stap eerste: denk niet te veel na

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Desde criança sempre fui bastante cético.

Se quiser me convencer de algo, terá que colocar nas minhas mãos e me deixar sentir que isso realmente existe. Se quiser que eu concorde e entre na sua linha de raciocínio, então deixe tudo claro pra que eu possa me satisfazer e dizer "certo, isso faz sentido pra mim". Ser alguém tão complexo é horrível porque às vezes crio bloqueios desnecessário e faço algo que era simples ser complicado. Eu não gosto.

Meses em tour, uma correria infernal. Câmera para todos os lados, uma agenda lotada e por vezes sufocante. Não que eu não goste de ser um cantor, longe disso! É a minha vida, o meu prazer, eu amo o que faço e vou continuar me esforçando pra ser sempre melhor. Mas as vezes parece que não consigo respirar. Ainda assim, reclamar não faz o meu tipo, então eu apenas guardo pra mim.

Nossa próxima parada é Amsterdã.

Um andar inteiro do hotel é fechado pra que todos nós tenhamos privacidade, isso é legal. Eu gosto de privacidade, é algo que eu jamais vou abrir mão. Seja sozinho, seja em grupo ou seja com ele.

Ultimamente, Hoseok-hyung tem estado calado. Perdi a conta de quantas vezes o vi fugir do quarto no meio da madrugada pra levar seu corpo ao limite na sala de prática. Não que ele seja inseguro quanto a isso, mas dançar é como uma válvula de escape pra ele, é o momento em que ele para de pensar nos problemas. É doloroso lidar com os próprios demônios às vezes, eles nos atormentam em horas inesperadas e nos obrigam a ceder. Às vezes acho que o melhor a se fazer é tentar lutar contra esses demônios mas ceder e fugir parece sempre tão mais fácil...

Ainda assim, Hoseok nunca, nunca mostra quando ele cede.

Depois que a staff trouxe todas as coisas para o meu quarto, fechei a porta e me joguei na cama. Um quarto tão grande como esse com tão pouca mobília faz eu me sentir estranho, mas antes que eu crie alguma metáfora estranha a respeito disso, me levanto. Amsterdã é um lugar lindo, eu sabia que nós chegaríamos aqui dias antes do show então pesquisei um pouco sobre lugares onde poderia ir. Sim, eu pretendo fugir mas não sozinho. Eu planejei uma fuga para dois.

Ainda é cedo. Aproveito o meu tempo livre pra organizar minhas coisas, peço uma comida leve e enquanto espero minha refeição chegar, vou para o banho. Há tantos tons dourados e prateados nesse banheiro, tudo reluz, e os espelhos ao redor da jacuzzi me deixam ver como estou cansado. Ok, a minha expressão não é das melhores. Definitivamente odeio viagens longas de avião.

Coloco a jacuzzi para encher e enquanto isso acontece, separo toalhas e o roupão. Deixo tudo arrumado para quando eu for sair. Quando a água atinge o limite, tiro cada peça de roupa com muito esforço. Meu corpo moído pede socorro, algo que me faça sentir novo. É estranho dizer isso porque eu sou jovem.

Mas não vou mentir, estou sendo dramático comigo mesmo porque sei do que sinto falta. Sei o que me deixa cansado, sei o que sempre faz eu me sentir novo. Eu preciso de uma dose de felicidade pequena o suficiente para caber na cápsula de uma pílula e só se tornar intenso quando estiver dentro de mim.

ㅡ Droga, hyung. ㅡ murmuro baixinho ao pôr o primeiro pé dentro da banheira. Aos poucos, mergulho o meu corpo inteiro. ㅡ Cabeça dura dos infernos.

E sim, eu estou chateado.

Hoseok me cerca, vem até mim, me aquece, me enche de esperança e quando eu penso que finalmente vamos chegar a um clímax, ele se afasta. E o pior é que eu entendo e, nós temos o mesmo demônio em comum; o demônio do medo.

Eu não o culpo. Não nos culpamos. Mas pra mim é mais difícil lidar com essa situação porque na maioria das vezes apenas ignoro ou não enxergo da mesma forma, então não paro pra mensurar o tamanho do problema. Já Hoseok, não. Hoseok é sempre atento e preocupado com os mínimos detalhes.

Carpe Diem | vhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora