1-O Som Da Solidão

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O barulho de crianças brincando pairava no ar, eram os velhos costumes na hora do intervalo na escola Stan Vell, em Nova York. Se ouviam gritos, barulho de sapatos sobre o chão e professores se reuniam. Na cantina, não havia muitas crianças a lanchar. Só algumas. Eram menos de cinco. E entre elas estava, Dave.

Seu semblante era de alegria enquanto abocanhava um belo de um sanduíche feito de queijo e carne seca, este era o seu preferido!

Suas fofas e pequenas orelhas captavam um som de solidão, mesmo sabendo que o clima na hora do recreio era de diversão. Mas não para ele.

Naquela pequena mesa desagregada exclusivamente para ele, pôde-se refletir o motivo dele estar sozinho. Esse não era o seu desejo, seu desejo mesmo era brincar e se divertir com as outras crianças, então…por que ele estava sozinho?! Simplesmente por Dave ser quem ele é. O garoto, diferente de todas as outras crianças, era muito sonhador. E o seu sonho se diferenciava de todos os outros, por ser um sonho esquisito e exótico, além do entendimento humano. E qual é esse sonho? Simples: viver seus sonhos. Como assim? Que sonhos são esses? Calma…depois você vai descobrir tudo!

                           ***

O som da sirene tocando significava o agito das crianças voltando para suas salas. Mas Dave organizava sua lancheira de super herói calmamente, e sempre deixava em seus pequenos lábios cor-de-rosa, um sorriso otimista. Aquilo se repetia todos os dias, o garoto era muito solitário e não tinha nenhum amiguinho para brincar, conversar, ou dividir o seu lanche. Era sempre só Dave e…Dave! Não havia mais ninguém.

Enquanto caminhava até sua sala dando passos vagarosos, observava as outras crianças ao seu redor: elas pareciam tão felizes juntas, cada uma tinha o seu melhor amigo ou amiga…

E pensava:
“Será se algum dia eu vou ser como eles?”

Nesse momento um sentimento de tristeza tomou conta do seu âmago, e ele entrava em sua sala cabisbaixo e só presenciava as mesmas coisas de sempre: os meninos brincando de guerra de bolinhas de papel, e as meninas conversando. Apesar do intervalo já ter acabado, a diversão para eles ainda continuava. Era como se a alegria deles se renovasse a cada diálogo, a cada brincadeira…mas para Dave parecia sempre a mesma coisa. O mundo dos outros era colorido e cheio de vida, mas o seu mundo parecia ser um mundo em preto e branco, monótono e apático.

“Será que as coisas nunca vão mudar?”. Ele pensou enquanto abaixava a sua cabeça sobre a última carteira da classe. Sentado ali, ele não fazia outra coisa além de imaginar. Ele era pequeno e franzino, mas sua imaginação ia além das nuvens!

Em sua mente ele se imaginava com poucos amigos, Dave não queria muitos amigos, ele só queria que alguém acreditasse nele e em seu sonho. Somente isso. Não importava a quantidade, bastava apenas alguém que acreditasse nele. Ele desejava poucos amigos, poucos mas que verdadeiros. Mas o destino não se comprometia ao seu desejo. Sua solidão era como o oceano, infinita!

Passado alguns minutos, o barulho que ecoava na sala de aula transformou-se em uma serenidade calma e suave, enquanto aquela dotada de inteligência e sabedoria se apresentava no local, dando passos de ordem e disciplina. Calmamente ela colocou seus livros e pastas sobre a mesa, e caminhou em direção à lousa com o apagador em mãos. E lentamente foi apagando aquilo o que escrevera na aula anterior, antes dos alunos saírem para a alvoroçada do recreio. E quando terminou, virou-se para frente e deu a seguinte ordem aos alunos:
—Abram o livro de ciências na página 67, e quero que leiam o assunto que está lá. Logo após faremos uma atividade sobre.

Os alunos estavam com ar de “hesitantes”. Mas é lógico que eles não queriam ler o assunto do livro, e tão menos fazer a atividade. Mas eles não tinham escolha, e fizeram o que a professora ordenou.

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