Capítulo 1 - O jovem e o mar.

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Um jovem mexia em seu celular no cais do porto, ele calculava e analisava a quantidade de peixes que ele e seu pai haviam pescado, fazendo um balanço geral da semana, a pesca piorava a cada ano para todo mundo, mesmo os grandes navios ainda recolhendo toneladas a mais que os pequenos pescadores, o gasto que estes barcos tinham com suas tripulações e manutenção, seguros e taxas, fizeram algumas empresas diminuírem suas frotas, e o mercado de peixe era em grande parte, abastecido por esses pequenos barcos que cumpriam suas metas com dificuldade, mas o suficiente para não fechar o comércio dessa e de tantas outras cidades pesqueiras na costa do Brasil.

Ele sabia que era um efeito da mudança climática, as correntes marinhas já estavam diferentes fazia alguns bons anos, os outros pescadores de mais idade que sofriam para se adaptar as novas tecnologias ficavam para trás, isso acumulado com as chuvas de fim de ano que ocorriam, afastavam as pessoas com medo de que alguma Tempestade ocorresse, a pequena cidade costeira ficava cada vez menor.

Uma pequena startup de tecnologia que ajudava os "lobos do mar" remanescentes, em troca de alguns dias navegando para testes de novos equipamentos, o que eles achavam até um preço justo, uma vez que os sonares e equipamentos de medição das temperaturas de corrente marítima, GPS e análise meteorológica em tempo real, facilitavam suas buscas e eram caros demais para serem comprados ou alugados.

O rapaz termina de checar as planilhas como fazia toda sexta feira, e vê que novamente teriam um bom mês, e ele havia apenas começado. Imaginou se seu pai lhe daria um carro em seu aniversário de 18 anos, ou no Natal pois ambas as datas estavam próximas, uma vez que ele havia se tornado um pequeno magnata nesta cidadezinha costeira de poucos habitantes, finalmente seu pai pôde afastá-lo da pobreza e fome que viveu por tantos anos de sua infância.

Estava muito interessado nas meninas, mas não tinha muita desenvoltura para falar com elas, talvez um carro ajudasse. Enquanto divagava sobre seu futuro imediato, vai checar suas redes sociais que falavam que talvez uma Tempestade passaria próxima dali, o tempo ficou muito mais imprevisível do que já era, e estas tempestades iam e vinham sem muito aviso, mas sempre eram muito intensas e mais destrutivas que qualquer outro desastre natural já registrado em toda história da humanidade quando atingiam a costa.

Apenas uma vez eles se encontraram com uma no mar aberto, ela durou trinta e dois segundos que para o rapaz, seu pai e o ajudante foram os momentos mais longos de suas vidas. Tanto que o ajudante de seu pai se aposentou depois disso. Elas ocorriam em sua maioria no mar aberto, mas nas raras vezes que atingiram o continente eram bem destrutivas.

Preocupado, ele vai checar se as informações sobre a tempestade eram "fake news" ou não, até que seu pai ao longe o chama.

– Zimá!! – E quando ele se vira para seu pai, ele sinalizava para que fossem embora.

Caminhando em direção a seu pai, ele percebe que o velho dançava de maneira bem desengonçada e engraçada, dando antigos passinhos de funk carioca, chamando a atenção de todos que o cercavam, mas ele não se importava com isso, queria apenas comemorar com seu filho as boas novas.

– Pai, se um dia essa carreira de pescador falhar, der tudo errado mesmo, não se abale, largue tudo de mão e NÃO vire um dançarino profissional, você vai passar fome! – Brinca o jovem Zimá. – Deve ter alguma outra coisa que você seja bom, por que isso aí.... –

Enzo para de dançar fingindo ter ficado nervoso, mas na verdade essas provocações eram constantes entre os dois. Ele volta a sorrir e pega sua bolsa lotada de roupas e outras coisas, muito pesada e diz:

– Então pequeno Zimá, imagino que você vai querer sua parte certo? Você trabalhou muito bem esses dias e acha que merece ser pago não é mesmo? – Conhecendo seu pai ele já desconfia que alguma brincadeira estava por vir, mas compra a história assim mesmo com um acenar de cabeça. – Então meu bom moço, a moça da FishNet me já transferiu o "diribaby" e falou que o encarregado dela queria falar comigo, e nessa história toda, eles podem ou não, ter pago pela carga com um tiquinho de acréscimos pelo tempo que levamos e tudo mais.

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