, e naquele momento eu não o amava.

Voltando ao hoje, tivemos uma noite tranquila, fofocamos horrores, rimos muito, mas amanhã o IGH me aguarda, então é melhor eu dormir.