Orgulho

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Tem um tempo que eu quero escrever isso.
Admito que pensei que isso nunca seria possível.
Que, para sempre, eu me acharia o lendário monstro do rio.

Confesso a vocês que o espelho não tem me machucado.
Admito que estou impressionado.
Até o meu rosto eu tenho admirado.
Comecei a academia, meu corpo ta do caralho.
Não tô com 30 cm de braço ou todo bombado(no sentido da droga e formato do corpo).
Mas toda vez que eu vejo aquele ser humano no reflexo eu penso:
Como é bom ser eu.

Tenho me tratado, infelizmente comecei a tomar remédios.
As vozes da minha cabeça não me deixavam quieto.
Mas tudo bem, sem tantos efeitos colaterais.
E o melhor de tudo? Sem mais pensamentos mortais.

Entrei para a faculdade.
20 anos de idade.
Sabia que esta é a média de entrada do brasileiro no ensino superior?
Eu duvidava até acontecer comigo.
E nesses 3 anos de fim do ensino médio?
Aprendizado... Muito aprendizado...
Eu viajei muito, muito mesmo... Eu conheci pessoas incríveis, tive meu próprio apartamento.
Escrevi livros e cursei 3 cursos em um curto período de tempo.

Pensei em desistir, não vou negar.
Deus sabe, e eu mais ainda, que tiveram dias que eu tinha certeza que era hora de atirar.
Não vou mentir e dizer que a solução era complexa demais, que precisei escalar os alpes suiços ou desenvolver um mecanismo esquisito para "me consertar".
Bastou eu pedir ajuda... Entretanto... Para aquele momento chegar eu precisei mergulhar...

Mergulhar no fundo da minha alma, beber da parte mais escura da minha aura.
Para entender que eu não... Que nós não estamos quebrados...
Somos diferentes do resto do mundo, mas isso não vem ao caso.

Queria contar essa história... Que mesmo com a doença mais filha da puta que é o Alzheimer...
Que eu nunca esqueça dessa sensação...
Que eu nunca esqueça da força que estou sentindo neste momento.
Que eu nunca esqueça que depois de longos anos de um ódio sem fim...

Eu finalmente pude sentir orgulho de mim.

Orgulho de mimWhere stories live. Discover now